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AGROINDÚSTRIA FLORESTAL Quase 70% dos investimentos no setor de árvores e celulose da década são em MS Setor planeja investir R$ 105 bilhões em empreendimentos no Brasil até 2028; desse valor, R$ 72,8 bilhões são no Estado 23 AGO 2024 • POR Eduardo Miranda • 08h30
  Foto: Marcelo Victor/Correio do Estado

Mato Grosso do Sul concentrou nesta década quase 70% dos investimentos no processamento de árvores cultivadas do Brasil.

Dos R$ 105,4 bilhões em investimentos a serem feitos até 2028, anunciados nesta semana pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pelo presidente da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), Paulo Hartung, R$ 72,8 bilhões estão sendo realizados ou ocorrerão em Mato Grosso do Sul.

Os investimentos no Estado decorrem de três empreendimentos desta década: o Projeto Cerrado da Suzano, em Ribas do Rio Pardo, inaugurado no mês passado, que recebeu R$ 22,8 bilhões para se tornar realidade; a planta processadora da Arauco em Inocência, que receberá um aporte de R$ 25 bilhões da multinacional chilena; e a segunda linha de produção da Eldorado Brasil Celulose em Três Lagoas, que também terá um investimento de R$ 25 bilhões.

Conforme nota da IBÁ encaminhada ao Correio do Estado, os investimentos serão desembolsados até 2028. Em Mato Grosso do Sul, contudo, há a perspectiva de, pelo menos, outras duas plantas processadoras de celulose para a próxima década: uma na região norte do Estado, onde está ocorrendo expansão das florestas, e outra na região compreendida entre Água Clara e Santa Rita do Pardo.

O Correio do Estado apurou com uma prestadora de serviço – que atuou na linha da Suzano em Ribas do Rio Pardo, teve problemas com pagamentos e recebimentos de fornecedores na obra e que agora tenta passar pelo compliance da Arauco para atuar na linha da empresa chilena em Inocência – que há uma forte sondagem para a instalação de uma nova fábrica no Estado depois da conclusão da planta da Arauco. O empreendimento, segundo essa fonte, não é da Eldorado Brasil.

Destaque

Em comparação aos investimentos que têm sido realizados no restante do Brasil, a construção de unidades processadoras de celulose em Mato Grosso do Sul se destaca.

De porte similar aos empreendimentos em execução ou previstos no Estado, existem apenas a nova planta da CMPC, em Barra do Ribeiro (RS), que demandará R$ 24 bilhões, e a unidade da Bracell em Lençóis Paulista (SP), que demandou R$ 5 bilhões para ficar pronta.

A unidade da Bracell, diga-se de passagem, tem boa parte de sua produção abastecida com matéria-prima retirada das fazendas da empresa – de capital asiático – localizadas em Mato Grosso do Sul.

Além dessas, também há uma unidade da Klabin em Piracicaba (SP), que demanda R$ 1,6 bilhão em investimentos. Os demais projetos no País envolvem investimentos na casa dos milhões.

“São investimentos feitos em regiões, via de regra, com baixo dinamismo econômico. E as florestas cultivadas estão sendo implementadas, nos últimos anos, substituindo áreas degradadas, geralmente pastagem improdutiva”, disse Paulo Hartung.

No mesmo evento estiveram presentes executivos de empresas do setor de celulose e florestas plantadas, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin; o ministro da Fazenda, Fernando Haddad; a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva; e a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá.

Maior produtor

Com todo esse investimento, Mato Grosso do Sul será o Estado brasileiro que mais produz celulose. Atualmente, a capacidade instalada anual de produção é de 7,8 milhões de toneladas (número que leva em consideração o Projeto Cerrado, da Suzano, em Ribas do Rio Pardo).

No entanto, como as unidades em operação têm sucessivos recordes de produção, os números anuais superam essa capacidade. As novas linhas da Arauco e da Eldorado devem adicionar mais 4,8 milhões de toneladas anuais à capacidade de processamento de celulose no Estado.