Que o Corinthians está em situação desesperadora é público e notório. Que não exista como salvá-lo é catastrofismo diante das possibilidades do clube de maior torcida no maior mercado do Brasil.
O potencial do Corinthians é sabidamente superior até ao do Flamengo, pela concentração muito maior de torcedores alvinegros em São Paulo que de rubro-negros no Rio.
Uma coisa é constatar a dificuldade na salvação pelo atual modelo de gestão, responsável pelo caos. Outra é implantar nova maneira de administrar o destino da paixão de tanta gente.
Eis que surge um grupo de investidores mobilizado para adquirir o clube e as propriedades a ele relacionadas. Seria uma negociação no modelo da SAF (Sociedade Anônima do Futebol), com abertura de capital na bolsa para aquisições de torcedores.
A proposta contempla, entre outras coisas, o pagamento integral das dívidas, bem como um compromisso futuro de abertura de capital para que os torcedores possam comprar quotas e se tornar verdadeiramente donos de uma instituição que se diz do povo, mas que existe há 114 anos e já teve quatro donos de 1960 para cá, a saber: Vicente Matheus, Wadih Helu, Alberto Dualib e Andrés Sanchez.
O grupo disposto a assumir o Corinthians é liderado por Marcelo Goldfarb, cuja família tem história no clube desde que o pai dele, Bernardo Goldfarb, fundador das Lojas Marisa, dedicou bom tempo de sua vida ao alvinegro.
O grupo mandatou oficialmente a OTB Sports em 4 de setembro do ano passado para conduzir conversas com o clube.
A OTB empresaria atletas e é comandada por Bruno Paiva, filho de Mário Sérgio Pontes de Paiva, dos melhores jogadores da história do futebol brasileiro.
A OTB entendeu que seria mais oportuno aguardar as eleições que aconteceram no final de 2023 e que apontavam para vitória da oposição, de modo que as conversas acontecessem com a nova gestão, sem os vícios comuns à perpetuidade do poder.
Bruno Paiva procurou o clube algumas vezes, e os atuais dirigentes nem sequer cumpriram o chamado dever fiduciário de ouvir o projeto.
Pior: Paiva foi direcionado para um personagem que nem sequer é profissional que atue oficialmente no clube, chamado Igor Zveibrucker, empresário nos ramos de transportes, marketing esportivo e agenciamento de jogadores, que virou espécie de guru de Melo, sem que ninguém entenda bem por quê.
O grupo de investidores prefere se proteger enquanto não receber sinais de que há interesse em negociar por parte da direção corintiana.
Sabe das dificuldades e da responsabilidade da empreitada, mas considera que a dívida de mais de R$ 2 bilhões não assusta diante do faturamento anual do clube, de metade disso, e sob administrações desastrosas há muitas décadas.
Evitar o rebaixamento nesta temporada será preciso, embora nem seja o principal problema. Trata-se de sanear o clube, separar o futebol da área social e tornar a parte que realmente importa à Fiel a que põe a bola na rede autossustentável, algo perfeitamente possível sob gestão moderna, competente e, igualmente, honesta, tripé em falta no Parque São Jorge.
Importante dizer que os investidores são todos corintianos de quatro costados, por parte de pai e mãe, dispostos a abrir mão de suas intenções caso surjam propostas melhores.
A maior pretensão é a de abrir a blindagem dos interesses menores e pessoais que tem ferido de morte o glorioso Sport Club Corinthians Paulista.
Abre-te, Sésamo!