O zagueiro turco Merih Demiral, destaque da classificação da Turquia às quartas de final da Eurocopa na Alemanha, foi suspenso por dois jogos após celebrar um gol com um gesto fascista. A informação foi divulgada pelo jornal alemão Bild, citando fontes da UEFA, órgão dirigente do futebol europeu.
Demiral marcou o segundo gol na vitória de 2 a 1 contra a Áustria na terça-feira (2) e comemorou fazendo um sinal imitando a cabeça de um lobo com as mãos, saudação associada aos Lobos Cinzentos, uma organização extremista na Turquia. Ele confirmou que a intenção era homenagear sua nação.
Se a suspensão for confirmada, Demiral perderá o jogo das quartas de final contra a Holanda, no sábado (6), e uma possível semifinal contra Inglaterra ou Suíça, na quarta-feira (10).
Os Lobos Cinzentos, conhecidos por ligações com crimes e atentados, incluindo o atentado ao Papa João Paulo II em 1981, são legais na Turquia e associados a um partido político. Na Alemanha, a organização possui entre 18 mil e 20 mil seguidores, tornando-se a segunda maior agremiação de extrema direita no país, atrás apenas do Alternativa para a Alemanha (AfD).
A situação gerou uma crise diplomática. Após o embaixador alemão ser convocado em Ancara, o embaixador turco foi chamado ao Ministério das Relações Exteriores em Berlim. A ministra do Interior alemã, Nancy Faeser, afirmou em uma postagem no X que "os símbolos do extremismo de direita turcos não têm lugar nos nossos estádios".
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou que estará presente no jogo de sábado em Berlim, demonstrando seu apoio à seleção turca em meio à controvérsia.
Na Turquia, restrições ocidentais são frequentemente vistas como preconceito religioso contra o Islã, um ponto explorado politicamente por Erdogan. Apesar de ser um aliado ocidental e membro da OTAN, a Turquia nunca foi aceita na União Europeia e mantém uma política externa independente, com laços próximos à Rússia.
A UEFA proíbe manifestações políticas nos estádios. Nesta Eurocopa, torcedores romenos defenderam grupos extremistas e gritaram o nome do presidente russo Vladimir Putin durante um jogo contra a Ucrânia. Na Copa de 2018, a FIFA multou a Suíça após jogadores fazerem um gesto alusivo à águia albanesa de Kosovo, após gols contra a Sérvia.
*Com informações de Folhapress