O governo federal e o governo de Mato Grosso do Sul têm a meta de estar com a Rota Bioceânica em pleno funcionamento até o fim de 2026. A declaração é do chefe do Executivo de MS, Eduardo Riedel (PSDB), e foi dada em conjunto com a ministra do Planejamento, Simone Tebet, e com o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, na manhã de ontem, em Porto Murtinho, durante evento de lançamento da obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para a edificação do acesso à ponte sobre o Rio Paraguai, que está em construção há quase dois anos.
Esse acesso custará R$ 472 milhões e conectará a ponte sobre o Rio Paraguai, que está em obras por valor semelhante (quase R$ 500 milhões), à BR-262. A expectativa é de que a construção dessa alça comece em julho ou agosto, conforme informou na semana passada o titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck.
Atualmente, a empresa que venceu a licitação ainda está elaborando o projeto executivo, uma vez que o certame foi realizado em um regime diferenciado de licitação.
Já a ponte que ligará Porto Murtinho, em MS, a Carmelo Peralta, no Paraguai, está com o cronograma atrasado. As obras do lado brasileiro ficaram praticamente paradas durante três meses e foram retomadas recentemente.
Essa construção foi interrompida pela Receita Federal, que embargou a entrada de materiais vindos do Paraguai por falta de documentação que comprovasse o recolhimento dos tributos de importação.
“Até o fim de 2026, a Rota Bioceânica deve estar operacional. É com essa meta que a gente está trabalhando, tanto o governo do Estado quanto o governo federal. Não estamos medindo esforços para alcançá-la”, disse ontem o governador Eduardo Riedel ao lado de Simone Tebet e do ministro Waldez Góes.
Na ocasião, Riedel aproveitou a oportunidade para reconhecer o apoio dado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao Estado. “Nosso agradecimento por esse olhar sensível a Mato Grosso do Sul”, elogiou.
Segundo Riedel, além dos mais de R$ 470 milhões para a ponte, assim que ele tomou posse, também houve a alocação do governo federal de mais de R$ 1 bilhão em outras obras, incluindo melhorias em trechos da BR-267 – a principal via de acesso à Rota Bioceânica –
e ainda na BR-262, perto de Três Lagoas. “Isso é fundamental para um estado que cresce quase 6% ao ano”, complementou.
A ministra Simone Tebet afirmou que a obra é importante não apenas para a cidade de Porto Murtinho, onde ela estava ontem, mas a Mato Grosso do Sul, ao Brasil e para os países vizinhos.
“Os produtos da China tendem a chegar mais rápido, e a produção de MS, do sul de Mato Grosso, do Paraná, do interior de Goiás e de São Paulo, tende a chegar mais rápido na Ásia”, ressaltou a titular da Pasta do Planejamento.
Simone Tebet também afirmou que é um desejo dela e de sua equipe levar o presidente Lula ainda neste ano ao Estado, a fim de que ele visite o canteiro de obras.
A Rota
A Rota Bioceânica é um corredor rodoviário com extensão de 2.396 km que ligará os dois maiores oceanos do planeta, o Atlântico e o Pacífico, partindo do Brasil e chegando aos portos de Antofagasta e Iquique, no Chile, além de passar pelo Paraguai e pela Argentina.
O projeto da rota, que começou a ser debatido em 2014 e que teve início em 2017, tem a promessa de ampliar a relação comercial do Estado com países asiáticos e sul-americanos.
A ideia é de que o corredor rodoviário entre Brasil, Paraguai, Argentina e Chile interligue o Pacífico e o Atlântico ao mundo. Conforme estudo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS),
os custos para o envio da produção sul-mato-grossense serão reduzidos, além do tempo de viagem, que será encurtado em até 17 dias rumo ao mercado asiático.
A Rota Bioceânica, conforme os mais otimistas, terá potencial de movimentar US$ 1,5 bilhão por ano em exportações de carnes, açúcar, farelo de soja e couros para os outros países por onde passará.
Do lado paraguaio, as obras também estão em andamento. O primeiro tramo de pavimentação, entre Carmelo Peralta e Marechal Estigarribia, está perto de sua conclusão. Já o segundo, entre Estigarribia e a fronteira com a Argentina, de mais de 220 km de extensão, deve ter os trabalhos começados em abril. Nesse mesmo mês terá início o acesso à ponte do lado paraguaio, em Carmelo Peralta.
SAIBA
Quando concluídas a ponte sobre o Rio Paraguai e a pavimentação no chaco paraguaio, a rota estará 100% pronta e terá 2,3 mil km. (Colaboraram Neri Kaspary e Silvio Andrade)