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VIOLÊNCIA

Números apontam trégua na guerra entre facções na fronteira

Número de homicídios registrados na fronteira caiu em 31% em 2024; Em 2023, foram 144 casos

17 AGO 2024 • POR Alexandra Cavalcanti • 11h15
Linha internacional de fronteira entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero   Foto: Reprodução

Conhecida por intensas disputas entre facções, a guerra na fronteira de Mato Grosso do Sul parece ter tido uma trégua durante o ano de 2024. Não somente, na capital, em Campo Grande (MS), o cenário de segurança tem mudado nos últimos tempos. 

Conforme dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (SEJUSP), em comparação com 2023, o número de homicídios dolosos registrados na fronteira nos primeiros 7 meses do ano caiu para 98. No ano passado, foram 144 homicídios. Os números, apresentam uma redução de 31%. Em 2021, a região chegou a registrar 158 casos. A maioria das vítimas são homens, geralmente adultos

Na maior parte dos casos, os homicídios nessa região ocorrem em razão do narcotráfico. No tráfico de cocaína, por exemplo, a droga é produzida integralmente fora do país e precisa cruzar as fronteiras para abastecer o mercado consumidor interno. 

No começo da semana, por exemplo, durante mais uma ação na fronteira entre Brasil e Paraguai, agentes da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) destruíram quase 3,5 toneladas de maconha em diversos pontos ao longo da fronteira.

De acordo com a SEJUSP, no ano passado foram retiradas de circulação em Mato Grosso do Sul 18 toneladas de cocaína, ante 16,7 toneladas do ano anterior.  Somente a Polícia Rodoviária Federal interceptou 15,5 mil quilos de cocaína no Estado em 2023, o que é quase 50% acima das 10,5 toneladas do ano anterior. 

No entanto, apesar do aumento nas apreensões, os homicídios diminuíram. Em Ponta Porã, por exemplo, 18 homicídios foram registrados até agosto do ano passado. Este ano, foram 12. Já em 2021, foram 28. A cidade faz fronteira direta com Pedro Juan Caballero e, segundo  o estudo feito pela Esfera Brasil em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, é por onde passa 60% da cocaína traficada no país

Apesar disso, Ponta Porã passou longos meses sem execuções na linha internacional entre Pedro Juan Caballero. O último caso grave de homicídio foi registrado no mês passado, quando a região de fronteira entre os dois países teve 3 pessoas assassinadas em menos de 24h

Violência na capital

Em Campo Grande, a queda no número de mortes por homicídio doloso se repete. Em 2023, até metade de agosto, a capital registrou 84 casos. Em 2024, foram 76 casos, representando uma queda de 9.5%. Os números, apesar de parecerem baixos, exprimem uma tendência da redução no número de homicídios dolosos em todo o Estado. 

Mato Grosso do Sul

Até o momento, Mato Grosso do Sul também registrou quedda no número de homicídios dolosos, com 223 casos em 2024. Isto é, 68 vítimas a menos do que em 2023, com 291 casos.  

Contudo, em relação às mortes violentas intencionais  MS foi um dos seis estados brasileiros que apresentaram crescimento nos números de Mortes Violentas Intencionais (MVI), mas o grande responsável foi a variação de 160% na letalidade policial. 

Partindo de 568 óbitos em 2022 para 603 no ano passado, o Estado apresentou uma variação de 6,2%, a terceira maior variação do país. Dessas 603 mortes em 2023, 133 foram causadas por intervenção policial, o que representa cerca de 22,1% do total. Além de um crescimento de 160,8% de um ano para outro (55 mortes por letalidade policial em 2022), a maior variação dentre as unidades federativas, bem a frente de Mato Grosso, a segunda maior variação, com 104,6%.

 

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