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Correio B+ Cinema B+: Um Tira da Pesada: Axel F. A nostalgia dos anos 80 de volta à Netflix Filme feito para fãs e "iniciados" mantém a fórmula da franquia e diverte sem grandes pretensões 6 JUL 2024 • POR Por Ana Cláudia Paixão jornalista e crítica de cinema do Caderno B+ • 13h00
Um Tira da Pesada: Axel F. A nostalgia dos anos 80 de volta à Netflix   Foto: Divulgação

Há 40 anos, em 1984, quando Um Tira da Pesada (Beverly Hills Cop) chegou aos cinemas, Eddie Murphy era uma das maiores estrelas em Hollywood, e, certamente, a maior bilheteria. Um astro entre astros, adorado ao redor do mundo e ganhando milhões.

Dentre as várias franquias que liderava, o detetive Axel Foley sempre foi quem despertou maior carinho entre os fãs, mesmo que sua última aparição há 30 anos, em 1994, tenha sido constrangedora.

Ainda assim, diante da onda nostálgica dos millenials sobre a cultura dos anos new wave chegando ao auge, a Netflix trouxe Foley de volta, com todo elenco original e a fórmula também. Um Tira da Pesada: Axel F. finalmente chegou à plataforma e é hora de olhar o resultado. Valeu o investimento?

Axel volta exatamente como o conhecemos

Como relembrei no final de 2023, quando o filme foi anunciado, Axel Foley não foi escrito pensado em Eddie Murphy, ao contrário, era para ser um filme “sério” e com Sylvester Stalone no elenco, mas ele preferiu transformar a história original no filme Cobra e outros atores brancos como Al Pacino, Harrison Ford, Mickey Rourke e James Caan não viram potencial na história de um detetive de Detroit acaba resolvendo um crime na ensolarada Beverly Hills em Los Angeles. A trilogia (a continuação foi sucesso em 1987 e a última parte até então, foi lançada em 1994) rendeu mais de 735 milhões de dólares de bilheteria mundial.

Certamente essa cifra potencial ajudou a resgatar a personagem e Eddie Murphy voltou à vida de Axel Foley como se nunca a tivesse deixado para trás.

Ele dá duro, mas acerta na nostalgia e isso porque aposta descaradamente em manter a fórmula: do início ao fim, incluindo as canções famosas como The Heat is On e sobretudo o tema principal, Axel F foi escrita por Harold Faltermeyer.

Trinta décadas depois que voltou para Detroit, Axel seguiu sendo imprudente e obcecado como sempre, um grande detetive, um péssimo pai e um homem que só tem o trabalho como objetivo de vida. Nada mudou, ou pouco mudou: ele destrói a cidade, mas soluciona seus casos e sempre tem alguém que o salva das consequências.

Em meio aos seus problemas de sempre, ele recebe o telefonema do amigo Billy Rosewood (Judge Reinhold) avisando que a filha de Alex, agora a adulta e distante, Jane (Taylour Paige) corre perigo. Jane é advogada de defesa e ao investigar um caso de corrupção na polícia de Los Angeles se torna alvo dos bandidos e traficantes.

Um Tira da Pesada: Axel F. – A nostalgia dos anos 80 de volta à Netflix - Divulgação

Algumas coisas nunca mudam

Quem cresceu nos anos 1980s sabe que a fórmula da época era mesclar tramas simples com perseguições em formato de clipe, com uma música pop a todo volume. Um Tira da Pesada: Axel F usa e abusa dessa escola.

Não há o jovem que tenta modernizar o antiquado Axel, ele está cercado ainda dos mesmos amigos, hoje todos mais velhos, gordos e cansados, mas ainda se divertindo. E nos divertindo!

A personalidade de Murphy domina a narrativa e as sequências são para explorar sua risada assinatura, suas expressões impagáveis e nos distrair. Não espere mais do que isso! E se quiser matar as saudades, ou se preparar ANTES de resgatar Axel Foley, os três filmes anteriores estão disponíveis na plataforma.

A maior qualidade de Um Tira da Pesada: Axel F é saber não se levar à sério e escapar de qualquer tentativa de inovar. É descaradamente uma “recauchutagem”, uma comédia sem compromisso além da risada e uma reciclagem do que funcionava há quatro décadas.

Como os casos que Axel resolvem o mistério não é complexo: “algumas coisas nunca mudam”, repetem ao longo filme. E é justamente o que a Netflix espera: que quem curte mais do mesmo, aprecie o presente. Eu gostei!