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Apelo Mães de crianças com deficiência denunciam falta de fraldas e alimentação especial Crianças com baixa mobilidade que necessitam de dieta especial, fraldas, não estão recebendo insumos da Prefeitura de Campo Grande 17 JUN 2024 • POR Laura Brasil • 17h30
Em audiência sobre saúde mental, mães de crianças com baixa mobilidade protestaram e foram ouvidas na Câmara Municipal de Campo Grande   Paulo Victor

Mães de crianças com deficiência compareceram à audiência pública na Câmara Municipal de Campo Grande, para denunciar que mesmo com liminar, os filhos não estão recebendo a dieta adequada e fraldas. Além disso, falta de profissionais para atender as crianças nas escolas que não estão perdendo aulas. 

Após irem até a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), na manhã desta segunda-feira (17), buscaram uma reunião com a médica Rosana Leite - titular da pasta e não terem sido recebidas, decidiram ir protestar na Câmara Municipal.

"Pediram para a gente aguardar. Esperamos por cerca de 40 minutos e [decidimos] ir até a Câmara, pois estava tendo audiência e poderíamos ser ouvidas", explicou Elisangela. 

A Comissão Permanente de Políticas e Direitos das Mulheres, de Cidadania e de Direitos Humanos na Câmara Municipal, estava promovendo o debate sobre saúde mental dos jovens quando as mães começaram o manifesto e foram convidadas a compartilhar suas demandas. 

A mãe Elisangela Silva de Souza, de 41 anos, mãe de um menino de 8 anos com quadro de cardiopatia e paralisia cerebral, e uma menina de 3 anos, relatou que os filhos precisam de leite especial. 

"Não está sendo cumprida [por parde do município] essas liminares de fralda e de dieta. No caso do meu filho, ele tem cardiopatia complexa, faz uso de marcapasso e tem paralisia cerebral. Existe uma liminar que obriga o município a fornecer a fralda e o leite do meu filho. São dois processos e não está sendo cumprido. Não está sendo fornecido no Cem esse leite, e essa dieta. A nossa briga é essa para que a prefeita cumpra com a liminar e faça valer o direito das nossas crianças", explicou Elisangela.

O quadro de saúde do filho de Elisangela inspira cuidados já que possui imunidade baixa, tendo inclusive na semana anterior passado por uma internação. A alimentação especial precisa de reforço na proteína não pode conter qualquer componente do leite. A filha dela, também nasceu APLV, ou seja, com alergia a proteína do leite de vaca. 

"Ele tem alergia ao leite e como tem problema cardíaco o coração dele bate mais acelerado. Então, mesmo parado, ele perde calorias. Esse leite [especial] supre a perda. Ele tem alergia de tudo,  a gente fica com medo, dependendo da alimentação que fizermos pode até matar", disse Elisangela ressaltando a importância da dieta adequada.

Invisibilidade

A mãe, Lili Daiane, em sua fala na Câmara, ao representar as mães, relatou que as famílias de crianças com limitações físicas são a "exclusão da exclusão". 

"Ninguém quer ver pessoas com deficiência na rua, não quer, se quisesse todo lugar teria fácil acesso, tinha vaga reservada, as escolas estariam preparadas, a Secretaria de Saúde estaria preparada. Todos os dias a gente acorda e pensa se nosso filho vai chegar ao final do dia. É uma preocupação que as outras mães não têm. Toda mãe tem medo de perder o filho, só que a gente tem esse medo constante", disse Lili Daiane. 

Durante a fala, Lili Daiane, denunciou a morosidade no processo de licitação, segundo ela, o pagamento por parte do município é feito para compra dos insumos, entretanto a empresa não entrega. O que gera a demora na entrega das fraldas e a alimentação especial que contempla a necessidade das crianças com deficiência.

"Recentemente tive que ir ao CRAS porque fui notificada por falta escolar e ninguém pergunta o motivo das faltas. Por ele não ir à escola, muitas vezes por alimentação inadequada, como ele está agora com intestino péssimo porque não estou recebendo a alimentação de alto custo que ele precisa, muitas vezes não tenho a fralda adequada para mandá-lo para a escola, porque não tem ninguém lá que consiga atender e ficar trocando toda hora", pontuou Lili Daiane e complementou:

Na escola, Lili relatou aos vereadores que o diretor chegou a consultá-la se não poderia ficar com o filho no estabelecimento educacional para prestar atendimento ao filho.

"A Secretaria de Saúde me enrola há dois anos para fazer a sonda nele, é um procedimento que uma criança de oito anos, com deficiência intelectual e cognitiva, está sendo responsável por fazer por ele mesmo na escola, isso acarreta várias e várias internações. Fomos descartados na Secretaria de Saúde, fomos tratadas com desprezo".

A convite dos vereadores componentes da Comissão, as mães irão participar da sessão desta terça-feira (18), para relatar a situação na Casa de Leis e irão solicitar que a demanda seja encaminhada a Prefeitura Municipal.

Outro lado

A reportagem questionou a Sesau acerca da falta de insumos que por meio de nota respondeu que estão passando por processos em fase final para adquirir tanto fraldas quanto a alimentação especial. Veja a nota na íntegra:

"A Sesau informa que possui dois processos em fase de finalização para aquisição de fraldas e fórmulas infantis. Contudo, para podermos responder com maior precisão sobre estes os casos desses pacientes, é necessário que nos encaminhe o nome completo e cartão SUS, uma vez que o fornecimento destes insumos não é preconizado pelo SUS, sendo feito o atendimento de quem possui decisões judiciais".

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