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premiação Oscar consagra 'Oppenheimer' e Emma Stone como atriz; veja os vencedores Além do Oscar de melhor filme, o longa de Christopher Nolan levou outras seis estatuetas 11 MAR 2024 • POR FOLHAPRESS • 07h14

Foi sem grandes surpresas que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood consagrou "Oppenheimer" na noite deste domingo, no Dolby Theatre, em Los Angeles. Além do Oscar de melhor filme, o longa de Christopher Nolan levou outras seis estatuetas.

É uma concentração significativa, mas parcialmente estragada pela farra de "Pobres Criaturas" na ala técnica, em que levou direção de arte, figurino e cabelo e maquiagem, nas quais o drama sobre a bomba atômica também concorria.

O filme de Yorgos Lanthimos também garantiu o grande momento inesperado da noite, laureando Emma Stone em melhor atriz, em vez de Lily Gladstone, que parecia a favorita por "Assassinos da Lua das Flores", indicação com a qual fez história e se tornou a primeira atriz indígena americana na lista do Oscar.

"Oppenheimer" ainda levou os prêmios de direção, trilha sonora, montagem, fotografia, ator, para Cillian Murphy, e ator coadjuvante, para Robert Downey Jr. É uma vitória de peso, que vinha se consolidando há meses e faz o filme lembrar a potência da arma que retrata, isso depois de se firmar também como a terceira maior bilheteria do ano passado.

Por isso, não fosse a perspicácia da cerimônia, a festa deste ano cairia facilmente no marasmo. Para que ver se já sabemos há tempos que a biografia do físico Robert Oppenheimer levaria tudo? A Academia driblou o problema com mudanças na transmissão deste ano e ainda recebeu ajuda de uma bela porção de convidados que decidiram hiperpolitizar o show.

Também a seu favor, numa tentativa de voltar a ser um evento pop da televisão, após anos em queda livre de audiência, havia também o fato de dois dos filmes mais populares deste ciclo, "Barbie" e "Oppenheimer", estarem entre os mais indicados. Os produtores, porém, foram além.

Convocaram o popular Jimmy Kimmel para apresentar a cerimônia pela quarta vez e indicou canções originais que atraíram aos palcos estrelas pop, como Becky G e Billie Eilish, que aos 22 se firmou como a pessoa mais jovem a vencer duas estatuetas, por "What Was I Made For?", de "Barbie".

A breguice inerente a essas performances continuou, mas Ryan Gosling, pelo mesmo filme, mudou o que conhecemos como apresentações musicais no Oscar, com uma performance enérgica, cheia de sex appeal e divertidíssima.

Sem abandonar a pose de calhorda bonachão de seu personagem, fez de "I'm Just Ken" o auge da festa, pondo todos no auditório de pé para cantar em meio aos seus clones e a Slash e Wolfgang Van Halen.

Jogou contra as tentativas de restabelecer a audiência, no entanto, o atraso e as pausas comerciais longuíssimas da transmissão, que no Brasil, pela TNT e pela Max, ainda teve como problema a falta de sincronicidade com o que acontecia nos Estados Unidos.

Ana Furtado, apresentadora da noite e mais uma vez sem comentários muito pertinentes, admitiu que havia problemas técnicos que fizeram os brasileiros perder, por completo ou em partes, as categorias de curta e longa de animação.

Sem dar mais detalhes sobre o motivo, as falhas não são boa notícia para a Max, que acaba de ser lançada no Brasil e, desse jeito, não passa muita confiança para os novos assinantes.

De volta aos Estados Unidos, a Academia buscou ainda inspiração em edições bem sucedidas do passado, como a que aconteceu há 15 anos.

Em 2009, antigos vitoriosos apresentaram, em conjunto, os indicados nas categorias de atuação, o que se repetiu agora, aumentando a carga de emoção. Emma Stone, visivelmente chocada, mal sabia o que dizer quando foi ao palco.

