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Condições meteorológicas

Fumaça do Pantanal chega em Campo Grande e pode se deslocar até o Paraná

Capital amanheceu com céu nublado, horizonte cinzento e baixa visibilidade nesta quinta-feira (8)

8 AGO 2024 • POR Naiara Camargo • 09h45
Fumaça, fuligem e nuvens encobrem o céu de Campo Grande   MARCELO VICTOR

Fumaça dos incêndios que atingem o Pantanal percorreu mais de 500 quilômetros e pode ser vista em Campo Grande, Dourados, Três Lagoas, Sete Quedas, Bonito e outros diversos municípios de Mato Grosso do Sul. Além disso, é possível sentir o mau odor de fuligem disperso no ar.

É muito provável que o fumaceiro também chegue ao Paraná, sobretudo em municípios paranaenses próximos a divisa de Mato Grosso do Sul.

O Aeroporto Internacional de Campo Grande (CGR) e o Aeroporto de Dourados (DOU) operam por instrumentos por conta da baixa visibilidade devido as fumaças.

Em entrevista exclusiva ao Correio do Estado, o meteorologista Natálio Abrahão afirmou que o fenômeno responsável por deslocar a fumaça, para longas distâncias, é o vento.

“São fluxos de ventas que se originam lá da região amazônica, e esse fluxo de vento vai agregando esses fatores aí. Se ventar uma manhã inteira, os ventos podem levar a fumaça de 100 a 150 quilômetros de distância em apenas uma manhã”, explicou Abrahão.

O fogo e fumaça fecharam a BR-262, entre Miranda e distrito de Salobra, por conta da baixíssima visibilidade. Imagens impressionantes mostram o céu, de azul, virou laranja por conta das queimadas.

A BR-262 é a principal rodovia que liga a Capital sul-mato-grossense ao Pantanal.

Nos últimos dias, em Campo Grande, era possível enxergar o sol avermelhado por conta da fuligem dispersa no horizonte.

Vale ressaltar que, nesta quinta-feira (8), além da fumaça, nuvens de chuva, oriundos de uma frente fria que atinge o estado, também encobrem o céu de Campo Grande.

Fumaça é a suspensão na atmosfera de produtos resultantes de uma combustão. Pode ser tóxica quando aspirada. Resulta de queimadas, fogueiras, brasas, motores de gasolina e gasóleo.

Névoa seca é formada quando há a condensação de vapor d'água em combinação com poeira, fumaça e outros poluentes, o que dá um aspecto acinzentado ao ar.

 
 
 
 
 
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TCHAU FUMAÇA?

Frente fria, que atinge Mato Grosso do Sul, traz chuva, frio, baixas temperaturas, tempo instável e céu nublado.

O frio aumenta a umidade relativa do ar, com isso, ameniza os focos de calor. Mas, não freia os incêndios e nem a fumaça. Além disso, em um primeiro momento, o frio intensifica o fumaceiro. 

De acordo com Abrahão, para cessar queimadas e fumaça, é necessário que chova em abundância. "A frente fria vai trazer aumento de umidade e muitas nuvens. No primeiro momento não vai sumir, vai piorar. A fumaça só vai melhorar quando chover [para limpar a atmosfera]", explicou o meteorologista. 

Municípios de Corumbá, Aquidauana, Miranda, Porto Murtinho, Dourados e Itaquiraí registraram chuva nesta quinta-feira (8), o que aumenta a umidade relativa do ar e melhora a qualidade do ar/respiração.

PANTANAL EM CHAMAS

Incêndios de grandes proporções atingem o Pantanal sul-mato-grossense desde 1º de junho de 2024.

Céu laranja por conta de queimadas no Pantanal. Foto: CBMMS/Corumbá

As queimadas transformaram cenários verdes e cheios de vida em paisagens cinzentas e mortes. O fogo destrói matas, áreas verdes, vegetações, florestas, biodiversidade e espécies nativas (fauna e flora) do Pantanal.

Imagens impressionantes mostraram o céu virar de azul para laranja por conta do fogo que atinge o matagal às margens da BR-262. A rodovia, que liga a Capital sul-mato-grossense ao Pantanal, chegou a fechar por conta da baixa visibilidade devido aos incêndios. Veja a foto ao lado. 

Dados do Laboratório de Aplicação de Satélites Ambientais (Lasa), do departamento de meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apontam que 1.121.725 hectares foram consumidos pelo fogo, entre dos dias 1º de junho e 8 de agosto de 2024.

De 1º de janeiro a 26 de junho deste ano, 1.455.925 hec foram devastados pelo fogo, equivalente a área de 9,64% do bioma.

O Pantanal Sul-mato-grossense teve o pior incêndio florestal da história em 2020, quando 1.580.000 hectares foram devastados pelo fogo de janeiro a dezembro.

De janeiro a junho de 2020, 245.950 hectares foram destruídos pelo fogo. No mesmo período de 2024, foram 1.455.925 hectares.

Portanto, isto significa que o incêndio no primeiro semestre de 2024 é pior do que o do mesmo período de 2020.

Corpo de Bombeiros Militar (CBMMS), Polícia Militar Ambiental (PMA), Exército Brasileiro, Marinha do Brasil, Força Nacional, Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Homem Pantaneiro (IHP), SOS Pantanal e brigadas voluntárias tentam controlar o fogo no Pantanal Sul-mato-grossense.