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EM CRISE Policiais civis de MS ameaçam entrar em greve na próxima semana Escrivães e investigadores exigem aumento de 30% no salário e contratação imediata para suprir déficit de 900 profissionais 22 AGO 2024 • POR Thais Cintra • 16h30
Greve dos policiais está prevista para a próxima semana, se não houver consenso com Governo do Estado   Álvaro Rezende/Correio do Estado

Policiais civis de Mato Grosso do Sul sinalizaram indicativo de greve por não concordarem com a lista de propostas sugeridas pelo Governo do Estado, que prevê reajuste salarial abaixo do que foi requisitado pela classe. A última alteração na folha foi em 2013. 

De acordo com o Sindicato dos Policiais de MS (Sinpol-MS), além do salário considerado baixo em comparação a outros estados, a classe reivindica a contratação de mais investigadores e escrivães, já que existe déficit de 900 profissionais. A situação pode influenciar no fechamento das delegacias. 

"Estamos negociando desde o ano passado com o governo do Estado. Nós cobramos do governador, ainda quando ele era secretário, um compromisso que ele tem com o sindicato desde 2016, onde se afirmava na época, que o salário dos policiais estaria entre os seis melhores do país, mas não foi cumprido. Ele disse que faria o aumento, nem que fosse parcelado", diz  Alexandre Barbosa, presidente do Sinpol. 

Além do baixo salário, os profissionais contestam a carga horária que deveria ser de 40 horas semanais, porém, alguns trabalhadores chegam a cumprir até 80 horas por semana e ainda, sem receber pelos extras.

Atualmente, o Estado possui 1.600 profissionais, entre escrivães e investigadores. Conforme a categoria, o necessário para atender às demandas populacionais em todo Mato Grosso do Sul, seria de 2.500 trabalhadores. 

Assembleia no auditório do Sinpol-MS - Foto: Divulgação/Sinpol

Durante reunião com representantes do sindicato na última terça-feira (20), Riedel recuou a decisão e não cumpriu com a promessa, oferecendo incorporar no subsídio o auxílio alimentação, o que segundo a classe, não supri a necessidade dos trabalhadores. Outra reclamação é em relação ao auxílio saúde no valor de R$ 2.000,00. 

"Vivemos um caos, com muita sobrecarga de trabalho. Ficamos revoltados por que na última reunião, o governador afirmou que não poderia aumentar o salário, só que em maio deste ano ele deu o auxílio saúde para duas categorias que já recebem altos salários, sendo os delegados de polícia e os fiscais de renda. O percentual seria de quase R$ 2 mil por mês, sendo que eles já recebem R$ 30 mil de salário mensal", alega. 

Vale destacar que o auxílio alimentação é destinado apenas para os ativos, no valor de R$ 400,00.

Uma pesquisa da Organização Não Governamental (ONG) "Instituto Sou da Paz", mostra que Mato Grosso do Sul é um dos estados que mais solucionam crimes no Brasil. Em contrapartida, MS estava em 21º lugar no ranking de estados com melhores salários para escrivães.  

Tabela com valores de salários de investigadores em 2023 - Foto: Divulgação SindPesp

Movimento "Cumpra-se a Lei" 

Segundo Alexandre, os policiais civis também vão dar início ao movimento “Cumpra-se a Lei”, que orienta os servidores sobre direitos e deveres do exercício da profissão, para que os policiais atuem de acordo com a legislação.

“Também formamos uma comissão do movimento e vamos organizar as ações já para os próximos dias. Demos o prazo até 20 de agosto e nada. Não concordamos com a decisão. Não vamos fazer nada a mais do que é nossa atribuição, prevista por lei", explica. 

Segundo Alexandre, cerca de 40 homens estão presos em delegacias da Capital, por não cumprirem o pagamento de pensão alimentícia e não no sistema prisional como prevê a legislação. 

"Vamos dar um basta esperamos o governo retornar com a situação. Queremos trabalhar pela população, mas pra isso precisamos ser bem remunerados", avalia. 

A reportagem do Correio do Estado entrou em contato com a Secretaria de Estado de Administração (SAD), para saber quais foram as propostas ofertadas pelo Governo do Estado à classe. Também solicitamos informações referentes às reivindicações e se haverá cumprimento das exigências.

Em nota foi informado que "O Governo do Estado aguarda uma manifestação oficial da classe para uma possível negociação", finaliza o documento.  

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