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INVESTIGAÇÃO

Preso na fronteira, traficante enviava cocaína da Colômbia e Bolívia para SP

Douglas Kennedy Lisboa Jorge e outros cinco comparsas fugiram, em 1998 de presídio em Ribeirão Preto por meio de túnel

27 JUL 2024 • POR Daiany Albuquerque • 09h30
Operação realizada simultaneamente em Mato Grosso do Sul e no Paraguai apreendeu cédulas de dinheiro, munições e celulares   Divulgação/PF

Procurado desde 1998, quando fugiu da Cadeia Pública de Vila Branca, em Ribeirão Preto (SP), um dos grandes  traficantes da década de 1990 foi preso nesta sexta-feira (26) durante a Operação Hideout, da Polícia Federal, em Ponta Porã. Douglas Kennedy Lisboa Jorge, 51 anos, seria responsável por enviar cargas de cocaína da Colômbia e da Bolívia para o interior de São Paulo.

De acordo com a Polícia Federal, Douglas tinha dois mandados de prisão em aberto. Ele foi um dos “grandes traficantes da década de 90, especialista em internalizar no território brasileiro remessas de drogas oriundas de outros países da América Latina. Foi também alvo de duas Operações da Polícia Federal: Andorra e Estone, deflagradas, respectivamente, em 2001 e 2003”.

O traficante fugiu do presídio com mais cinco detentos no dia 12 de novembro de 1998, quando os presos cavaram um túnel com cerca de um metro e meio do pátio até a área antes do muro da cadeia de Ribeirão Preto.

Na época Douglas estava com 25 anos, e fugiu acompanhado de: Severo Santiago dos Santos, Luciano Annes, José João de Oliveira, César Paulo Capato e Aurélio Cássio Dorta, segundo a Folha de São Paulo.
Na fronteira, o foragido usava documentos falsos e teria ajudado organizações criminosas na logística do transporte de drogas do Paraguai, na fronteira com Mato Grosso do Sul, até São Paulo.

Na operação desta sexta-feira, a PF contou com a cooperação do Centro de Cooperação Policial Internacional (CCPI), da Polícia Nacional do Paraguai (PNP) e do Centro Integrado de Operações de Fronteira (CIOF), que cumpriram três ordens de busca em Pedro Juan Caballero, no Paraguai. 
Do lado brasileiro foi cumprido um mandado de busca e apreensão em Ponta Porã, além da prisão de Douglas.

Conforme o jornal La Tribuna, do Paraguai, Douglas se dedicava a enviar cargas de drogas da Bolívia e da Colômbia para o Paraguai, e de lá para o interior de São Paulo, “utilizando rotas em conluio com figuras do tráfico de drogas do continente”, como Sheik (um dos líderes de uma quadrilha especializada em tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro) e Luiz Carlos da Rocha, conhecico como Cabeça Branca (traficante que criou uma multinacional do tráfico na fronteira).

“Para nós, este é o início de toda a investigação financeira subsequente que teremos. Considera-se que mantém uma coordenação criminosa muito importante, foram encontrados documentos relativos aos embarques, por isso estima-se que continue sobre o mesmo tema”, afirmou o chefe do Departamento contra o Crime Organizado, comissário Luis López, ao jornal paraguaio.

Ainda segundo a publicação, Douglas teria diversas propriedades no Paraguai, que seriam usadas para atividades ilegais.

“Do lado paraguaio, a tarefa é revelar os bens que esse suspeito possui em nosso país, colocá-lo à disposição da justiça, que deve definir o destino que lhe será dado”, completou o comissário ao La Tribuna.

PRESCRIÇÃO

Em um das condenações por tráfico de drogas da Justiça de São Paulo, a defesa de Douglas Kennedy ingressou neste ano com pedido de prescrição da pena de 4 anos e 4 meses de reclusão.

De acordo com processo que tramita desde abril deste ano no no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), a matéria teria transitado em julgado em 2010 e depois disso Douglas Kennedy não foi preso, já que estava foragido, porém, a defesa alega que ele não poderia mais ser presos por já ter passado mais de 13 anos da sentença.

O recurso da defesa do traficante ainda não foi julgado, já que em sua última movimentação, na última segunda-feira (22), o desembargador Xavier de Souza da 11ª câmara de Direito Criminal do TJSP, entendeu que a matéria deveria ser analisada pela 5ª Câmara Criminal do Tribunal, por já ter atuado no processo e determinou que o texto fosse remetido para lá.

Saiba

O Ministério Público do Paraguai também colaborou com a operação da Polícia Federal brasileira, uma vez que Douglas Kennedy Lisboa Jorge também é investigado no País vizinho por tráfico internacional de drogas.