Organizar, administrar e ter controle sobre o próprio dinheiro são funções que fazem parte do que se chama ‘planejamento financeiro’ - considerado fundamental para a saúde financeira de um indivíduo.
Neste guia produzido pelo Correio do Estado, detalhamos o que é o planejamento e principalmente, como evitar o acúmulo de dívidas ou juros estratosféricos que podem ser impedidos, se colocado em prática algumas noções básicas a respeito do melhor jeito de se planejar financeiramente a curto, médio e longo prazo.
O que é e qual a importância do planejamento financeiro ?
Para nos ajudar a responder, entrevistamos o economista Lucas Mikael que informou ser um processo essencial para garantir a segurança e o crescimento das finanças individuais. Ter um planejamento financeiro bem estruturado permite uma gestão eficaz dos recursos, evitando dívidas, alcançando metas e promovendo uma maior tranquilidade financeira.
“Em primeiro lugar, compreender a importância do planejamento financeiro é crucial. Ele não apenas ajuda a gerenciar o orçamento e evitar o acúmulo de dívidas, mas também é vital para a construção de uma reserva de emergência, essencial para lidar com imprevistos", pontuou.
Além disso, ressaltou que o planejamento financeiro pessoal é a chave para alcançar objetivos de longo prazo, como a compra de uma casa ou a preparação para a aposentadoria, reduzindo assim o estresse relacionado às finanças.
Como fazer um plano financeiro pessoal?
Segundo Lucas, o primeiro passo para um planejamento financeiro eficaz é realizar um diagnóstico completo da situação financeira atual. Isso envolve listar todas as fontes de renda, como salários e investimentos, e registrar todas as despesas, categorizando-as em essenciais e não essenciais.
É importante também avaliar os ativos e passivos, como imóveis, carros, empréstimos e cartões de crédito. Esse diagnóstico proporciona uma visão clara e detalhada da situação financeira e serve como base para as etapas seguintes.
Após o diagnóstico, o próximo passo é definir objetivos financeiros claros e específicos. Os objetivos devem ser divididos em curto prazo (como quitar uma dívida ou realizar uma viagem), médio prazo (como comprar um carro ou pagar a faculdade) e longo prazo (como a aposentadoria ou a compra de uma casa). Estabelecer esses objetivos ajuda a direcionar os esforços e recursos de forma mais eficiente.
A criação de um orçamento detalhado é a próxima etapa crucial. Um orçamento bem elaborado permite acompanhar os gastos e ajustar a receita conforme necessário. Para isso, deve-se calcular a renda líquida, subtraindo impostos e contribuições da receita total, e determinar as despesas mensais, estabelecendo limites de gasto para cada categoria.
Acompanhar e ajustar o orçamento mensalmente garante que os gastos estejam alinhados com os objetivos financeiros.
Para completar, é fundamental a construção e manutenção de uma reserva de emergência. Recomenda-se que essa reserva cubra entre 3 e 6 meses de despesas essenciais, proporcionando segurança financeira em caso de imprevistos, como a perda de emprego ou despesas médicas inesperadas.
Quais ferramentas posso utilizar ?
Para auxiliar no planejamento financeiro, diversas ferramentas e aplicativos estão disponíveis. Planilhas de controle financeiro, como Google Sheets ou Microsoft Excel, são úteis para gerenciar orçamento e despesas.
Aplicativos de finanças pessoais, como Mobills e GuiaBolso, ajudam a acompanhar as contas e sugerir formas de economia. Além disso, softwares de orçamento, como YNAB e Mint, oferecem soluções avançadas para o gerenciamento financeiro.
Lucas ressalta que a educação contínua é um componente importante do planejamento financeiro. Manter-se informado sobre finanças pessoais permite uma melhor compreensão das tendências e estratégias financeiras, contribuindo para uma gestão mais eficaz dos recursos.
Para terminar, é fundamental revisar e ajustar o planejamento financeiro periodicamente. A situação financeira e os objetivos podem mudar com o tempo, e um planejamento financeiro deve ser um documento dinâmico, adaptando-se às novas circunstâncias e necessidades.
Como fazer uma planilha ?
Segundo Lucas, o primeiro passo é escolher a ferramenta para criar a planilha. Programas como Microsoft Excel e Google Sheets são bastante populares por suas funcionalidades e acessibilidade. Ambos oferecem modelos pré-configurados que podem ser personalizados conforme as necessidades da pessoa.
Uma planilha de planejamento financeiro deve incluir várias seções principais, são elas:
- Renda: Deve ser criada uma aba ou seção onde se registram todas as fontes de renda, como salário, renda extra e investimentos. É útil detalhar a renda mensal para obter uma visão mais clara do fluxo de dinheiro.
- Despesas: É recomendável dividir as despesas em categorias, como moradia (aluguel, contas de serviços públicos), alimentação (supermercado, refeições fora de casa), transporte (combustível, transporte público) e lazer. Cada despesa deve ser registrada mensalmente e monitorada regularmente para evitar surpresas no fim do mês.
- Orçamento: Esta seção deve comparar a renda com as despesas, ajudando a identificar onde é possível cortar custos e ajustar os gastos. Criar uma fórmula para subtrair as despesas da renda permitirá ver o saldo disponível.
- Objetivos Financeiros: É importante dedicar uma parte da planilha para listar os objetivos financeiros, como economizar para uma viagem ou quitar dívidas. Deve-se estabelecer prazos e valores para cada objetivo e acompanhar o progresso ao longo do tempo.
Ao começar a preencher a planilha, é fundamental inserir os dados de forma precisa e consistente. A planilha deve ser atualizada regularmente, inserindo novas despesas e receitas assim que ocorrerem. Isso garantirá que as análises e decisões sejam baseadas em informações recentes e confiáveis.
É recomendável utilizar gráficos e fórmulas para visualizar melhor as finanças. No Excel e no Google Sheets, gráficos de barras ou de pizza podem ajudar a ver a distribuição das despesas e o progresso em relação aos objetivos. A planilha deve ser revisada mensalmente para avaliar o desempenho e fazer ajustes conforme necessário.
Para simplificar a manutenção da planilha, pode-se considerar o uso de fórmulas automáticas para cálculos, como somas e médias. Funções como SOMASE e MÉDIA ajudam a gerenciar os dados de forma eficiente.
Vale lembrar que para quem lida com informações financeiras sensíveis, é importante proteger a planilha. No Google Sheets, podem ser definidas permissões para limitar o acesso a outras pessoas. No Excel, é possível usar senhas para proteger abas e dados.
Ao investir tempo inicial na configuração da planilha, a pessoa estará dando um grande passo em direção ao controle e à liberdade financeira. É importante ressaltar que a planilha é uma ferramenta dinâmica que deve evoluir com as necessidades financeiras.
À medida que as finanças mudam, a estrutura da planilha deve ser ajustada para refletir novas fontes de renda, categorias de despesas ou metas financeiras. Manter o hábito de revisar e atualizar a planilha garantirá que ela continue a servir como uma ferramenta eficaz no planejamento financeiro.