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MEIO AMBIENTE Incêndios no Pantanal só são controlados com chegada do frio Mesmo com mais de 500 pessoas, entre militares e brigadistas, e aeronaves atuando contra o fogo, mudança do tempo foi o que fez zerar fogos no bioma 8 JUL 2024 • POR Rodolfo César, de Corumbá • 09h00
Brigadistas do Prevfogo/Ibama montando estrutura para combater as chamas no Pantanal de MS   Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

O maior esforço com intervenção humana e de equipamento para combate aos incêndios florestais no Pantanal, em Mato Grosso do Sul, completou 10 dias de emprego, mas o controle total das chamas, de fato, não conseguiu ser feito por ação humana. São mais de 500 pessoas envolvidas diretamente, além de mais de 20 aeronaves, embarcações e veículos. 

A redução drástica do fogo foi registrada ontem depois que as condições climáticas passaram a ser favoráveis – redução da temperatura mínima na região de Corumbá para 14°C e máxima para cerca de 20°C, umidade do ar ficando entre 90% e 40% e velocidade do vento para cerca de 10 km/h.

Dados do programa BD Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), indicaram que não houve registro de focos ontem, quando o frio chegou com força na região de Corumbá. Até o sábado (6), quando as baixas temperaturas ainda não estavam fixadas, o Inpe indicou 21 focos para o território.

A maior estrutura para enfrentamento da situação começou em 28 de junho, quando houve a visita das ministras Marina Silva (Meio Ambiente e Mudanças Climáticas) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), além do governador Eduardo Riedel (PSDB) a Corumbá, município que concentra disparado a porcentagem dos focos de calor em todo o Brasil, desde começo de junho (37%), conforme o programa BD Queimadas, do Inpe. 

O segundo município nesse ranking é Porto Murtinho, também em MS, que registrou 6% dos focos no país. 

A chegada de toda essa estrutura para Corumbá ocorreu mais de 20 dias depois que os incêndios no Pantanal já estavam instalados. Entre os dias 1 e 6 de junho, o município já registrava a maior concentração de focos no Brasil, com 12% das identificações em mais de 4 mil cidades, observando dados do BD Queimadas. 

Somente em aeronaves diretas para operação, existe 9 do governo federal, além de outras 5 das Forças Armadas usadas para transporte de pessoas e equipamentos. Há ainda 8 embarcações em operação que pertencem a Marinha, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováseis (Ibama) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). 

Sem contar a estrutura do governo do Estado, com Bombeiros e Polícia Militar Ambiental. 

Em termos de estrutura de recursos humanos, desde o dia 28 de junho chegou a Corumbá o maior efetivo para atuação nos incêndios florestais no Pantanal. 

Tanto para as operações de campo, como agentes mobilizados, há profissionais e brigadistas do Ibama, técnicos do ICBMBio, militares do 6º Comando do Distrito Naval (Marinha), bombeiros do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul, além de integrantes da Força Nacional.

Nessa estrutura, são 501 pessoas empenhadas diretamente por parte do governo federal.

Com todo esse aparelhamento, o fogo no bioma acabou consumindo até este dia 7 de julho pouco mais de 5% da área total do Pantanal, o que equivale a 763, 7 mil hectares, ou 30 vezes o tamanho de Campo Grande. 

MONITORAMENTO

O monitoramento de área queimada vem sendo atualizado pelo Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Inclusive, os dados históricos medidos desde 2012 mostraram que o mês de junho de 2024 foi o mais devastador em termos de área queimada pelos incêndios, com 406.750 hectares atingidos.

E mesmo com todo esse cenário de danos por conta do fogo e o empenho em combater os incêndios, não houve indicativo que as chamas ficaram controladas no Pantanal empregando somente o aparelhamento humano. 

O coordenador do Prevfogo/Ibama no Mato Grosso do Sul, Márcio Yule, reconhece que a complexidade de combate torna a “guerra” contra os incêndios desafiadora. 

“A grande dificuldade no Pantanal é a logística para o combate. Chegar na linha do fogo, permanecer na linha do fogo, ter um local para os combatentes possam se alimentar, possam pernoitar, possam descansar minimamente. O cenário de alta temperatura, baixa umidade do ar, dificuldade de acesso complica todo o trabalho. E cada fogo é um cenário diferente. Tudo isso exige que os recursos estejam muito bem organizados para que a gente tenha a efetividade no combate do incêndio”, afirmou Yule.

O presidente do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), Angelo Rabelo, completa que as condições climáticas, de fato, tornam-se complicadoras ou um “reforço” importante para ganhar do fogo após ele sair de controle no Pantanal.

O Instituto mantém uma brigada permanente para atuar na prevenção em uma região que forma um corredor de biodiversidade de quase 300 mil hectares e que compreende parte da Serra do Amolar, ao norte de Corumbá. 

“O fator climático pode ser um complicador, com ventos norte (norte-sul) que ajudaram a espalhar o fogo. Já o vento sul (sul-norte) faz as temperaturas abaixarem. Além disso, toda a estrutura que chegou (em 28/6) permite haver o controle (dos incêndios). Mas temos que ficar prontos, pois historicamente temos meses mais críticos a partir de agosto. O que está sendo mostrado é que o município de Corumbá precisa ter uma estrutura, com sala de situação, aeronaves para enfrentamento”, ponderou.

PANTANAL - Estrutura de combate a incêndios (a partir de 28/06/24)

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