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Diversão Bastidores do Le Cirque: A vida por trás do picadeiro De negócio de família à fusão cultural de artistas internacionais, o Le Cirque contagia à todos 8 JUL 2024 • POR Mariana Piell • 13h15
Artistas do Le Cirque agradecendo ao público no final do espetáculo   Mariana Piell / Correio do Estado

O circo Le Cirque, um dos mais renomados e tradicionais do Brasil, tem oferecido uma experiência única que vai além do espetáculo. E para saber como funcionam os bastidores, o Correio B conversou com os artistas e a equipe que fazem a magia acontecer. 

Há mais de 150 anos a família Stevanovich, responsável pelo Le Cirque, pertence ao mundo circense. De origem iugoslava e francesa, a família começou se apresentando por toda a Europa, como um grupo de saltimbancos. Durante a Segunda Guerra Mundial, por causa da perseguição nazista, fugiram para a América do Sul, onde encontraram um terreno fértil no imaginário brasileiro.

Atualmente na sua 6ª geração, a família continua sendo a base da magia do Le Cirque, conforme explica George Stevanovich, diretor do circo. "A família nunca deixará de ser a base do circo. Eu acho que tem que ser uma tradição. Hoje o circo, principalmente o Le Cirque, como a gente traz muita gente de fora, tem que renovar sempre. Mas nunca vai deixar de ser família. É de pai para filho e isso não vai acabar".

Irmãos Ian e Amy Stevanovich

Os irmãos Ian e Amy, filhos de George, pertencem à 5ª geração da família Stevanovich. Os dois cresceram no circo e não imaginam uma vida diferente.

Ian, de 20 anos, é malabarista e palhaço, enquanto Amy, de 15 anos, é contorcionista e treina lira. Acostumados desde pequenos à vida circense, não se imaginam fazendo outra coisa. "Sempre foi divertido. Sempre me encantou muito essa arte. Para mim é uma arte que eu não largaria por nada", diz Amy. 

Amy é uma garota falante, indo contra sua personagem, a Bonequinha. Já Ian fala pouco e gesticula muito, assim como no palco, ao interpretar um palhaço expressivo. "Eu particularmente não sou muito comunicativo, sou mais gesto, porque como sou palhaço não falo muito no espetáculo, sou mais movimentos corporais", explica Ian.

De férias no Brasil, Amy e Ian estudam nos Estados Unidos e apesar da paixão dos filhos pela rotina do circo, o pai George orienta para que priorizem os estudos. "Eu prefiro que estudem e depois de adultos podem escolher: o circo ou a profissão", afirma George.

Para além da família

Outros grandes artistas, além dos Stevanovich, são responsáveis por proporcionar o encantamento do Le Cirque. 

O casal de argentinos Dirce Reyes e Ariel Romero

É o caso do casal argentino Ariel Romero e Dirce Reyes, que trazem sua expertise de mais de 30 anos no circo para o Le Cirque. O casal vai da magia do truque de quickie change, onde trocam de roupa em segundos no palco, ao radical Globo da Morte, que exige preparação e ensaios constantes. "Cada apresentação é um ensaio para nós. Ensaiamos todos os dias para manter a precisão e a segurança", conta Ariel.

Apesar de já terem se apresentado no mundo todo, em países como México, Irlanda, Alemanha e Tunísia, é a primeira vez que visitam o Brasil. "Depois de mais de dez anos viajando pelo mundo, estamos encantados com a recepção no Brasil", compartilha Dirce.

O mágico Gambini, italiano de 30 anos, vive e respira a arte da mágica desde muito jovem. "Minha paixão sempre foi transmitir algo diferente ao público. A magia é uma forma de transformar vidas, nem que seja por alguns segundos", diz Cassiano Gambini, que está no circo profissionalmente há 14 anos.

Ele destaca que a vida no circo é uma mistura de rotina normal e momentos de criação e ensaio. "Durante o dia, levamos uma vida normal. Mas sempre estamos ensaiando e criando novas performances para encantar o público à noite", explica.

O mágico Gambini

Logística

George, responsável pela administração do circo, enfrenta um dia a dia intenso, trabalhando desde cedo até tarde da noite. Ele destaca a importância de superar crises, como a pandemia, e se reinventar constantemente para manter a magia do circo viva. "Hoje, o circo precisa ser prático e adaptável. Estamos montados no estacionamento de um shopping, algo impensável anos atrás", explica.

George Stevanovich, diretor do Le Cirque

George também enfatiza a criação de empregos nas cidades onde o circo se instala, contratando localmente para diversas funções, desde a recepção até a operação. "Chegamos a uma cidade e já geramos empregos, seja para recepção, brigadistas ou outros serviços", explica.

Atualmente, o Le Cirque opera com um quadro fixo de cerca de 70 pessoas, que acompanham o circo nas viagens. Esse número dobra sempre que chegam a uma nova cidade, devido à contratação de mão de obra local, que ajudam na instalação e operação do circo.

O Le Cirque é uma verdadeira operação logística, com mais de 30 carretas transportando toneladas de equipamentos. George explica que a logística é fundamental para garantir o sucesso em cada nova cidade. "A estrutura é enorme e precisamos estar sempre bem coordenados para montar e desmontar tudo rapidamente", afirma George.

Serviço

Le Cirque

Local: Estacionamento do Shopping Campo Grande, próximo ao Carrefour.

Horários: 

Ingressos: Na bilheteria ou pelo link.

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