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ANIVERSARIANTE DO DIA O que a numerologia tem a dizer sobre Campo Grande? No dia do aniversário da Capital, acompanhe uma análise do mapa numerológico da cidade realizada pelo campo-grandense Marco Aurélio Ramos, que há 38 anos estuda o assunto 26 AGO 2024 • POR MARCOS PIERRY • 10h00
Na charge do ilustrador Éder Flávio, o filósofo e matemático grego Pitágoras (570-495 a.C.), considerado o pai da numerologia, dá o seu retoque na bandeira da Capital: preocupação com a estética e dinâmica de comportamento perfeccionista, elitista e segre   Éder Flávio

Um ramo das ciências ocultas, uma ferramenta matemática que traz a possibilidade de autoconhecimento no campo pessoal e de entender as dinâmicas e as estruturas de uma empresa, um país ou uma cidade. Para começo de conversa, é assim que o numerólogo Marco Aurélio Ramos, de 56 anos e com 38 anos de dedicação à numerologia, define essa prática. Em seguida, procura desfazer o mito que faz muita gente pensar que o conhecimento a partir dos números não passa de proselitismo.

“A primeira coisa que nós temos que entender é que as pessoas imaginam numerologia, no seu mapa pessoal, para saber os ‘meus’ números da sorte ou que bloqueiam o sucesso ou para mudar uma letra do nome para que tenham realização. Isso é papo furado, é mágica. Numerologia não é isso. É uma ferramenta que traz a possibilidade de você entender o mecanismo comportamental. Para você entender a característica de uma pessoa ou de uma cidade, o ponto de partida é olhar para quatro números que eu chamo de pilares”, afirma.

“Eles dão a estrutura dessa personalidade de uma pessoa ou de uma dinâmica de um local. Você vai de uma cidade pra outra e percebe uma egrégora diferente. Você chega em Campo Grande, tem uma dinâmica, e em questão de minutos as pessoas percebem. Vai pro Rio Janeiro ou pra São Paulo e têm dinâmicas diferentes. Esses quatro números dão essa estrutura”, prossegue.

“Esses quatro números seriam [primeiro] o número da essência do lugar, [segundo] o número da imagem de como esse lugar é projetado e como as pessoas percebem o lugar, [terceiro] o número do destino, que é o propósito, onde está o talento, o recurso, o que é que é mais oportuno. No caso de uma pessoa, são recursos de uma personalidade que ela vai despertando. No caso de uma cidade ou de uma empresa ou de uma instituição, é um propósito. Nem sempre quer dizer que aquele local ou aquela instituição esteja explorando aquele propósito. Na maior parte das vezes, quando se trata de cidades, não está. Mas ela traz uma dinâmica de comportamento local”, explica Ramos.

“E o quarto número, a data de nascimento, que é a soma do dia, do mês e do ano, que a gente chama de lição de vida. Esse é o número mais importante, que é quando aquilo surgiu definitivamente. No caso de uma pessoa, quando sai do universo intrauterino e vem pra esse universo externo. No caso de uma cidade, quando ela realmente passou a ser considerada uma cidade. No caso de Campo Grande, 26 de agosto de 1899”, arremata o numerólogo – e advogado – que trocou a Capital Morena por Cuiabá em 1996.

4-3-7-7

“O que a gente detecta no mapa numerológico de Campo Grande? Ela possui, da essência, quatro. Da imagem, a projeção, três. O destino, que é um número que sai do nome completo, sete. E a lição de vida é também um sete. Na composição da cidade, ela tem uma conjunção quatro e sete. Quando uma cidade tem as características quatro e sete, a gente já sabe que é uma cidade onde a maior parte das pessoas tem uma preocupação muito grande com pontualidade, organização, as estruturas têm que funcionar muito certinho”, revela.

