Logo Correio do Estado

Correio B+

Cinema B+: "A jovem e o mar": o triunfo impressionante da nadadora Trudy Ederle

A atriz Daisy Ridley é a estrela dessa lenda da natação que foi medalha de Ouro na Olimpíada de 1924

27 JUL 2024 • POR Por Ana Cláudia Paixão - Colunista e crítica de cinema do Correio B+ • 13h00
Cinema B+: "A jovem e o mar": o triunfo impressionante da nadadora Trudy Ederle   Foto: Divulgação

Em temporada olímpica é natural querer rever filmes biográficos de atletas, e na Disney Plus o lançamento A Jovem e o Mar (Young Woman and the Sea), que passou rapidamente pelos cinemas, está onde parece ser seu melhor endereço: as plataformas digitais.

Isso porque a biopic da nadadora Gertrude ‘Trudy’ Ederle, estrelada por Daisy Ridley reconta a incrível história de uma mulher determinada, ousada e que conseguiu quebrar recordes, expectativas e limitações impostas às mulheres nos anos 1920s, numa saga e ousadia de cruzar o canal da Mancha.

Embora esteja aqui recomendando para vê-lo, fica uma ressalva importante: com tudo que Trudy conseguiu em vida – e não foi pouco – o potencial para uma grande história de superação parecia estar garantido, mas a verdade é que o que está nas telas parece até pequeno em comparação ao que alcançou, mesmo com boas atuações do elenco.

O problema está no roteiro formulaico que parece preguiçoso e uma direção sem inspiração de Joachim Rønning. Ainda assim, vale conferir.

A chegada de A Jovem e o Mar (Young Woman and the Sea) é calculada para estar junto com os Jogos Olímpicos de Verão de Paris em 2024, com uma linda história justamente sobre uma nadadora olímpica que foi medalhista na competição de 1924.

O filme faz parte da iniciativa da Disney de trazer para o público histórias de mulheres inspiradoras e é uma adaptação do livro lançado em 2009 por Glenn Stout, Young Woman and the Sea: How Trudy Ederle Conquered the English Channel and Inspired the World.  Temos

uma Daisy Ridley em forma e sempre carismática, é impossível não torcer por ela. A minha queixa é que toda dureza da infância de Trudy, filha de emigrantes alemães, cuja saúde frágil a levou à beira da morte e marcou sua determinação de fazer a diferença no mundo, é transformado em um conto de fadas, merecia ter a profundidade mais realista. 

Cinema B+: “A jovem e o mar”: o triunfo impressionante da nadadora Trudy Ederle - Divulgação

Por exemplo, na vida real, Trudy sobrevive ao sarampo ficando com problemas auditivos sérios, mas determinada a aprender a nadar como sua irmã Meg e os atletas que treinam em Coney Island.

Além de pobre, por ter sido doente, é rejeitada na equipe de natação e apenas com o apoio incondicional de sua família, assim como sua teimosia, consegue vencer os obstáculos.

A força amorosa dos Ederle é a peça fundamental para que Trudy possa, quase imediatamente, ser extremamente competitiva e ousada. A sucarina não é poupada nem para que a vida sofrida do cortiço seja menos glamurosa do que vemos nas telas.

Sem surpresa, a vemos vencendo cada desafio: conseguir ser treinada por Charlotte Epstein, que fundou a Associação de Natação Feminina, as competições amadoras de natação e sua grande vitória, há 100 anos, nas Olimpíadas de Paris de 1924, onde ganhou uma medalha de ouro no revezamento e duas medalhas de bronze.

Trudy decidiu ser a primeira mulher a cruzar o Canal da Mancha, lutando contra o machismo e preconceito que se revelaram desafios maiores do que cruzar o mar gelado. Vou evitar spoilers para guardar as (poucas) surpresas.

Eu sou da opinião de que a verdadeira Trudy merecia muito mais, mas abraço com carinho a chance que sua história ganhe o mundo. Sim, você vai pensar logo e, Nyad que foi mais realista em tudo para contar o drama feminista de natação de resistência. Os dois filmes só têm 12 meses entre um e outro, mas enquanto o da Netflix explora o suspende e drama de como é difícil navegar pelo oceano por horas a fio, o da Disney foca no positivo.