Pela primeira vez, a safra de cana-de-açúcar ultrapassou a marca de 50,5 milhões de toneladas, produzindo 2,1 milhão de toneladas de açúcar e 3,7 bilhões de litros de etanol, quantidade recorde em Mato Grosso do Sul.
O desempenho é 17% superior ao ciclo passado, e coloca o Estado como o 4º maior produtor de cana-de-açúcar do Brasil; 4º maior produtor de etanol; 5º maior produtor de açúcar e 4º maior exportador de bioeletricidade para o Sistema Interligado Nacional (SIN). Os dados são da Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul).
Hoje 19 unidades estão em operação, todas produtoras de etanol hidratado; 12 produtoras de anidro, duas produtoras de etanol a partir do milho e 10 produtoras de açúcar. Todas as plantas cogeram bioeletricidade no montante de 2 milhões de MWh de abril a dezembro e 12 exportam o excedente para a rede nacional de energia elétrica.
Até o final de fevereiro 650 mil hectares já haviam sido colhidos dos mais de 800 mil hectares plantados na safra. De acordo com o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) Jaime Verruck, a cadeia produtiva é hoje um exemplo em sustentabilidade e inovação.
"Além do aproveitamento de biomassa que gera energia que abastece as plantas e ainda é vendida para o sistema nacional, o setor se prepara para um novo salto em tecnologia com a entrada em operação de uma planta de etanol de segunda geração e biometano", salientou na manhã desta terça-feira (12), durante o lançamento pela Famasul e pelo Biosul a campanha “Movido Pelo Agro - Etanol”, com o objetivo de incentivar o consumo de etanol em veículos flex.
O intuito é valorizar a produção estadual de cana-de-açúcar e milho, matérias-primas do etanol, e reduzir os impactos ambientais. O mês de março foi escolhido para a abertura da campanha porque é quando se comemora os 21 anos de carros flex disponíveis no Brasil.
O etanol é um biocombustível limpo e renovável capaz de reduzir até 90% os gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO2), quando comparado à gasolina, e pode ajudar no cumprimento de compromissos climáticos, firmados pelo Brasil e pelo Governo de Mato Grosso do Sul, de reduzir as emissões de carbono na atmosfera.
Ao falar da importância da campanha, o presidente da Biosul, Amaury Pakelman, lembrou que o setor sucroenergético está presente em mais de 40 municípios do Estado, é responsável por cerca de 30 mil empregos, gera renda e promove o desenvolvimento local.
Ressaltando a importância da política de incentivos do Governo do Estado ao setor sucroenergético, o presidente da Biosul destacou a parceria com a administração estadual.
"A campanha é um marco para nós produtores locais. Um marco para a sociedade como um todo, que, através do esforço em comunicação setorial e ações como essa que celebramos hoje, fruto de parceria entre entidades do setor produtivo, passa a ter cada vez mais acesso à informação qualificada a respeito do etanol brasileiro. Importante dizer que esse resultado também é fruto do esforço do Governo do Estado, em reconhecer e manter o diferencial de alíquota modal para biocombustíveis frente aos combustíveis fósseis, proporcionando ainda mais competitividade ao etanol nas bombas, agregando ao biocombustível verde o benefício econômico para o bolso do consumidor. Medida que vai ao encontro das políticas públicas como MS Carbono Neutro e que claramente precisa ser mantida", argumentou.
Força nacional
O secretário Jaime Verruck salienta que Mato Grosso do Sul já faz parte do cenário nacional com usinas que investem em tecnologia. "Temos bilhões de investimentos no Estado no fortalecimento da produção, na irrigação de cana, etanol de segunda geração e etanol de milho. Ou seja, o grande desafio agora é o SAF (combustível de aviação)", acrescentou.
O secretário lembra que a busca de novos biocombustíveis como o biometano e o hidrogênio verde também avançam.
"A Adecoagro já anunciou a duplicação da produção de biometano no Estado. Então temos todo um trabalho a ser desenvolvido. Estamos terminando um estudo para fazer a transição energética, 92% do que produzimos é renovável. Além disso o Estado tem a maior participação de biomassa na sua matriz energética. Por isso queremos incluir a biomassa na Lei do Hidrogênio Verde. Estamos pedindo uma mudança na lei para que seja incluída a energia de biomassa. Este setor na verdade é estratégico, está no momento certo e tem todas a condições de atender todos os requisitos nacionais e internacionais de carbono", finalizou.
A produção de etanol a partir da cana e do milho atingiu 3,7 bilhões de litros e ultrapassou o recorde de produção registrado na safra anterior. Somente de milho, a safra de etanol 2022/2023 teve uma produção de 714,5 milhões de litros de etanol.
Para a safra 2023/2024, há uma expectativa de aumento de 34% na produção, alcançando 960 milhões de litros. Esse crescimento ocorre por conta da chegada de grandes agroindústrias no estado, como as de Dourados, Sidrolândia e Maracaju.