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ATRAÇÃO

Arraias de água doce ganham berçário no Bioparque Pantanal

Apesar de serem de água doce, as espécies das pequenas arraias são parentes dos tubarões

21 AGO 2024 • POR Alicia Miyashiro • 18h25
Arraias de água doce ganham berçário no Bioparque Pantanal   Governo de MS

O Bioparque Pantanal, inaugurou um berçário para a criação de duas espécies de arraias de água doce: a Potamotrygon falkneri e a Potamotrygon amandae. Localizado no maior aquário de água doce do mundo, o espaço abriga os primeiros filhotes dessas espécies nascidos em cativeiro no Brasil, fruto de um projeto do Centro de Conservação de Peixes Neotropicais (CCPN).

A iniciativa, que promete ser um atrativo para os visitantes, levanta importantes questões sobre a conservação dessas espécies e o papel dos aquários na preservação da biodiversidade.

O habitat
Créditos: Eduardo Coutinho

O berçário foi projetado para simular o ambiente natural das arraias, com substrato arenoso e um tronco submerso, de forma que será permitido que os animais se camuflem e explorem o espaço. A temperatura da água será mantida em torno de 27°C, similar às condições encontradas em seus habitats naturais.

 "Assim como nos rios, será possível ver as arraias camufladas na areia. Será uma experiência interessante", comenta Heriberto Gimenês Junior, biólogo curador do Bioparque.

A diretora-geral do Bioparque, Maria Fernanda Balestieri, destacou a importância da educação ambiental e da divulgação científica para a conservação das arraias.

"Queremos promover a popularização da ciência, oferecendo aos visitantes não só um espaço de lazer, mas também mostrando todo o processo que envolve os cuidados com o bem-estar animal, a reprodução, a qualidade da água e de que forma podemos fazer parte da conservação dessas espécies", afirma Balestieri.

Potamotrygon falkneri

O peixe-raio, nativo das bacias do Rio Paraná e Rio Paraguai, é encontrado em uma vasta área que vai de Cuiabá ao rio La Plata, na Argentina, é considerado uma das criaturas mais intrigantes das águas sul-americanas. 

Conhecido por seu formato corporal distintivo e suas adaptações únicas, é um membro da classe dos Elasmobranchii, que inclui também o peixe-serra e os tubarões. Ao contrário de muitos outros peixes, o peixe-raio não possui ossos, apresentando uma estrutura esquelética composta principalmente de cartilagem.

Com um corpo ligeiramente oval e cartilaginoso, o peixe-raio é achatado dorsoventralmente. Suas fendas branquiais, localizadas abaixo da cabeça, são onde a água entra e sai, de forma que permita a absorção de oxigênio. As bordas do disco são mais finas e a cauda é notoriamente curta em relação ao comprimento do corpo, possuindo um ferrão venenoso.

Os potamotrygonidae, a família à qual o peixe-raio pertence, são os únicos elasmobrânquios que evoluíram para viver exclusivamente em águas continentais. Durante a estação chuvosa, esses peixes migram para áreas de florestas inundadas e podem ser encontrados em lagos e lagoas temporárias após o recuo das águas.

Adaptados ao ambiente aquático, eles possuem um aparelho de respiração especializado que lhes permite respirar mesmo enquanto ficam enterrados no substrato. A água é transportada até as guelras através de espiráculos localizados atrás de cada olho.

O ferrão venenoso localizado na cauda do peixe-raio é composto por dentina, o mesmo material que forma os dentes humanos, e é associado a glândulas de veneno. Embora a toxicidade do veneno possa variar entre as espécies, todos os venenos de peixe-raio compartilham uma composição semelhante. 

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