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ENEM

Ensino integral reduz distância entre escolas públicas e particulares em MS

Relatório de educação aponta que no desempenho geral no Enem, a diferença passou de 23% em 2018, para 18% em 2023

1 AGO 2024 • POR Ketlen Gomes • 09h30
Alunos da Rede Estadual de Ensino saindo da escola; as notas da rede pública no Enem melhorou   Foto: Gerson Oliveira

O Relatório feito pela plataforma de educação SAS, com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), aponta que houve uma redução na diferença de desempenhos entre as escolas públicas e particulares de Mato Grosso do Sul no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Em 2018, quando começou o levantamento, as médias das notas das escolas públicas do Estado eram de 23% em relação aos colégios particulares; já no ano passado, caiu para 18%.

Um dos fatores apontados para a redução na diferença das notas foi o investimento em escolas de tempo integral. O secretário estadual de educação, Hélio Daher, afirma que este pode ser o maior dos fatores para essa melhora no desempenho.

“Naturalmente a gente tem mais tempo dentro da escola, mais tempo dedicado a unidades curriculares muito focadas na produção e no desenvolvimento matemático, então a gente entende que a expansão, chegando a mais de 60% das escolas oferecendo tempo integral atingiu o nosso objetivo que era melhorar a proficiência dos nossos estudantes, então a gente realmente acredita que o investimento na educação em tempo integral valeu a pena, a prova disso são os resultados apresentados não só no Enem, como também na diminuição dos índices de evasão e abandono dos nossos estudantes”, pontuou Daher.

Em 2018, a média de desempenho das escolas particulares era de 602; enquanto das escolas públicas era de 489. Já no ano passado, a média particular foi de 605; enquanto a das escolas públicas foi de 511, uma melhora de 4,49%; enquanto o ensino particular teve uma melhora de apenas 0,49% nos últimos cinco anos.

Entre outros fatores, o secretário relata que o investimento em infraestrutura, a melhora nas condições para que os alunos estudem, como recomposição da aprendizagem com o incentivo em estrutura de leitura e escrita, ajudou a melhorar o desempenho das escolas estaduais.

“Isso é importante para os estudantes do ensino médio, além de um trabalho bastante robusto na orientação das escolas com relação ao próprio Enem, no engajamento das escolas estaduais para que as escolas entendam que o estudante da escola pública é competitivo e tem totais condições de ir pra uma disputa nas vagas que o Enem oferece em cada uma das universidades”, acrescenta Hélio.

No entanto, as 15 melhores escolas do Estado seguem sendo particulares, e entre elas, está o Colégio Militar de Campo Grande, que é federal. No desempenho por área, a diferença varia entre as matérias.

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DIFERENÇA POR ÁREAS

A maior variação é encontrada na redação, de 31% entre os ensinos. Enquanto as escolas particulares tiveram uma média de 745 na área; as escolas públicas obtiveram 567 de média. A diferença, porém, já foi de 67%, em 2018, quando o ensino privado tinha 650 de média, e o ensino público tinha 390.

Já em matemática, a diferença aumentou. O levantamento aponta que a distância entre as notas na ciência exata, entre as escolas públicas e privadas, vinha se mantendo estável em 18% entre 2020 e 2022, e chegou a 23% no ano passado.

De acordo com o secretário, esse é o grande desafio que a educação tem, de diminuir essa distância que existe entre estes índices, mas não pontuou os fatores que podem estar relacionados a essa diferença nessas áreas.

“A gente vem investindo para isso, todo trabalho na proficiência é sempre a médio e longo prazo, não consegue reverter isso em curto prazo. Então a gente vai continuar investindo e trabalhando cada vez mais, para que essa diferença continue diminuindo como está acontecendo. A gente está bastante contente com essa diminuição, mas sempre consciente de que a gente precisa trabalhar muito para que a gente chegue em um nível de igualdade entre os estudantes de escola pública e privada”, relata o secretário de educação.

Em relação às outras áreas, linguagens e códigos teve a menor diferença entre os ensinos, de 9%; já ciências da natureza a distância entre as médias das escolas particulares para as escolas públicas foi de 15,3% e a de ciências humanas foi de 11,8%.

Entretanto, as médias de ciências humanas, tanto da rede privada quanto da rede pública, sofreram quedas expressivas de 2018 para 2019. Há cinco anos atrás, os alunos de escolas particulares tiveram 618 de média na área, enquanto os de escolas públicas tiveram 550; e no ano seguinte caiu para 561 e 490, respectivamente, e em 2023 foi para 565 para a rede privada e 505 para a rede pública.

A pandemia impactou principalmente as notas das áreas de linguagens e códigos e ciências da natureza, que tiveram quedas mais significativas nas médias em 2021. As demais áreas se mantiveram com pouca alteração ou até crescimento, como foi o caso da redação.

Mesmo com a melhora no desempenho na redação, os estudantes de Mato Grosso do Sul estão na sétima pior colocação no ranking nacional, ficando atrás de Acre, Amapá, Roraima, Rondônia, Paraná e Amazonas.

Saiba

O Ministério da Educação (MEC) anunciou nesta semana o repasse de R$44,4 milhões à rede estadual e às redes municipais de Mato Grosso do Sul para o Programa Escola em Tempo Integral. Essa iniciativa é referente às duas parcelas do ciclo 2023-2024, para expansão de matrículas no ensino integral.