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Ex-servidor liga PCC ao "esquema" de corrupção na prefeitura de Sidrolândia Quando estava preso, Tiago Basso chegou a ser ameaçado por "Frescura" quando sugeriu que iria contar tudo ao MPMS 18 JUN 2024 • POR Daniel Pedra • 08h00
O ex-servidor municipal Tiago Basso durante os depoimentos prestados ao Gecoc e Gaeco   Foto: Reprodução

Em delação premiada aos promotores de Justiça do Grupo Especial de Combate à Corrupção (Gecoc) e do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) sobre a suposta estrutura criminosa que seria comandado pelo vereador licenciado Claudinho Serra (PSDB) na prefeitura de Sidrolândia, o ex-servidor municipal de Sidrolândia, Tiago Basso da Silva, apontou o envolvimento da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) com o esquema.

Em um dos seus depoimentos prestados aos promotores de Justiça Adriano Lobo Viana de Resende e Bianka Machado Arruda Mendes, do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), Tiago Basso contou que, quando ele foi preso com o Ueverton da Silva Macedo, o “Frescura”, e Roberto Valenzuela no Presídio de Trânsito em Campo Grande, em julho de 2023, percebeu que o PCC estaria envolvido na estrutura criminosa.

“Nós três ficamos no corró {gíria para o local onde os presos recém chegados ficam}, na sexta-feira, no sábado, no domingo e, na segunda-feira, a gente já foi transferido para a mesma cela, a cela 8 do presídio. Então, nós ficamos juntos na mesma cela e todo mundo na época ficou abismado lá, porque geralmente as pessoas não saem do corró com menos de 10 dias”, contou, citando que tinham detentos no corró há mais de 14 dias e eles ficaram só três dias.

Na cela 8, o ex-servidor disse que conversava muito sobre a “Operação Trumper” e o “Frescura” falou para ele ficar tranquilo, que eles iriam sair em 15 dias no máximo. “Mas, quando eu vi que realmente não era isso, que a coisa era bem mais séria do que eles me falavam, questionei o Frescura sobre a possibilidade de eu fazer, de nós fazermos, uma delação premiada. Ele ficou alterado e no dia não quis mais conversar comigo”, revelou.

Tiago Basso explicou que “Frescura” só falou com ele dois dias depois. “No domingo, ele me chamou para conversar. Aí a gente foi caminhando pela quadra, só nós dois conversando, ele falou: ó, vou ser bem honesto com você, se você tomar a decisão de fazer uma delação premiada, você pode ter certeza que antes da minha mãe chorar, a mãe que vai chorar vai ser a sua”, recordou a ameaça feita.

 O ex-servidor pediu para falar com o seu advogado e ele lhe aconselhou a tentar se afastar do “Frescura”, conversando o mínimo possível até sair do presídio.

“Porque dava para ver a ligação que ele tinha com os presos lá, o contato que ele tinha com os presos, todo mundo conhecia ele lá dentro. Todo mundo tinha um vínculo de amizade ou de favor que devia pra ele ir lá. E o presídio que a gente ficou era uma unidade faccionada do PCC, o PCC comanda ali, aquela unidade. Então dava para ver que ele tinha muito contato com aquelas pessoas ali e aquilo me deixou atônito na época e falei para o meu advogado que não queria mais conversar, não queria mais nada, que queria só ficar no meu canto”, afirmou.


Tiago Basso revelou ainda que, quando eles ficaram sabendo que ele estava pensando em fazer a delação premiada, o seu advogado foi procurado por um advogado chamado Douglas Matos. “Ele foi até o presídio e mandaram eu falar com ele, sendo que o Frescura foi junto comigo. Ele não chamou só eu para conversar, ele chamou o Frescura junto, então entrou nós dois na sala junto para conversar”, lembrou.

Ainda conforme o delator, Frescura teria sido bem direto com o advogado. “Ele falou diretamente ao advogado: eu só quero saber se o senhor veio falar em delação premiada. O advogado disse que não, nem pensar em delação premiada. O Frescura disse que era para eu ficar tranquilo, que o meu pagamento seria por parte deles. Inclusive, disse que a minha família lá fora, enquanto eu estivesse preso, eles iriam cuidar”, ressaltou.

R$ 100 mil - Este era o montante movimentado por mês

O esquema de corrupção na prefeitura de Sidrolândia controlado pelo vereador licenciado Claudinho Serra (PSDB) faturava essa quantia por mês e mais gastos pessoais dos envolvidos que eram quitados com notas frias pagas pelo Excetivo municipal. O dinheiro vinha de contratos fechados com o município, segundo a delação do ex-servidor Tiago Basso e descobertos pela “Operação Tromper”, deflagrada pelo Gecoc e Gaeco.