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Trabalho

Geração Z troca de emprego mais frequentemente, revela estudo da Gupy

Profissionais entre 18 e 24 anos permanecem em média nove meses em uma empresa

12 JUL 2024 • POR Da Redação • 21h00
Jovens seguram carteira de trabalho   Arquivo

Um estudo inédito da Gupy, a plataforma de recrutamento mais acessada no Brasil, revela que os jovens da geração Z mudam de emprego com maior frequência do que outras gerações. Segundo o levantamento, profissionais entre 18 e 24 anos permanecem em média nove meses em uma empresa, comparado aos dois anos das gerações anteriores.

O estudo, que entrevistou funcionários de empresas usuárias da plataforma Gupy Clima & Engajamento, destaca que a alta rotatividade da geração nascida entre 1995 e 2010 tem impacto significativo nas finanças das corporações. Tatiana Angelotto, gerente de carreiras do Insper, comenta que um dos principais motivos para as empresas buscarem reter esses jovens é o alto investimento no desenvolvimento de novos talentos.

Guilherme Dias, cofundador da Gupy, afirma que as corporações precisam oferecer mais desafios e oportunidades de mobilidade interna para manter os jovens. “Gerações anteriores preferem estabilidade na carreira, ao contrário da geração Z, que não quer fazer a mesma coisa por muito tempo”, explica.

O levantamento, realizado entre janeiro de 2022 e dezembro de 2023, aponta que o setor de tecnologia é o que mais sofre com o turnover voluntário entre jovens, com 7% de desligamentos. Varejo e atacado seguem com 4,6%, enquanto indústria e agronegócio registram 2,7% e 2,2%, respectivamente.

Raphael Tacla, de 28 anos, trabalha com tecnologia há 12 anos. Desde o início da faculdade, ele já mudou de empresa várias vezes. Em uma das empresas, ficou apenas três meses, motivado por um salário maior. Atualmente, Raphael trabalha como desenvolvedor PJ há mais de um ano e prefere cargos com horários flexíveis e possibilidade de trabalho remoto, mesmo que isso signifique abrir mão de benefícios como vale-alimentação.

Expectativas da Nova Geração

“O setor de tecnologia é o mais dinâmico da economia, onde novas oportunidades de crescimento profissional surgem a todo momento”, diz Naercio Menezes Filho, economista e especialista em mercado de trabalho e tecnologia do Insper.

O estudo Carreira dos Sonhos de 2024, da consultoria Cia de Talentos, também confirma a maior propensão dos jovens a mudarem de emprego. Enquanto 35% da geração Z trabalhou em apenas uma empresa nos últimos cinco anos, 62% dos baby boomers permaneceram na mesma organização.

Danilca Galdini, diretora de Insights da Cia de Talentos, aponta que os pedidos de demissão no Brasil cresceram significativamente a partir do final de 2022, impulsionados por reflexões sobre o papel do trabalho na vida das pessoas, especialmente entre os jovens.

Thaís Paixão, arquiteta de 27 anos, trocou de emprego sete vezes nos últimos dois anos devido à dificuldade de encontrar vagas na sua área de formação. Ela ressalta que a falta de um plano de carreira nas empresas em que trabalhou a desmotivou e até a fez adoecer. Atualmente, Thaís trabalha em uma construtora, aplicando o que estudou na graduação.

Guilherme Ceballos, sócio da plataforma de recrutamento Eureca, afirma que dois dos principais motivos que levam os jovens a desistirem de processos seletivos, mesmo após serem aprovados, são descobrir que não farão exatamente o que desejam e que o pacote de benefícios e remuneração não é competitivo.

Fernanda Canaan, estudante de ciências biológicas de 24 anos, trabalha como garçonete free-lancer em uma cafeteria em São João del Rei (MG). Ela já trocou de emprego várias vezes devido à baixa remuneração e à escala de trabalho, com apenas um dia de descanso semanal. Além disso, o desvio de função é outra causa de rotatividade, como quando foi contratada como caixa e teve que desempenhar diversas outras tarefas.

*Com informações de Folhapress

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