“Você pode observar: Campo Grande, Curitiba, Santa Maria não são mapas iguais, mas elas têm pontos parecidos. A dinâmica do comportamento das pessoas, do dia a dia, é uma dinâmica que busca e visa um perfeccionismo. Isso reflete em geral. Mas essa mesma conjunção traz o comportamento elitista, segregacionista. Você veja, Campo Grande tem a imagem em três. Essas cidades visam, com o tempo, uma preocupação com a estética, em ser uma cidade bonita, organizada”, amplia Ramos.

TRABALHADORA E AUTISTA

“Quem chega, num primeiro impacto, sempre tem uma boa impressão da estrutura da cidade. Isso é do três. Mas o que revela a dinâmica do dia a dia? A dinâmica do dia a dia é esse quatro e esse sete. É o que traz, no comportamento das pessoas, essa preocupação que a gente fala assim: ‘O campo-grandense, a preocupação dele é trabalhar’. Uma cidade que você pode observar que tem menos vida noturna, porque o sete não é um número de movimento de noite. Lógico que tem, porque tem jovem, tem gente que gosta, mas no geral não é”, afirma.

“Campo Grande tem dois setes. Qual o propósito de uma cidade dessas? O que seria ideal? Uma cidade voltada, por exemplo, a universidades, pesquisa, laboratório, tecnologia. Se tivesse uma gestão para direcionar qual é o recurso, o talento, onde está o melhor talento da cidade? Pesquisa de comportamento humano. Sete rege psicologia, tudo que envolve comportamento, ocultismo também, filosofias religiosas. Tem fortemente as filosofias japonesas, igreja messiânica, que é uma linha do budismo, Seicho No Ie”, diz o numerólogo.

 “Mas, ao mesmo tempo, o mesmo sete, tem seu aspecto mais desafiador, a outra face. Ele pode levar também para uma espiritualidade mais fanática, dogmática. O sete rege aquilo do inconsciente. Normalmente, em Campo Grande, as pessoas são mais reservadas. Não são muito abertas inicialmente. Elas demoram pra te levar pra dentro de casa, para uma aproximação mais íntima. Têm um lado desconfiado, observador, analítico. Isso é do sete, que Curitiba também tem. O sete também é um número que rege o submundo”, afirma.

“Então você pega o índice alto de depressão, já teve índices altos de suicídio. Por que isso? Toda cidade que tem uma conjunção sete e quatro, de um lado, a população tem uma preocupação grande que a cidade funcione muito bem, que tudo esteja muito limpo e organizado. De outro lado, isso gera o comportamento de uma sociedade onde a autocobrança é muito elevada. E tem o lado negativo, que é a depressão, o suicídio. Sete rege o uso de medicamentos pra depressão e, principalmente, pra dormir”, diz Ramos.

“Sete rege drogas, mas tudo no nível do submundo, ocultado, escondido. Sete rege o submundo do crime. A canalização construtiva da cidade é direcionamento, por exemplo, para uma cidade onde seria ótimo o investimento em terapia, como na Argentina, em Buenos Aires. Se houvesse um direcionamento para o tratamento de saúde mental, uma cidade voltada à qualidade de vida. Isso é do sete. As pessoas não gostam de barulho, Campo Grande não gosta de barulho”, afirma o especialista.

“A gente diz que um lugar sete tem um comportamento autista, se incomoda com barulho, gente, multidão, muita proximidade física. Não é um lugar muito sinestésico, em que você já chega tocando, abraçando as pessoas. Isso é característica de cidade que tem essa conjunção sete e quatro. E por ela ter o nascimento no dia 26 de agosto de 1899, a data de nascimento define o propósito. Qual o forte, o mote de Campo Grande? Para onde deveriam ser direcionados os investimentos?”, indaga o numerólogo.

“Focar em qualidade de vida, e ela já faz isso: parques, natureza. Universidades, pesquisas, tecnologia, feira de eventos. Não é um lugar em que prospera muito a badalação, agitação. Agora, turismo de eventos, turismo de busca de conhecimento, por exemplo, congressos de medicina, de algum assunto. Isso é que seria o talento de Campo Grande, se tornar uma meca pra essa dinâmica, por causa dos dois números sete que ela tem. Cada cidade tem um recurso melhor para um lado, o que nem sempre é explorado pelo poder público”, pontua.

