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CAOS

Fumaça de incêndio no Pantanal deve impactar pelo menos 9 municípios em MS

Pantanal está sofrendo com pior incêndio da história e situação pode piorar, pois os focos costumam aumentar no inverno, quando há estiagem

19 JUN 2024 • POR Alicia Miyashiro • 18h00
Nuvem de fumaça deve causar consequências a pelo menos 9 municípios em MS   IHP

Devido a uma nuvem de fumaça causada pela grande quantidade de incêndio no Pantanal sul-mato-grossense, cerca de 9 municípios poderão sofrer com as consequências no ambiente atmosférico, que deve ter uma asfixia do ar, e em razão disso, diminuir o oxigênio. 

Entre os municípios estão: Porto Murtinho, Caracol, Miranda, Bodoquena, Bonito, Jardim, Nioaque, Aquidauana e Corumbá. O meteorologista, Vinicius Sperling da Cemtec, explicou ao Correio do Estado que a piora da situação, se dá devido a soma dos fatores, do chamado “Regra dos 30”, que consiste em:

30 dias sem chuva Umidade abaixo de 30% Ventos acima de 30km Temperaturas acima de 30°C

“Quando você tem essa combinação dos 'trintas', aliado à condição climática de longo prazo, o ambiente atmosférico fica ideal para queimar”, ressaltou.

De acordo com Sperling, a condição climática de longo prazo são as faltas de chuva desde novembro de 2023. Por fim, o meteorologista alerta para que não coloquem fogo nas matas.

Nuvem de fumaça deve causar consequências a pelo menos 9 municípios
Queimadas

Em matéria publicada, o Secretário Extraordinário de Controle de Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do Ministério do Meio Ambiente (MMA), André Lima, alerta que as causas dos incêndios não são por geração espontânea, e a maioria pela prática criminosa de ateamento de fogo no bioma. Até o dia 16 de junho deste ano, 486,4 mil hectares já foram devastados na região.

Sobre a logística e investimentos do governo federal no combate as chamas no Pantanal, Lima explicou que os recursos devem vir do Ministério da Defesa, porém, o mesmo, está empenhado em outras duas frentes, enviar recursos para o povo do Rio Grande do Sul devido as enchentes, e no combate ao garimpo ilegal nas terras yanomami, na Amazônia.

De acordo com dados do Laboratório de Aplicação de Satélites Ambientais (Lasa), do departamento de meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), até o dia 16 de junho deste ano já foram consumidos pelo fogo no Pantanal 486.425 hectares do bioma, valor que já representa quase o dobro do que foi devastado no mesmo período de 2020, ano em que o bioma registrou a pior queimada da história. 

Naquele ano, até o dia 16 de junho, foram consumidos 247.400 hectares, o que representa, que neste ano, o aumento é de 96,6% na área devastada. Em todo 2020 foram destruídos 3.632.675 hectares do bioma.

Combate

Atualmente o efetivo do Corpo de Bombeiros no Pantanal sul-mato-grossense é de 85 militares, e se espera um aumento de combatentes do fogo que se espalha na região, que deve ultrapassar de 100 bombeiros que trabalham na brigada ou nas 13 bases avançadas de combate, que ficam dentro do bioma.

Em entrevista para o Correio do Estado, o Subcomandante-Geral do Corpo de Bombeiros do Mato Grosso do Sul, coronel Adriano Noleto Rampazo, elencou algumas dificuldades que a corporação passa no combate aos incêndios no Pantanal. 

“Os locais que estão pegando fogo são de difícil acesso. Um dos incêndios, que passou pela Estrada Parque Pantanal, derrubou uma ponte e conseguimos proteger outras duas pontes que não cairão. Estes danos são prejuízos importantes, que impedem a nossa locomoção pela rodovia”, disse o Subcomandante.

Além da dificuldade terrestre, o coronel Rampazo também informou que os pontos no Pantanal onde pegou fogo, junto com as condições climáticas, são outros fatores que dificultam.

“Para combater o incêndio, depende do acesso e das condições do vento e do tempo. Eles [incêndios] começaram simultaneamente na beira do rio, local este de difícil acesso. E a força do vento na semana passada fez o fogo aumentar, deixando o trabalho de combate inviabilizado. Não estamos na nossa força máxima ainda, mas vamos reforçar para continuar combatendo e, assim, diminuir os prejuízos ambientais”, enfatizou.

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