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CAMPO GRANDE QUE QUEREMOS

Escolas de tempo integral podem colaborar na redução da criminalidade

Dados da Sejusp mostram que, ao longo dos anos, com o aumento de instituições de período integral, os registros de roubos diminuíram

26 AGO 2024 • POR DAIANY ALBUQUERQUE • 08h15
As crianças da Escola Municipal de Tempo Integral Iracema Maria Vicente, localizada no Bairro Rita Vieira, em Campo Grande, passam o dia inteiro estudando e voltam para casa apenas no fim da tarde   Foto: Marcelo Victor / Correio do Estado

Segundo o promotor Douglas Oldegardo, o investimento em escolas de tempo integral pode ser considerado uma das formas de contribuir também com a segurança pública de Campo Grande.

“Uma política pública de segurança envolve, para além das forças de segurança pública, também uma secretaria de Educação, os órgãos de educação. Por quê? Porque, quando os órgãos de educação implementam atividades de contraturno para os jovens, eles tiram os jovens que estudam de manhã da rua no período da tarde. Tiram os jovens que estudam no período da tarde da rua no período da manhã”, explicou Oldegardo.

Uma breve análise dos dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) mostra que, a partir do momento em que o governo de Mato Grosso do Sul passou a investir nas escolas estaduais de tempo integral, o número de registros de roubos começou a cair no Estado, assim como em Campo Grande.

Com a formatação da proposta e o planejamento realizado pela Secretaria de Estado de Educação (SED), o trabalho começou por meio do programa Escola da Autoria, criado em 2015. Colocado em prática em 2016, no ano seguinte, o programa já contava com 11 escolas nos municípios de Campo Grande, Dourados, Corumbá e Naviraí.

A partir deste momento, segundo os dados da Sejusp, o que se viu foi uma redução constante do número de roubos registrados em todo o Estado. Enquanto em 2016, de janeiro a dezembro, foi registrado o maior número da série histórica, que começa em 2014, com 11.311 ocorrências, em 2017, houve queda, passando para 10.843 casos. No ano passado, ocorreu o menor acumulado até agora, 4.424 registros.

Ao mesmo tempo, em 2023, Mato Grosso do Sul chegou a 172 escolas com oferta de ensino em tempo integral, atingindo aproximadamente 50% das unidades. O modelo estava presente em 72 dos 79 municípios do Estado. Dos mais de 190 mil estudantes atendidos pela Rede Estadual de Ensino (REE), 17% estavam matriculados em turmas de tempo integral.

Este ano, o governo anunciou que chegou a 100% dos municípios sul-mato-grossenses com instituições de ensino em tempo integral. Das 348 unidades que compõem a REE, 217 estão atendendo neste regime, com um total de 54 mil alunos matriculados. 

Pelos dados da Sejusp, neste ano, foram apenas 2.043 boletins de ocorrências registrados por roubo no Estado, de janeiro até o dia 18 deste mês. Apesar de ainda não haver um estudo que consiga comprovar a relação entre a oferta de ensino integral e a redução dos roubos, ela ocorreu paralelamente ao aumento de instituições de ensino integral em Mato Grosso do Sul.

Em relação à Rede Municipal de Ensino (Reme), segundo a Secretaria Municipal de Educação (Semed), hoje a Capital tem seis escolas de tempo integral urbanas, que atendem crianças da Educação Infantil até o 5º ano no Ensino Fundamental. As duas primeiras instituições foram abertas em 2009, ofertando 500 vagas em cada uma.

“As seis escolas, atualmente, atendem 2.253 alunos em tempo integral. A secretaria ressalta ainda que está em análise a possibilidade de mais duas escolas implementarem ensino em tempo integral em 2025, para atender mais de 1.000 alunos”, informou a Semed em nota ao Correio do Estado.

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AnáliseIluminação pública eficaz reduz chance de praticar crimes

Outro ponto apontado pelo promotor de justiça que pode colaborar para que haja redução nos índices de violência é a iluminação pública. Uma rua bem iluminada pode coibir bandidos de praticar crimes.

“Nós podemos aqui elencar um grande elemento, que são os órgãos ligados ao urbanismo. Quando nós temos um criminoso em uma via do Chácara Cachoeira, onde a rua é asfaltada e as casas são iluminadas, o criminoso tem um ambiente claro, já em uma rua do Bairro Dom Antônio Barbosa, onde eu posso ter cinco, oito pontos de luz e a metade da via com terrenos baldios, aquela rua é escura e a chance de um desafeto esfaquear o outro é muito maior, porque aquele meio ambiente social é desfavorável”, analisou Oldegardo.

"Essa mesa de debates vai trazer, para além da quadra da segurança pública, mensagens de outros segmentos que vão somar no enriquecimento social”, Douglas Oldegardo, promotor.