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Dono de bar diz que Porsche que dirigia quando matou motoentregador pertence ao pai dele

Arthur Navarro, proprietário do Bada Bar, revela à polícia que só percebeu a gravidade do acidente 10 dias depois, quando a vítima morreu

9 ABR 2024 • POR Suelen Morales • 17h22
Motorista de Porsche que matou motoentregador diz que não percebeu gravidade do acidente.   Divulgação

O empresário Arthur Torres Rodrigues Navarro, de 34 anos, que dirigia o veículo Porsche Cayenne envolvido no atropelamento e morte do motoentregador Hudson Ferreira, de 39 anos, em Campo Grande, relatou em depoimento à polícia que o carro de luxo, avaliado em R$1,2 milhão, é de propriedade de seu pai.

Durante o interrogatório, 15 dias após a morte do motoentregador, o empresário explicou à polícia que o veículo envolvido no incidente é de propriedade de seu pai e foi levado para conserto por seu irmão, com quem divide o carro. Ele se diz arrependido pelo ocorrido e se comprometeu a cooperar com as autoridades.

Navarro também afirmou que só compreendeu a gravidade do acidente, mesmo estando em alta velocidade, 10 dias após o incidente, ocorrido no dia 22 de março, quando soube da morte do motociclista, registrada dois dias depois, 24 de março, no Hospital da Santa Casa.

Sobre o dia do acidente, o empresário relatou à polícia que permaneceu em seu bar até cerca das 20h, momento em que recebeu uma ligação de sua esposa, que está grávida, o que o levou a dirigir com pressa para casa. Vale ressaltar que no depoimento ele não estava com seu celular para confirmar o registro da ligação.

Divulgação/câmeras de segurança

Foi durante este trajeto que o empresário afirmou que observou um motociclista atravessar todas as faixas em frente ao prédio, mas que conseguiu se desviar do mesmo e por isso acreditou não ter encostado no motociclista.

No entanto, no dia seguinte ao acidente, um de seus funcionários que estava no banco carona do Porsche informou ao empresário que ele havia atropelado um motociclista. Mesmo assim, Navarro só se apresentou à 3ª Delegacia de Polícia Civil em 5 de abril, 15 dias após o acidente.

Confira o vídeo do Porsche em alta velocidade:


Ainda segundo o depoimento, Navarro revela que percebeu uma pequena avaria no para-lama dianteiro esquerdo, mas pensou que não havia ocorrido nenhum dano ao motociclista. Só depois é que teve conhecimento de seu falecimento e associou ao acidente mencionado por seu funcionário.

A reportagem apurou que o carro de luxo da série Cayenne está registrado em nome do pai de Arthur, José Navarro Rodrigues, e possui placas de Belo Horizonte (MG). A família Navarro possui negócios em diversos estados brasileiros, incluindo Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, São Paulo, Pará e Acre.

Em Campo Grande, Arthur Navarro é proprietário do Bada Bar e detém participação em 5 CNPJ, com 2 ativos, 4 do tipo matriz e 1 do tipo filial, totalizando um capital social de aproximadamente R$ 800.000,00. Atualmente, Arthur conta com 13 sócios em outras empresas cadastradas no CNPJ.

Reincidente em acidente de trânsito

Conforme noticiado anteriormente pelo Correio do Estado, Arthur Navarro já enfrenta um processo judicial por um acidente de trânsito anterior envolvendo um motociclista. Desde 2017, ele é alvo de um pedido de indenização por incapacitar um idoso de 74 anos, decorrente de um acidente ocorrido em agosto de 2014.

Arquivo/processo

O caso aconteceu no cruzamento das avenidas Bom Pastor e Coronel Porto Carreiro, onde Arthur, então com 23 anos, dirigia um Fiat Uno pertencente à empresa onde trabalhava como engenheiro, e colidiu com a moto do idoso, causando-lhe sérias lesões.

Na colisão, o empresário não respeitou a placa de 'Pare' e atingiu o motociclista, que sofreu fraturas no braço e na perna esquerda. Após meses de tratamento, cirurgias e fisioterapia, as lesões resultaram em consequências irreversíveis, levando o homem a perder a capacidade de trabalho.

O processo movido pela defesa do motociclista exige o pagamento de danos morais, estéticos e uma pensão para a vítima, que afirma ter perdido o emprego devido ao acidente. A defesa de Arthur alegou falta de sinalização no local do acidente para se eximir da culpa.

Apesar dos anos de tramitação, o processo ainda aguarda análise de segundo grau no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, sem avanços significativos. A defesa da vítima solicitou uma perícia para comprovar os danos causados pelo acidente, mas ela não foi autorizada. O caso continua em análise pela 3ª Câmara Cível do TJMS.

O advogado de defesa de Arthur Navarro disse em nota que, “o caso é antigo e em nada se relaciona com o acidente de trânsito atual. Defesa já foi apresentada e nada ainda foi decidido pelo Judiciário. Ou seja, responsabilidade pelo primeiro evento também não está definida. Devemos aguardar com serenidade a conclusão do processo”, afirma o advoagdo,André Borges.


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