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SAÚDE Agendamento para cateterismo pode demorar 1 ano, mostra CGU Análise do tempo entre a origem da demanda pelo procedimentos e seu primeiro agendamento no Sistema de Regulação da Capital foi feita por auditoria da Controladoria 20 AGO 2024 • POR Daiany Albuquerque • 09h30
Centro de Especialidades Médicas concentra consultas pelo SUS   Foto: Paulo Ribas

Relatório de auditoria realizada pela Controladoria-Geral da União (CGU), com base em dados do Sistema de Regulação (Sisreg) de Campo Grande, identificou uma demora que pode chegar a mais de um ano entre o cadastramento no sistema para fazer o procedimento de cateterismo cardíaco e a data de origem da demanda.

Conforme relatório, a auditoria buscou saber o tempo entre a data da origem da demanda por vários procedimentos ambulatoriais expedida por profissional da saúde e a data do primeiro agendamento.

Foram analisadas as demandas por cateterismo cardíaco, densitometria, ressonância magnética, endoscopia digestiva alta e fisioterapia (sobre este último, porém, não foram encontrados dados).

Desses procedimentos, o que apresentou o maior tempo médio, em dias, entre o pedido e o primeiro agendamento foi o cateterismo cardíaco, que, levando em conta os nove pacientes que fizeram a solicitação pelo procedimento no período analisado, apresentou uma demora de 396,6 dias, em média, para o primeiro agendamento.

“O procedimento de cateterismo cardíaco, entre os demais procedimentos analisados, foi o que apresentou maior tempo médio e mediano observado entre a data de origem da demanda e a data do primeiro agendamento. Conforme a Tabela 9, três quartos ou 75% das solicitações levaram de 153 dias (menor tempo) a 341 dias – aproximadamente de 5 a 11 meses – para ter seu primeiro agendamento marcado”, diz o texto.

Ainda conforme a CGU, o tempo máximo que um paciente teria esperado por cateterismo cardíaco, de acordo com os dados obtidos, foi de 988 dias.

Em outra tabela, a auditoria aponta que o tempo médio para que este procedimento seja cadastrado no Sisreg é de 80,1 dias, também o maior entre as demandas observadas.

Para a Controladoria-Geral da União, uma das causas dessa demora exorbitante pode ser a demora dos servidores em cadastrar os exames feitos no sistema.

“A causa pode estar relacionada à falta de normatização por parte do gestor, regulando os prazos máximos para cadastro da solicitação em sistema, bem como à fragilidade dos controles e supervisão sobre o fluxo de regulação”, citou.

“As consequências dessa intempestividade vão desde a não observância da equidade no tratamento das demandas dos pacientes, aumento do tempo de espera e possível absenteísmo, passando pela falta de transparência no gerenciamento da fila, até a ocorrência de prejuízos irreparáveis à saúde das pessoas”, completou o relatório.

A CGU ainda afirma que essa demora, tanto no caso do cateterismo como em outros procedimentos, é uma “problemática que pode se estender aos demais tipos de procedimentos de saúde não objeto da auditoria, ante a falta de normatização do gestor municipal e de mecanismos de supervisão e controle das etapas da regulação”.

CAOS

Desde a semana passada, o Correio do Estado tem mostrando que a auditoria feita pela CGU no sistema de regulação das demandas para o Sistema Único de Saúde (SUS) na Capital encontrou um verdadeiro caos, com problemas na fila de espera, muitas faltas e procedimentos que foram feitos “por fora” do Sisreg.

Em matéria publicada ontem, foi observado que a fila de espera para consultas e exames em Campo Grande não estaria obedecendo à ordem estabelecida por emergência e temporalidade, conforme análise da CGU.

Tabela apresentada no documento mostra que foram identificados casos de pessoas que “furaram fila” para os seguintes procedimentos: endoscopia digestiva adulto; cateterismo cardíaco; consulta em cirurgia ortopédica para coluna; atendimento fisioterapêutico nas alterações motoras adulto; e ressonância magnética. Não houve justificativas para esses casos, conforme o documento.

Sobre a questão, a titular da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), Rosana Leite, afirmou ao Correio do Estado que a fila de espera na saúde não é “estática” e que sempre é feita a reavaliação do paciente, o que pode mudar seu lugar.
 

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