Logo Correio do Estado

Correio B+

Capa B+: No Dia da Bailarina: Entrevista exclusiva com a bailarina brasileira Priscilla Yokoi

"A Ana Botafogo sempre foi uma inspiração pra mim! Me sinto honrada em estar nessa parceria com ela".

1 SET 2024 • POR Flavia Viana • 20h00
Capa B+: No Dia da Bailarina: Entrevista exclusiva com a bailarina brasileira Priscilla Yokoi   Foto: Samsung Galaxy S24 Ultra

Priscilla Yokoi iniciou sua vida como bailarina aos 2 anos de idade quando começou a estudar Ballet Clássico. Formada pelo Ballet Aracy de Almeida, ela foi e sempre será uma das grandes revelações do Ballett do nosso país. Coreógrafa e bailarina Priscilla já se apresentou em mais de 15 países.

Dançou como convidada especial o papel principal no Ballet do Theatro Municipal de Santiago Chile, integrou-se como primeira bailarina no Columbia Classical Ballet USA, em 2008 voltou ao Brasil compondo a São Paulo Companhia de Dança como primeira Solista.

Priscilla ensina novos bailarinos, dá palestras e workshops por todo o Brasil. Ela produziu e idealizou a inédita Gala Clássica Internacional de Paulinia, com o apoio da Prefeitura da região.

A bailarina reuniu estrelas do Ballet Clássico Mundial proporcionando um intercâmbio com adolescentes e bailarinos deficientes visuais. Este evento lhe proporcionou o Voto De Jubilo e Congratulações da Câmara Municipal de São Paulo, entregue pela Vereadora Edir Sales. Juntas elas encabeçaram a criação do Dia do Ballet Clássico na cidade de São Paulo, aprovado pela Câmara de Vereadores de SP.

Registrar seu nome na história por conta da juventude não é novidade para a bailarina que, aos 15 anos, recebeu um prêmio especial do júri como mais jovem finalista do International Ballet Competition, na Bulgária. Aos 16, ela foi eleita Melhor Bailarina Clássica do Festival de Dança de Joinville e, daí em diante, seguiu com suas conquistas profissionais no Brasil e exterior, ganhando o reconhecimento e a admiração dos bailarinos e do público.

Priscilla Yokoi também é Fundadora do Fórum Internacional de Cidadania, conselheira no Conselho Superior da Indústria Criativa na FIESP (COSIC) e Diretora Cultural da Economia Criativa do Instituto Cidadania Ambiental (ICA) e foi Diretora Artística da Escola de Dança do Theatro Municipal de São Paulo. Recebeu prêmios da Câmara Municipal de São Paulo, Prêmio Clap – Paulinia, Assembleia Legislativa de SP e Prêmio Jovem Brasileiro de Melhor Bailarina Clássica da Atualidade. 

Alguns de seus prêmios nacionais e internacionais:

- Medalhas de Ouro e Prêmio de Melhora bailarina no Festival de Dança de Joinville.
- Festival de Danza del Mercosur Buenos Aires
- Consurso Internaxionale de Danza di Cittá di Rieti – Itália.
- Medalha de Prata no IBC Japão
- Laureada em Lausanne-Suíça
- Grand Prix Sansha no IBC New York
- Prêmio Jovem Brasil como Melhora Bailarina da Atualidade
- Ibc Varna – Bulgária 
Entre outros...

Priscilla viajou o mundo como bailarina convidada para representar o Brasil nos principais festivais de dança internacionais. Aposentada dos palcos, atualmente ela também é empresária da dança e fundou há dois anos a sua marca que leva o seu nome - Priscilla Yokoi Store e rescentemente lançou em parceria com a também bailarina Ana Botafogo a sua primeira coleção no Festival de Dança de Joinville.

No Dia da Bailarina e no mês que se comemora a data no meio da dança, Priscilla Yokoi é Capa exclusiva do Correio B+ desta semana, e em entrevista ao Caderno ela fala sobre seu início na dança, como é ser reconhecida como uma das melhores bailarinas da sua geração, como vê o ballet nos dias de hoje e também de sua parceria com a bailarina Ana Botafogo.

