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Cartão Vermelho "Federação paralela" leva Cezário para a prisão de novo O ex-dirigente é investigado pelo MPMS, que apura desvio de mais de R$ 6 milhões 29 AGO 2024 • POR Judson Marinho e Naiara Camargo • 09h45
Francisco Cezário foi preso na manhã de ontem pelo Gaeco   Foto: Marcelo Victor

Pouco mais de três meses após despacho que concedeu liberdade a Francisco Cezário, de 78 anos, o presidente afastado da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS) foi preso novamente pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) na manhã de ontem, por criar uma “federação paralela” para seguir no controle.

Segundo o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), o motivo da prisão foi a descoberta do Gaeco de que o presidente afastado continuava a participar, nos bastidores, dos rumos da FFMS, reunindo-se em sua residência com presidentes de clubes e dirigentes esportivos.

Além dessa influência no futebol do Estado, que, segundo o MPMS, Francisco Cezário manteve mesmo afastado de suas obrigações como presidente da entidade, o ex-dirigente conseguia acompanhar de perto as reuniões que ocorriam no âmbito da FFMS.

Investigado e preso na Operação Cartão Vermelho, deflagrada em maio deste ano, Francisco Cezário teve uma liminar aprovada concedendo sua liberdade da prisão no dia 6 de junho, 15 dias depois da operação.

O motivo da liberação foi a morte de Maria Roza de Oliveira, irmã de Cezário, fato que levou à alegação do ex-dirigente de ter problemas de saúde, sendo necessária sua internação no Hospital da Cassems.

Desde sua alta, Cezário permaneceu solto, em razão de decisão assinada pela desembargadora Elizabete Anache, da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), que impôs algumas condições para o investigado.

Além do uso de tornozeleira eletrônica, Cezário não podia manter contato com os demais acusados e testemunhas, participar de atividades na FFMS, comparecer à sede da FFMS, ausentar-se da Comarca por mais de oito dias sem prévio conhecimento e anuência do juízo natural e mudar de endereço sem autorização.

Francisca Rosa de Oliveira, advogada e irmã de Francisco Cezário, saiu em defesa do irmão, após ele ter sido preso novamente, nesta quarta-feira, na residência da família mora, em Campo Grande.
Segundo Francisca, o investigado na Operação Cartão Vermelho é vítima e não há provas de desvio de dinheiro.

“Até agora nós estamos sendo vítimas de uma coisa que nós não estamos nem sabendo, porque não existe nada que diga que houve esse desvio de dinheiro”, disse Francisca, ao deixar a residência da família ontem.
Questionada sobre o que teria motivado a nova prisão, a irmã disse que não procede que Cezário teria descumprido ordens judiciais.

“Nós estamos, inclusive, evitando todo e qualquer motivo para isso, pela idade dele, né? E pela saúde dele, que está fazendo fisioterapia. Ele está com má circulação nas pernas, é cardíaco, é uma pessoa doente e que está sendo vítima de tudo isso”, concluiu.

Procurada pela reportagem, a Federação de Futebol do Mato Grosso do Sul FFMS, ao ser questionada se Francisco Cezário ainda exercia influência nos bastidores, informou que não se pronunciaria sobre o assunto.

Saiba

Segundo as investigações, o esquema tinha como objetivo o desvio de dinheiro proveniente do governo do Estado, por meio de convênios, e da CBF para uso em benefício próprio.