PARECE MAS NÃO É

“A gente fala que Campo Grande parece mas não é, porque tem uma imagem. Quem chega, num primeiro momento, fica encantado. É no dia a dia que a pessoa começa a perceber a dificuldade de construir laços de amizade, de intimidade. É um ambiente muito exigente um com o outro. Isso é característica do quatro e sete. O nível de exigência é muito alto. Uma rigidez, uma inflexibilidade. Tem um lado bom que traz eficiência máxima. O lado negativo é essa exigência muito alta. As pessoas ficam muito preocupadas: ‘A minha função, a minha reputação’”, exemplifica.

“É típico de uma energia quatro e sete essa preocupação, um comportamento obsessivo da população, de fazer com que tudo funcione muito bem e que tudo esteja esteticamente perfeito, limpo e organizado. Mas, tudo tem os dois lados. O elitismo, a segregação, o preconceito, a rigidez. Vem dessa conjunção quatro e sete. É muito acentuado. É a característica do lugar, é assim que funciona. E como é que faz uma pessoa que não se adapta a isso? Você muda”, diz Ramos.

GESTÃO PÚBLICA

O que está oportuno e o que é necessário buscar no momento atual? “Existem na numerologia o que a gente chama de trânsitos, que definem o momento. É comum o leigo confundir essa ideia com previsão, mas essa palavra está errada. O que nós conseguimos é fazer um recorte de um tempo e espaço e tirar pontos que têm uma probabilidade muito grande de acontecer. E esses pontos que eu elenco, quando se confirmam, tomam uma cara de previsão. Mas o termo mais correto pra tudo isso é prognóstico”, afirma.

“O prognóstico tem um sentido mais amplo. Diz assim: ‘Esse momento, está mais oportuno fazer isso, explorar essa situação, tomar um pouco mais de cuidado com esse detalhe’. Ele dá os indicativos para onde deveria direcionar as energias, as forças e a atenção, quer seja da pessoa quando do mapa pessoal, quer seja do empresário quando do mapa da empresa ou do prefeito que está conduzindo a cidade. Campo Grande entra agora, com 125 anos, no ano seis. O ano cinco, que ela está terminando, é um ano volátil”, responde.

“Os números pares são números mais ‘in’, de estruturação, de organização e de assentamento, de baixar a poeira e fazer as coisas entrarem no eixo. Ela sai de um ano cinco, que é imprevisível, inclusive quando se tem, como agora, a eleição. No cinco, uma dificuldade às vezes de definir algo e continuar com aquilo linearmente, porque o cinco é o número da imprevisibilidade. Por isso que ele rege a bolsa de valores. Quando chega o seis, o que acontece? O prefeito que assumir tem que baixar a poeira, estabelece um acordo”, diz.

“Procurar bom convívio, trabalho de parceria. Não é um ano para estimular conflito, é um ano para negociação. Por exemplo, tem tantos porcento de débito de IPTU? O bônus pra chamar pra acordo, pra conversar, negociar conflitos, pacificar situações, estabelecer acordos. É você retomar a paz, a organização do dia a dia. No ano seis, ele precisa fazer isso. Estabelecer um bom convívio com a equipe que trabalha, funcionários, etc. Formar parcerias, por exemplo, público-privadas”, fundamenta o numerólogo.

“Qualquer tipo de parceria que a prefeitura venha a fazer pra desenvolver algum projeto é o número seis, que rege contratos. Mas ele também rege quebra de contratos. E para evitar quebra de contratos, muitas vezes, o prefeito tem que negociar e ceder em algumas coisas. Aí depende de quem assume. Se assume uma pessoa que tem uma capacidade de negociação muito grande, a cidade ganha muito. Se assumir alguém neste ano seis que é muito intransigente e rígido, aí vamos ter problemas”, aposta Ramos.