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Cai a produtividade da cana-de-açúcar no início da safra

Os extremos climáticos, como as secas, ondas de calor e inundações, estão favorecendo a proliferação de pragas nas lavouras brasileiras

1 JUL 2024 • POR Bruno Blecher / Edição Podcast Denis Felipe • 05h00
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A região do centro-sul registra, até o mês de maio, uma produtividade média de 89,4 toneladas por hectare, cerca de 35% inferior à safra passada, que foi de 926 toneladas por hectare. A queda é atribuída ao déficit hídrico observado no período, impactando principalmente as regiões do Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Noroeste do estado de São Paulo.Produtividade nos estados brasileiros

Os destaques em produtividade nos dois primeiros meses da safra, que abriu e maio, ocorreram em Minas Gerais (102 toneladas por hectare), Ribeirão Preto (101 toneladas por hectare) e Piracicaba (100 toneladas por hectare).

Já em relação à qualidade da matéria-prima, não houve alteração significativa, permanecendo na casa dos 121 quilos de ATR por tonelada de cana, segundo o boletim emitido pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC).

Uso de agroquímicos no Brasil

Um relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) classifica o Brasil como o segundo país que utiliza maior volume de agroquímicos no mundo.

Convém lembrar que o Brasil tem a quinta maior área agrícola do mundo e pratica uma agricultura tropical, colhendo até três safras por ano. Se levarmos em conta o consumo de agrotóxicos por área plantada, estaremos no 27º lugar no ranking mundial.

Impactos climáticos na agricultura

Os extremos climáticos, como as secas, ondas de calor e inundações, estão favorecendo a proliferação de pragas nas lavouras brasileiras. Uma pesquisa realizada pela Kinetec do Brasil e Sindiveg (Sindicato Nacional de Produtos para Defesa Vegetal) mostra que na safra 23-24 houve um aumento de 37% na área tratada com defensivos agrícolas no Brasil, em comparação com a safra anterior.

 Isso se deve não apenas à expansão da área da soja, mas também à progressão de pragas e doenças provocadas pelas mudanças climáticas.

Ouça na íntegra no Spotify: 

Chuvas e pragas nas regiões brasileiras

Em algumas regiões do país, foram registradas chuvas acima da média, como no Rio Grande do Sul, onde a pressão de doenças fúngicas foi maior. Em contraponto, no Centro-Oeste, com chuvas abaixo do esperado, o déficit hídrico viabilizou a infestação de pragas, segundo o Sindiveg.

Declaração do presidente do Sindiveg

Júlio Borges, presidente do Sindiveg, afirma que, de diferentes formas, os problemas climáticos geram incertezas e aumentam a incidência de doenças, demandando o uso de defensivos para garantir uma boa produtividade agrícola.

Estudos apoiados pela FAO mostram que as mudanças climáticas são um dos principais desafios que a comunidade fitossanitária enfrenta.

Segundo a FAO, cerca de 40% da produção agrícola global é atualmente perdida para pragas, causando um prejuízo de mais de 220 milhões de dólares anualmente, além de perdas à biodiversidade.

Lagarta do cartucho como exemplo

A FAO cita como exemplo a lagarta do cartucho, que se alimenta de milho, sorgo e milho, e já se espalhou devido ao clima mais quente. O avanço e a voracidade das pragas ameaçam a segurança alimentar e exigem cooperação internacional para a preservação da fitossanidade, segundo os técnicos da FAO.