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Juca Kfouri: O melhor jogo da Eurocopa

A Copa América começa com bons e surpreendentes exemplos vindos do Velho Mundo

20 JUN 2024 • POR Juca Kfouri - Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP. • 00h05
Juca Kfouri   Divulgação

Gramados impecáveis e estádios lotados levam ao inevitável: bons espetáculos mesmo entre seleções às quais não se dá nada antes de começarem a jogar.

Assim aconteceu no 3 a 1 da Turquia sobre a Geórgia.

É capaz que você jamais tenha ouvido falar no craque georgiano Kvaratskhelia ou do turco Çalhanoglu.

O primeiro brilha no ataque Napoli e o segundo no meio de campo da Inter de Milão.

Kvaratskhelia exige do redator atenção redobrada ao copiar seu nome e destrava língua de narrador.

Çalhanoglu requer menos, apesar de começar com Ç.

Ambos enchem a tela do computador de sublinhados vermelhos à espera do corretor indomável.

Pois saiba que turcos e cartvélios fizeram o melhor jogo da Eurocopa até agora.

O quê? O que são cartvélios? Ora, querida e rara leitora, querido e raro leitor, tenham a santa paciência: cartvélio é o outro gentílico de quem nasce na Geórgia -não confundir com o estado americano de 11 milhões de habitantes, capital Atlanta, berço de Martin Luther King.

A Geórgia que acertou a trave turca e cujo goleiro Mamardashvili, do Valencia, fez milagre, é um país de menos de quatro milhões de habitantes e tem Tbilisi como capital.

Dois dos três gols turcos, de Müldür e do madridista Güler, são candidatos ao mais belos do ano e se você achar exagero confira no YouTube.

O 2 a 1 persistiu até o fim do drama sob chuva e o tento definitivo só saiu porque Mamardashvili tinha ido à área turca em busca do empate. No contra-ataque, sem goleiro, a Turquia liquidou o embate jogado em ritmo de futebol raiz, embora em palco de luxo.

Até o momento só houve uma grande zebra, a vitória da Eslováquia sobre a Bélgica de Kevin De Bruyne, Lukaku, Trossard, Doku etc. por 1 a 0.

E até os jogos ruins são bons, porque o cenário ajuda e a intensidade é sempre na voltagem mais alta.

Tomara que a Copa América siga o mesmo rumo, embora já comece errado, em gramados destinados ao futebol americano, de dimensões menores que os do nosso futebol -cinco metros a menos no comprimento (100 em vez de 105) e quatro a menos na largura (64 em vez de 68), 740 m2 menor.

A Argentina, tricampeã mundial, de Lionel Messi e companhia, faz a abertura contra o Canadá nesta quinta-feira (20), exatamente em Atlanta, na outra Geórgia.

Os canadenses, estreantes na copa continental, também têm suas estrelas, pelo menos três bem reluzentes: o lateral Alphonso Davies, do Bayern de Munique, um dos melhores do mundo; o atacante Jonathan David, do francês Lille, e o também atacante Tajon Buchanan, da Inter milanesa.

Quem viu a dificuldade encontrada pela França, atual vice-campeã mundial, para vencer a Áustria por apenas 1 a 0, e com gol contra, deve estar convencido de que são raros hoje em dia os jogos antecipadamente fáceis.

DUDU & HULK 

Dudu deveria estar no banco do Palmeiras que goleou o Galo por 4 a 0. Não estava porque se deixou levar pelo canto da sereia e só acordou ao ouvir, tardiamente, a sirene do bom senso, depois de Leila Pereira dizer que a porta da rua é a serventia da casa e palavra dada deve ser cumprida.

Já Hulk protagonizou cena bizarra: reclamou de falta marcada a seu favor e desafiou o assoprador de apito, que exagerou ao adverti-lo com cartão amarelo. Acabou corretamente expulso e viu seu clube endossar a leviandade de John Textor. Haja!