A bailarina e empresária Priscilla Yokoi é Capa exclusiva do Correio B+ desta semana - Foto: Glauco Epov - Diagramação: Denis Felipe e Denise Neves

CE - Porque você escolheu a dança?
PY - Pensando bem, acho que foi a dança que me escolheu (risos). Desde meus 2 anos a dança sempre foi a melhor maneira de me expressar. Minhas brincadeiras sempre eram apresentando um programa de TV me connvidando para dançar. É impressionante como essa lembrança é tão viva ainda dentro de mim.

CE - Como é ser considerada uma das melhores bailarinas da sua geração?
PY - É uma honra ser reconhecida por tamanho esforço e dedicação, passa um filme na minha cabeça de tudo o que vivi até hoje. Muitos não imaginam que para conquistar algo, precisamos renunciar e abrir mão de muitas coisas. Quantos " nãos " recebemos ao longo dessa caminhada? Quantas traições? Quantas pedras no meio do caminho? Mas precisamos ter a certeza de, um alvo, um objetivo, muita dedicação, muita entrega e a clareza de quem somos. Devemos ser verdadeiros, simples, humildes porque no tempo certo colheremos o fruto do nosso trabalho.

CE - Você já viajou pelo mundo todo, que lugar mais te marcou e porque?
PY - Viajei muito mesmo e por incrível que pareça em todas elas tenho momentos marcantes que me trouxeram grandes aprendizados e reflexões sobre o que eu realmente queria. Mas o Prix de Lausanne na Suíça marcou minha independência. Viajar sozinha pela 1° vez em uma época que não tinha celular e a comunicação era extremamente rara, eu tinha apenas 16 anos, sem falar outra língua, somente com um dicionário Inglês X Português embaixo do braço para a principal competição de ballet juvenil do mundo em para outro país, teria que ser marcante mesmo. Hoje eu penso como minha mãe foi corajosa (risos).

CE - Qual a diferença de ser bailarina hoje e na sua época? O que mudou?
PY - Dancei profissionalmente por 20 anos, representando o país em diversos concursos, galas e cias, e muitas pessoas não sabem disso. Talvez se eu fosse dessa geração teria alcançado um maior público do que na minha época. Sem dúvida a internet hoje faz muita diferença.
 

Priscilla no palco com o bailarino Murilo Gabriel na Gala Clássica Internacional no Theatro Municipal de SP - Foto: Tomas Kolisch

CE - O que você mudaria na sua trajetória e porque?
PY - Na minha trajetória eu não teria o poder de mudar, porque ela foi consequência das minhas decisões. Mas se eu pudesse mudar algo naquela época, eu mudaria muita coisa do meu temperamento, entre elas com certeza eu seria mais tolerante e paciente, entendi isso mais velha mas nunca é tarde para mudar (risos).

CE - Você criou o dia Municipal do ballet clássico. Como foi e é essa data atualmente?
PY - Sim, na época o Ballet Clássico estava começando a ser deixado de lado, por ser taxado de "somente para a elite ", e o objetivo de criar essa data foi para que todos soubessem que o Ballet Clássico é para todos, independente de raça, credo ou classe social. Eu tinha o desejo de que as pessoas entendessem que o Ballet é capaz de transformar vidas e trazer a esperança para aqueles que praticam ele. Hoje essa data sempre é comemorada dia 24 de Abril nascimento de Marilia Franco uma inspiração para nós bailarinos Paulistas.

CE - E a Gala Clássica?
PY - Bom, ela é meu xodó (risos). Foi criada nessa mesma época, para promover oportunidades de intercambio de bailarinos estudantis brasileiros com bailarinos profissionais e mestres de ballet internacionais. Esse evento são de 4 dias intensos de aulas, ensaios e apresentações. Uma verdadeira imersão no universo da dança clássica.

