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cartão vermelho

Gaeco aponta desvio de R$ 6 milhões na Federação de Futebol

Durante o cumprimento de sete mandados de prisão e 14 de busca e apreensão, os investigadores aprenderam mais de R$ 800 mil nesta terça-feira (21)

21 MAI 2024 • POR Neri Kaspary e Naiara Camargo • 08h47
Mais de R$ 800 mil, supostamente resultado do esquema de corrupção, foram apreendidos na operação desta terça-feira   divulgação Gaeco

Entre setembro de 2018 e fevereiro de 2023, os desvios na Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS) superaram a casa dos R$ 6 milhões. A conclusão é dos investigadores do Ministério Público que nesta terça-feira estão nas ruas para prender sete pessoas ligadas à Federação e 14 mandados de busca e apreensão em Campo Grande, Dourados e Três Lagoas. 
 

Neste período, os alvos da operação “Cartão Vermelho” fizeram mais de 1,2 mil saques, todas de até R$ 5 mil, para embolsar o dinheiro sem deixar evidências da suposta corrupção. Só nesta modalidade foram desviados, segundo o Gaeco, mais de R$ 3 milhões.
 

Parte deste dinheiro, em torno de R$ 800 mil, foi apreendido pelos policiais e promotores nesta terça-feira. O principal alvo da operação é o presidente da Federação, Francisco Cezário, que comanda a instituição desde 1998. Ele chegou a deixar o caro para comandar a prefeitura de Rio Negro, mas mesmo assim ditava as normas no futebol estadual. 
 

De acordo com nota do Gaeco, “a Operação Cartão Vermelho, tem o intuito de desbaratar organização criminosa voltada à prática de peculato e demais delitos correlatos” na Federação. 
 

Para reduzir o volume, envolvidos no esquema faziam questão de sacar notas de R$ 200,.00

As investigações se estenderam durante 20 meses e, segundo o Gaeco, “foi constatado que se instalou, na Federação, uma organização criminosa, cujo principal objetivo era desviar valores, sejam provenientes do Estado de Mato Grosso do Sul ou mesmo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), em benefício próprio e de terceiros”. 
 

A organização criminosa também possuía um esquema de desvio de diárias dos hotéis pagos pelo governo estadual em jogos do Campeonato Estadual de Futebol. Só no ano passado a Fundesporte repassou pouco mais de R$ 1,35 milhão para a Federação. 
 

Esse esquema de peculato estendia-se a outros estabelecimentos, todos recebedores de altas quantias da Federação. A prática consistia em devolver para os integrantes do esquema parte dos valores cobrados naquelas contratações (seja de serviços ou de produtos) efetuadas pela Federação.
 

Além de Policiais Militares, a operação desta terça-feira contou também com a participação de representantes da Comissão de Defesa e Assistência das Prerrogativas dos Advogados de Seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil, indicando que advogados estão na mira dos investigadores.
 

A nota do Gaeco não informou o nome das pessoas que foram alvos dos mandados de prisão.  Porém, a casa do presidente, Francisco Cezário, foi alvo da operação Cartão Vermelho.