No texto "Escutatória", Rubem Alves aborda uma questão fundamental, mas frequentemente negligenciada no mundo corporativo: a habilidade de ouvir. Ele destaca a predominância de cursos de oratória, enquanto a escutatória, a arte de escutar, é relegada ao esquecimento. Esta reflexão é um convite para líderes e liderados reconsiderarem suas práticas de comunicação no ambiente de trabalho.
A habilidade de ouvir é uma das mais valiosas que um líder pode desenvolver. Muitas vezes, os líderes se concentram em aprimorar suas habilidades de comunicação verbal, esquecendo-se de que ouvir é igualmente, senão mais, importante.
Ouvir de forma eficazenvolve mais do que apenas captar palavras; requer a capacidade de compreender e
apreciar as perspectivas e sentimentos dos outros. Quando os líderes realmente ouvem seus colaboradores, eles constroem um ambiente de confiança e respeito mútuo, onde todos se sentem valorizados e compreendidos.
Rubem Alves ilustra essa dinâmica com uma história de duas mulheres no ônibus, cada uma tentando superar a outra em seus relatos de sofrimento. Essa cena é um reflexo do que frequentemente acontece nas organizações: em vez de ouvir genuinamente os desafios e ideias dos colegas, muitos estão mais preocupados em destacar suas próprias experiências e conhecimentos. Essa falta de verdadeira escuta pode levar a um ambiente de trabalho onde as vozes dos colaboradores são ignoradas, resultando em desmotivação e falta de engajamento.
Para os líderes, é crucial entender que ouvir não é apenas um ato passivo, mas uma competência ativa que requer prática e intenção. Como Alves menciona, é necessário ter silêncio dentro da alma para ouvir de verdade. No contexto corporativo, isso significa que os líderes devem criar momentos e espaços onde os colaboradores se sintam à vontade para compartilhar suas ideias e preocupações sem a interferência de julgamentos imediatos ou interrupções.
Um exemplo prático dessa abordagem é a implementação de reuniões regulares de feedback onde todos têm a oportunidade de falar e ser ouvidos. Durante essas reuniões, os líderes devem praticar a escutatória ativamente, demonstrando interesse genuíno e respondendo de maneira que mostre compreensão e empatia.
Isso não apenas fortalece a comunicação, mas também promove um ambiente de colaboração e inovação.
Rubem Alves também menciona a experiência de silêncio em um mosteiro, onde a ausência de fala permitiu uma conexão mais profunda consigo mesmo e com os outros.
No mundo corporativo, momentos de silêncio e reflexão podem ser igualmente valiosos. Sessões de meditação ou pausas para reflexão silenciosa podem ajudar os líderes e suas equipes a se reconectarem com seus pensamentos e emoções, promovendo um ambiente de trabalho mais equilibrado e criativo.
Por fim, Alves nos lembra que a beleza e a sabedoria podem ser encontradas no silêncio e na escuta. Para os líderes, isso significa reconhecer que cada membro da equipe possui uma voz única e valiosa que merece ser ouvida. Ao praticar a escutatória, os líderes não apenas fortalecem suas próprias habilidades, mas também cultivam um ambiente onde a beleza e a inovação podem florescer a partir da comunhão de ideias.
A escutatória é uma arte essencial para a liderança eficaz. Ao desenvolver a habilidade de ouvir com empatia e atenção, os líderes podem transformar suas organizações em espaços de respeito, colaboração e crescimento mútuo.
Assim como Rubem Alves nos ensina, é no silêncio e na escuta que encontramos a verdadeira beleza das relações humanas.