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serra do amolar Empresário leva multa de R$ 9,6 milhões por incêndio no Pantanal Conforme a PMA, que aplicou a multa, imagens de satélite e dados de georeferenciamento detectaram o local exato onde o fogo começou 5 FEV 2024 • POR Neri Kaspary • 11h03
Incêndio começou em um baceiro, mas esta vegetação em chamas foi levada pela água e o fogo acabou se espalhando pela morraria   divulgação

Nota divulgada neta segunda-feira pela Polícia Militar Ambiental (PMA) informa que um empresário, proprietário da fazenda na qual começou o incêndio na região da Serra do Amolar, no Pantanal de Mato Grosso do Sul, foi multado administrativamente em R$ 9.672.525,00 pelos danos ambientais. 

“A PMA identificou através levantamentos técnicos, sistema de georreferenciamento, o ponto de ignição do incêndio, e correspondia ao empreendimento do empresário. Além disso, pelas análises de imagens de satélites, também foi constatado que o incêndio teve início no dia 27 de janeiro perdurando por mais quatro dias.”

Mas, apesar da informação de que o incêndio perdurou por mais quatro dias, até este domingo, nove dias depois do começo, ainda havia brigadistas e bombeiros trabalhando no combate às chamas. 

No final da tarde deste domingo (4), conforme informações do Instituto do Homem Pantaneiro (IHP), haviam em torno de cinco pontos de fumaça, mas possivelmente de troncos que continuavam queimando dias depois de a coluna de fogo passar pelos locais.

Imagens divulgadas pelo IHP mostram que até domingo (4) ainda havia focos de incêndio, que acabaram sendo controlados

A previsão do IHP era de que as equipes fizessem mais uma vistoria na manhã desta segunda-feira e depois disso retornassem a Corumbá, uma vez que a situação parecia estar sob controle.  

Conforme a PMA, “a extensão da área incendiada corresponde a 1.289,67 hectares”. O Governo estadual, porém, estima que a área destruída seja da ordem de 4 mil hectares. Já o IHP estima que tenham sido consumidos em torno de 2,4 mil hectares. 

O fogo, conforme o IHP, foi colocado em um baceiro (vegetação flutuante que pode aglomerar-se de tal forma que cria pequenas ilhas que impedem o acesso a corixos ao longo do rio Paraguai) ) no dia 27. Esse baceiro, porém, teria sido levado pela água e por isso o fogo acabou descendo pelo corixo e atingindo a região de morraria. 

O proprietário foi multado porque, segundo a PMA, teria colocado fogo intencionalmente nesta vegetação e não tomou o cuidado para que ficasse restrito àquele local.  Conforme o IHP, além da criação de gado, o proprietário multado tem uma espécie de pousada para receber turistas que visitam a região.

INCÊNCIOS FORA DE ÉPOCA

Janeiro e fevereiro normalmente são meses marcados por grande volume de chuvas e os riscos de incêndios no Pantanal são mínimos. Porém, por causa da escassez de chuvas provocado pelo El Niño, as precipitações na atual temporada de chuvas estão muito abaixo do normal. 

Conforme dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em janeiro foram registrados 369 focos no Pantanal de Mato Grosso do Sul e em Mato Grosso. No mesmo período de 2023 foram 103.  Em 2019 havia sido registrada situação parecida, quando foram constatados 542 no primeiro mês daquele ano. 

Pelo menos 18 militares dos bombeiros atuaram na região durante oito dias e nos últimos cinco tiveram apoio aéreo. Na semana passada chegaram a cair algumas pancadas de chuva na região, mas foram isoladas e somente alguns focos foram debelados. 

A Serra do Amolar é uma região grande biodiversidade e é formada por cerca de 80  quilômetros de morrarias que chegam a ter quase mil metros de altitude no meio da planíncie pantaneira. Só é possível chegar à região por avião ou por via fluvial, pelo Rio Paraguai.

Devido a várias particularidades, incluindo os seus elementos naturais, geográficos e ecológicos, a região tem potencial de abrigar espécies de plantas e animais que são de exclusividade da Serra do Amolar. Por ali, há interações de fatores geográficos, climáticos e ecológicos que criam ecossistemas particulares que não são encontrados em outras partes do Pantanal.

Além disso, trata-se de um território considerado uma barreira natural para o fluxo das águas, que se difere completamente de todo o restante do bioma. Ali existe uma variedade de terrenos e paisagens, áreas com características de Mata Atlântica, de Pantanal, de Amazônia, o que resulta na sua riqueza de biodiversidade.