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ECONOMIA Em ano de eleições, Campo Grande mais que dobra investimentos públicos Levantamento aponta a Capital sul-mato-grossense entre as seis com maior volume de aplicações no 1º quadrimestre 27 JUL 2024 • POR Evelyn Thamaris • 08h30
Novo acesso ao bairro das Moreninhas em Campo Grande   Foto: Marcelo Victor

Com investimento público de R$73,96 milhões no 1º quadrimestre de 2024, Campo Grande figura entre as capitais brasileiras que disparou em volume de investimentos no período. Dados provenientes do portal Compara Brasil, que consolida informações dos relatórios resumidos de execução orçamentárias enviados pelas prefeituras à Secretaria do Tesouro Nacional, mostram que a Capital sul-mato-grossense elevou em 104,4% as aplicações na comparação com o mesmo período de 2023 quando foram investidos R$ 36,18 milhões.

Contando com um saldo robusto em caixa e em ano eleitoral, 19 de 25 capitais mostraram aceleramento em suas aplicações, onde Campo Grande aparece entre as seis com mais que o dobro de investimentos.
Belém, Boa Vista, Campo Grande, Goiânia, Palmas e Salvador compõem o ranking onde o aumento foi superior a 100% de janeiro a abril deste ano em comparação com o mesmo período de 2023. Além disso, em outras nove prefeituras, a taxa de crescimento ultrapassou os 50%.

O investimento agregado da Capital de Mato Grosso do Sul totalizou R$ 73,96 milhões (104,4%), -valor corrigido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) , a inflação oficial, de junho- no 1º quadrimestre de 2024, valor que quando comparado ao realizado entre janeiro e abril de 2020 resulta em uma elevação porcentual de 177,2%, em quatro anos, quando os atuais prefeitos foram eleitos.

Quando comparado ao mesmo período de 2020, o crescimento dos investimentos foi ainda mais amplo. Das 25 capitais, 22 apresentaram aumento. Em 14 prefeituras - Aracaju, Belo Horizonte, Boa Vista, Campo Grande, Goiânia, João Pessoa, Maceió, Natal, Palmas, Rio Branco, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória - o valor investido mais que dobrou em termos reais.

Ainda conforme o portal Compara Brasil, o desempenho acumulado de Receita Corrente Líquida (RCL) de janeiro a abril de 2024 teve um aumento de 6,3%, uma vez que no ano passado foram R$ 1,755 milhão de receitas contra  R$ 1,865  milhão neste ano, até abril.

ANÁLISE

Considerando a conjuntura de eleições o economista Eduardo Matos salienta que é comum, e uma prática brasileira se realizar investimentos, principalmente investimentos palpáveis, como asfalto, habitação, posto de saúde e escolas.

Quanto a origem dos recursos, Matos explica que muitos vêm de repasse do governo federal, principalmente pelo pós-pandemia. “A pandemia fez com que o governo federal tivesse que auxiliar nas finanças dos municípios, então alguns repasses eles desenvolveram para a realização de investimentos nas capitais, e nisso podemos destacar Campo Grande”.

O doutor em administração Leandro Tortosa ressalta que esse cenário foi possível devido ao crescimento econômico iniciado em 2021, impulsionado pelo aumento do PIB, inflação e alta de commodities, o que aumentou a arrecadação de tributos e transferências de recursos.

“Campo Grande tem aproveitado o cenário econômico favorável para ampliar significativamente seus investimentos. Com a aceleração desses investimentos, a cidade tem a oportunidade de melhorar sua infraestrutura, serviços públicos e qualidade de vida para os cidadãos”, explica.

O mestre  em Economia Lucas Mikael que apesar de ter essa “corrida” para a aplicação de recursos em ano eleitoral, acaba beneficiando o cidadão. “A aplicação estratégica desses recursos pode não só melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, mas também estimular o crescimento econômico local”.

NACIONAL 

O montante investido por 25 capitais, considerando Campo Grande atingiu R$ 5,2 bilhões no primeiro quadrimestre deste ano, marcando um crescimento real de 64,4% em comparação com o mesmo período do ano passado.

Já em relação a 2020, ano em que os atuais prefeitos assumiram seus cargos, o valor investido mais que dobrou, passando de R$ 2,32 bilhões entre janeiro e abril daquele ano, o total saltou para R$ 5,2 bilhões em 2024.

No final do ano passado, as capitais terminaram com um saldo de R$ 10,31 bilhões, comparado aos R$ 1,91 bilhões de 2019, com todos os valores atualizados pelo IPCA até maio deste ano.

Foram consideradas despesas liquidadas, e a disponibilidade dos recursos não inclui aqueles não garantidos, após a dedução dos restos a pagar não processados. Macapá não foi incluída nas comparações, pois os dados de 2023 ainda não estavam disponíveis no momento da coleta das informações.

Em análise a conjuntura nacional, o levantamento revela que os mandatos em curso foram fortemente favorecidos para condições de investimentos. Conforme avaliação da economista do Compara Brasil Tânia Villela, ao jornal Valor Econômico, a disponibilidade de caixa agregada das capitais, que ficou abaixo de R$ 2 bilhões em 2018 e 2019, período pré-pandemia de covid-19, saltou para R$ 7,42 bilhões em 2020.

“O pico de saldo na caixa desse período mais Recentemente foi em 2021, quando alcançou R$ 19,35 bilhões”, detalha.

De acordo com explicação de Tânia, a disponibilidade de recursos teve duas principais origens, sendo que em 2020, os auxílios financeiros do governo federal aos Estados e municípios para mitigar os efeitos econômicos da pandemia foram, em média, superiores ao necessário. 

“Houve uma surpresa com a economia no setor público, pois muitas despesas foram suspensas. Os municípios reduziram gastos porque atividades como aulas e eventos culturais foram interrompidas.”

A economista também ressalta que até dezembro de 2021 houve restrições ao aumento das despesas com pessoal, o que ajudou a conter o principal gasto corrente dos municípios. 

Segundo Alberto Borges, economista do Compara Brasil, essa contenção ocorreu em um ano em que a  inflação medida pelo IPCA foi de 10%.