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Correio B+ Capa B+: Entrevista exclusiva com a jornalista Leda Nagle, ícone da televisão brasileira Celebrando 50 anos no jornalismo, Leda Nagle comanda o podcast "Os Nagle" ao lado do filho Duda Nagle na plataforma do Youtube. 30 JUN 2024 • POR Flavia Viana • 21h00
Entrevista exclusiva com a jornalista Leda Nagle, ícone da televisão brasileira   Foto: Divulgação

Celebrando 50 anos no jornalismo, Leda Nagle, um ícone da televisão brasileira comanda agora o podcast "Os Nagle" ao lado do filho Duda Nagle na plataforma do YouTube.

No projeto, a dupla faz entrevistas através do olhar de suas gerações. Em paralelo, a mineira de Juiz de Fora segue com o canal que leva o seu nome, desde 2017, também no Youtube. Lá ela conversa com grandes nomes da música, das artes, do esporte, da política e da medicina. 

Com passagens por jornais e revistas nacionalmente conhecidas por seus trabalhos na TV, Leda lançou o "Bom Dia Rio", e foi também entrevistadora e apresentadora do Jornal Hoje durante 13 anos, sendo todos na Rede Globo.

Ela ainda apresentou o Jornal da Manchete, na extinta emissora, fez o programa "Agenda" no SBT/Rio e comandou o "Leda Nagle com certeza", na Tv Educativa. Além disso, por 21 anos, foi editora-chefe e apresentadora do badalado "Sem Censura", na hoje TV Brasil. 

Em sua trajetória, Leda Nagle também lançou dois livros de entrevistas: "Leda Nagle Com Certeza Melhores Momentos", e "Leda Nagle de Minas para o Mundo." Empresária, ela ainda assina collabs com grandes marcas de roupas e de óculos.

Em entrevista exclusiva ao Correio B+ desta semana, a jornalista Leda Nagle fala sobre seu sucesso na TV, carreira no jornalismo, atuação nas redes sociais, seu novo podcast ao lado do filho Duda Nagle que foi nossa Capa da semana passada no Correio e novos projetos. Para nós do Correio B+ é uma honra ter Leda Nagle como Capa no ano em que o jornal Correio do Estado completa 70 anos.

A jornalista Leda Nagle é Capa exclusiva do Correio B+ desta semana - Foto: Marco Máximo - Diagramação Denis Felipe e Denise Neves 

CE - Leda, impossível falar com você e não lembrar de tantos anos como estrela do jornalismo nacional na TV. Fale de momentos marcantes dessa sua grande trajetória pra gente?
LN -
 Vou destacar dois tempos. O "Jornal Hoje" nos anos 80 e o "Sem Censura" durante quase 21 anos,. O "Hoje" porque foi onde descobri a Tv, o jornalismo ao vivo e porque adorava o programa e principalmente a ´possibilidade de ser das primeiras jornalistas de televisão a fazer entrevistas mais longas (as do "Hoje" de sábado) que não eram comuns naquela época, quando entrevistas de cinco, seis, sete minutos causavam espanto. Foi uma experiência muito importante na minha vida porque sempre gostei de fazer entrevistas, ouvir histórias e compartilhar elas.

Por isso, também O "Sem Censura" foi tão importante porque reuniu cinco, seis pessoas por dia, durante quase 21 anos, todos os dias para conversar, trocar ideias, dar opiniões livres sobre os mais diferentes assuntos, credos, histórias sem preconceito.

CE - Na sua trajetória tem uma passagem até pela Revista Capricho. Como você avalia sua carreira nessas cinco décadas de profissão?
LN - 
Eu gosto da minha carreira, me orgulho dela. Eu sempre quis ser jornalista. Desde muito nova, adolescente ainda, enfrentei uma oposição forte do meu pai, mas consegui realizar meu projeto e no fim ele ficou orgulhoso do meu trabalho. Gosto da minha profissão, da minha história. Comecei no jornalismo escrito em Juiz de Fora onde nasci e me formei na Universidade Federal de Juiz de Fora.

Trabalhei na Revista Capricho, escrevi artigos e entrevistas para a então moderna Revista Nova, trabalhei durante um bom tempo no Segundo Caderno do Jornal O Globo onde me fortaleci como entrevistadora e depois descobri a Tv, e me apaixonei por ela como jornalista, editando reportagem, depois sendo repórter e apresentadora. Enfim, acho que estou seguindo meu sonho e o Youtube, hoje, é parte dele.

CE - Você está há alguns anos com um canal de entrevistas no Youtube. Como foi fazer essa transição? Teve receio de desbravar a internet, já que você foi das grandes jornalistas pioneiras a fazer essa migração, como tem sido o resultado?
LN - 
Na verdade, esta transição foi um pouco forçada pela não renovação do meu contrato no Sem Censura. Meu filho Duda, que já vinha me dizendo que precisava ter um canal no Youtube, foi o grande responsável por esta virada. Ele me sugeriu fazer o canal, foi meu primeiro entrevistado em 2017 e de lá pra cá, entre erros iniciais (diziam do Youtube como nos primeiros tempos da TV que as entrevistas deveriam ser curtas) e muitos acertos fui construindo este canal de comunicação, sem o qual eu não saberia viver hoje.

