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IGUALDADE DE GÊNERO

Maternidade é vista de forma negativa no trabalho por 86% das mulheres

Apesar de avanços, peso da criação dos filhos sobrecai sobre as mulheres

10 MAI 2024 • POR Mariana Piell • 17h30
Apesar de avanços, peso da criação dos filhos sobrecai sobre as mulheres   Gerson Oliveira/ Correio do Estado

Uma pesquisa conduzida pelo Infojobs, líder em tecnologia para RH, trouxe à luz uma realidade preocupante: a percepção negativa em relação à maternidade persiste para a maioria das mulheres no mercado de trabalho. Segundo o levantamento, 86% das entrevistadas relataram sentir que o tema da maternidade é frequentemente visto de maneira desfavorável no ambiente profissional.

A pesquisa, realizada entre fevereiro e março de 2024, contou com a participação de 742 mulheres, com idades entre 18 e 60 anos. Os resultados revelaram que para 87% delas, a ampliação da licença paternidade e o envolvimento das figuras masculinas na responsabilidade com os filhos emergem como passos cruciais para combater esse preconceito enraizado.

Ana Paula Prado, CEO do Infojobs, destaca a urgência de mudanças estruturais e culturais para promover um ambiente de trabalho mais inclusivo e igualitário.

"Os dados evidenciam a necessidade de adaptações tanto nas políticas corporativas quanto nas mentalidades culturais. A maternidade não deve ser vista como um fator limitante para o crescimento profissional das mulheres", ressalta.

A pesquisa também apontou que, dentro da amostra, 52% são mães ou responsáveis pelos cuidados de alguma criança. Dessas, 74% relataram ter deixado ou considerado deixar o trabalho para cuidar dos filhos.

"Isso reflete não apenas a falta de apoio e flexibilidade por parte das empresas, mas também a persistência de barreiras que dificultam a conciliação entre vida profissional e familiar"

Outro dado alarmante é que 41% das mulheres admitiram ter receio de contar ao superior sobre a gravidez, enquanto 43% afirmaram ter sofrido algum tipo de preconceito ou descredibilização durante ou após a gestação.

Prado enfatiza a importância de uma cultura organizacional inclusiva e do papel das lideranças femininas que são mães como agentes de mudança.

"A persistência de estereótipos de gênero e o preconceito no local de trabalho são evidenciados por esses dados, reforçando a urgência de implementar políticas claras e fornecer treinamento para conscientizar os colaboradores sobre os direitos das mães no ambiente de trabalho", conclui.

Esses resultados destacam a necessidade de uma abordagem proativa para garantir ambientes de trabalho que valorizem a diversidade e promovam a igualdade de oportunidades, independentemente do papel das pessoas nas formações familiares.