"Assassinos da Lua das Flores", em especial com Lily Glastone na dianteira, parecia uma aposta certeira quando a corrida começou, nesta primeira edição do prêmio sob um novo conjunto de regras que visa aumentar a diversidade. Com seu mea-culpa sobre o massacre de indígenas, parecia alinhado com os novos ventos que sopram sobre Hollywood.

Por mais que este tenha sido um Oscar mais pop, porém, foi também um que reforçou sutilmente o status quo, com uma biografia classuda, dominada por homens brancos como "Oppenheimer", premiada.

Na seção de coadjuvantes, por sua vez, Da’Vine Joy Randolph confirmou o favoritismo por "Os Rejeitados". Roteiro original, também, não fugiu do esperado. O casal francês Justine Triet e Arthur Harari voltam para seu país com duas estatuetas na bagagem, pela parceria na escrita de "Anatomia de uma Queda". Em roteiro adaptado, "Ficção Americana" teve sua única vitória.

O prêmio internacional foi para "Zona de Interesse", numa primeira vitória do Reino Unido na categoria —o inglês desqualifica obras para ela, mas o vitorioso é falado em alemão. O discurso de agradecimento foi o momento mais forte da noite, com seus produtores pedindo um fim ao conflito na Faixa de Gaza.

Judeu, o diretor Jonathan Glazer disse rejeitar "o judaísmo e o Holocausto sendo sequestrados por uma ocupação, que levou o conflito para muitos inocentes, sejam os israelenses vítimas do 7 de outubro ou [os palestinos] do ataque em Gaza". Seu longa ainda venceu melhor som em cima do favorito, "Oppenheimer".

Menções ao conflito entre israelenses e palestinos também apareceram em broches com um símbolo que pedia cessar-fogo, abotoados a peças vestidas por Ramy Youssef e Billie Eilish, entre outros. Nos arredores do Dolby Theatre, protestos pró-Palestina também precisaram ser seguidos de perto pela polícia.

Já a Guerra da Ucrânia se refletiu na vitória de "20 Dias em Mariupol", em documentário. "Este é o primeiro Oscar para a Ucrânia, e eu amo isso, mas vou ser o primeiro diretor a dizer, neste palco, que eu gostaria de nunca ter feito esse filme. Eu gostaria de trocar este prêmio por uma realidade em que a Rússia nunca tivesse atacado a Ucrânica", disse o diretor Mstyslav Chernov, que ainda pediu que prisioneiros sejam libertados.

Alexei Navalni, opositor de Putin que morreu no mês passado numa prisão russa, também foi lembrado num trecho do documentário que leva seu nome, vitorioso no ano passado, acompanhado pelos dizeres "a única coisa necessária para o triunfo do mal é que pessoas boas não façam nada".

Entre os curtas, "A Incrível História de Henry Sugar" venceu como melhor no formato, e "A Última Loja de Consertos" e "War Is Over!", como documentário e animação, respectivamente. A lista ficou completa com os japoneses de "Godzilla Minus One" e de "O Menino e a Garça" em efeitos especiais e animação, nesta ordem.

Para encerrar a noite, Jimmy Kimmel ainda aumentou a voltagem política lendo uma publicação do ex-presidente Donald Trump criticando o seu trabalho no Oscar. "Já não passou da hora de você ser preso?", questionou o apresentador, sob uma enxurrada de aplausos de uma indústria majoritariamente democrata.

Confira, abaixo, a lista de vencedores do Oscar 2024.

*Melhor filme*

*Melhor atriz*

*Melhor direção*

*Melhor ator*

*Melhor canção original*

*Melhor trilha sonora*

*Melhor som*

*Melhor curta-metragem*

*Melhor fotografia*

*Melhor documentário*

*Melhor documentário em curta-metragem*

*Melhor montagem*

*Melhores efeitos visuais*

*Melhor ator coadjuvante*

*Melhor filme internacional*

*Melhor figurino*

*Melhor direção de arte*

*Melhor maquiagem e cabelo*

*Melhor roteiro adaptado*

*Melhor roteiro original*

*Melhor animação*

*Melhor curta de animação*

*Melhor atriz coadjuvante*