Gosto imensamente da possibilidade que o Youtube dá de ouvir as mais variadas pessoas com com mais  liberdade  ainda que a tv  permitia, com tempo absolutamente livre, com ideologias variadas e ampliadas. Gosto muito desta liberdade, hoje sou minha própria chefe, compartilho ideias com o Duda sempre, mas me sinto mais livre do que jamais me senti profissionalmente e gosto muito do resultado. Acho até que trabalho mais do que noutros veículos mas como gosto muito de trabalhar me sinto feliz.

Leda comamnda o Podcast 'Os Nagle' - Divulgação

CE - No auge da sua experiência, o que teria feito de diferente? E do que mais se orgulha?
LN - 
Me orgulho da minha história, da minha transição do jornalismo impresso pro jornalismo da tv, e da transição da tv para o Youtube. Esta transição me orgulha muito porque eu estava naquele ano de 2017 com 66 anos e mudar de formato, assumir uma coisa tão nova (para mim naquela época a internet era outro mundo) tão diferente de tudo que eu já tinha experimentado foi uma passo que acho corajoso e me deixa feliz que esteja sendo bem sucedido e me realize profissionalmente.

CE - Atualmente, além do canal do Youtube, você tem um podcast ao lado de seu filho Duda Nagle chamado 'Os Nagle'. E como tem sido trabalhar em família, fazer essa troca de informações e experiências entre gerações?
LN -
 Essa experiência de entrevistar junto com o Duda, nesta nova parceira agora frente às câmeras era um sonho antigo que estamos viabilizando e está muito prazeroso. São dois olhares: mãe, filho, pai e avó, homem e mulher, duas visões diferentes de gerações diferentes (Duda com 41 anos, eu com 73 anos) sobre uma mesma pessoa, pensando no legado e na história de cada entrevistado, pensando e repensando valores e experiências. Está sendo divertido e rico ao mesmo tempo, concordamos e discordamos numa relação muito saudável e muito agradável.

CE - E fale um pouco mais sobre Os Nagle: Como surgiu a ideia? Como tem sido o retorno de seus expectadores? Em tempo de tantos podcasts, qual o diferencial de vocês?
LN -
 O nosso diferencial são as nossas diferenças e nossa cumplicidade. O retorno dos nosso expectadores tem sido muito bom e os entrevistados também têm demonstrado gostar do formato e da nossa proposta.

CE - Em pleno ano de 2024, estamos cada vez mais conectados e necessitados de tecnologia. Como é sua adaptação para essa nova em que a informação chega muito mais rápida e com maior alcance? Como é dar conta de estar sempre atualizada nesse novo mundo?
LN -
 Quando eu troquei o jornalismo impresso pela TV foi exatamente essa rapidez com que a informação poderia chegar até as pessoas que me fascinaram e até hoje me fascinam. Essas tecnologias permitem isso cada dia mais.

Estou cada vez mais conectada e isso não só me atualiza como me dá prazer. Gosto muito da tecnologia, mas nem sempre dou conta dela totalmente e gostaria de saber mais e mais como aproveitar as possibilidades que ela oferece. Afinal minha geração tem que se esforçar muito pra se atualizar mas poder descobrir, avançar, achar novos caminhos sempre foi das mais atividades preferidas.

Ao lado do filho Duda Nagle e da neta Zoe - Divulgação

CE - Nas redes sociais, você sempre se mostra muito caseira e participativa na convivência com sua neta Zoe. Como é a Leda Nagle avó? 
LN -
 Eu adoro ser avó da Zoe. Na verdade, nunca imaginei que fosse tão bom ser avó. É um amor extraordinário (ok, sei que é lugar comum) mas, é um amor novo, diferente, que me deixa mais plena. É muito bom acompanhar as descobertas, as conclusões e opiniões da Zoe. Me atualizam, me renovam e me fortalecem como pessoa.  É muito estimulante poder ajudar a Zoe a descobrir caminhos, valores e compor com ela e com o Duda a minha vida. Tenho realmente um amor profundo pelos dois e nosso caminhar juntos é muito alegre, feliz e rico como experiência de vida.

CE - O que move a jornalista Leda Nagle?
LN -
 A vontade de viver, o prazer de trabalhar, o amor pelo Duda e pela Zoe, o carinho das pessoas que me abordam nos lugares e demonstram gostar do meu trabalho. Enfim, a realização do meu sonho de adolescente de ser jornalista, tudo somado me faz feliz e me faz querer fazer mais.

CE - Quais os próximos projetos?
LN -
 Ampliar o leque das entrevistas do Youtube, fazer séries especiais de entrevistas com empreendedores, com sertanejos, com gente que faz o bem sem olhar a quem. Enfim, mais do mesmo, sempre projetos voltados para entrevistas .

Leda no Sem Sensura - TV Cultura - Divulgação