CE - Você já esteve em Campo Grande MS, como vê a dança na região?
PY - Sim, diversas vezes para dançar e levar a Escola de Dança do Theatro Municipal de São Paulo. 
É um lugar rico em talentos, que tem uma possibilidade gigante de crescimento nessa área artística, todas as vezes que vou, fico impressionada com tantos jovens talentosos que encontro e isso me alegra muito, saber que nossa arte tem fomentado bastante por esse Brasil a fora.

                Priscilla á frente da Escola do Theatro Municipal de São Paulo - Divulgação

CE - Você se aposentou dos palcos? Quando foi e como é pra você?
PY - Sim. Me aposentei quando assumi a Direção da Escola de Dança do Theatro Municipal de São Paulo.
Foi uma decisão maravilhosa. Não me arrependo em nenhum minuto, eu já tinha vontade de parar nos últimos anos de bailarina eu entrava na sala de aula para me preparar e minha cabeça estava em como ajudar as pessoas a alcançarem seus sonhos através da dança, na gala clássica, no fórum (outro evento que promovo) em como conseguir patrocínio (risos). Minha cabeça já estava em outro lugar. Eu dancei muito minha vida inteira, comecei meus estudos de ballet com 2 anos de idade, tudo na minha vida aconteceu muito cedo, então encerrar minha carreira de bailarina essa época foi no momento exato. E hoje sou empresária dentro da dança e, por isso, me realizo vendo os outros dançarem.

CE - Você lançou uma linha com a também Ana Botafogo um dos principais nomes da dança no Brasil. Como surgiu a ideia?
PY - Foi Maravilhoso como tudo surgiu. Do nada! A Ana me convidou para ser jurada e ministrar aulas do Grand Prix Ana Botafogo, evento no qual ela promove. Em um jantar ela ouviu a sócia dela da Ambar me perguntar se eu confeccionava uniformes para a escola, eu disse que sim e a Ana imediatamente me perguntou: 
-Você faz personalizado?
Eu disse: -Sim
- Por um acaso você faria para outra bailarina? (Risos).
- Claro 
-Você faria para mim?
Enfim foi assim mesmo que tudo começou. Tem sido uma parceria saudável onde desenvolvo peças especialmente para ela, nas cores e modelos são totalmente inspirados na personalidade dela.

CE - A Ana é de outra geração da Dança, como é pra você essa parceria?
PY - É incrível, a Ana sempre foi uma inspiração pra mim, de bailarina, conduta e caráter. Me sinto honrada em poder participar de um desenvolvimento desses e ser a fabricante que estabelece a marca dela no país.

Priscilla ao lado da bailarina Ana Botafogo - Foto: Samsung Galaxy S24 Ultra

CE - Você é convidada para muitos eventos no país, como é esse reconhecimento
PY - Muito gratificante, hoje por conta de toda minha trajetória na dança e agora como empresária me abriu portas ainda maiores e sou convidada não mais só para eventos de ballet, mas sim para diversos seguimentos comerciais para linkar a dança, com a vida empresarial.

CE - Sua filha também é envolvida com arte, você a influencia?
PY - Sim! A Manu ama a dança, a ginástica, o audiovisual e musicais, dançava desde dentro da minha barriga e quando nasceu, gritava com um vozeirão (risos) dizíamos que seria cantora de ópera. Eu nunca incentivei, pelo contrário, sempre fiquei neutra, pelo receio de ser cobrada por ser minha filha. É uma escolha dela.

CE - Deixe uma mensagem para o dia da bailarina...
PY - Bailarinas, nunca deixe de sonhar, persista, insista, se dedique, não tenha medo, vá em frente, seja forte e corajosa tenha bom ânimo porque O Sr Teu Deus é contigo. Ultrapasse seus limites, porque você consegue. Não pare pra se comparar com a outro, lembre-se de regar primeiro o seu jardim, deixe q o jardim do outro, ele mesmo regará. Não se paralise por conta dos obstáculos, eles servem para te fortalecer e te impulsionar a alcançar lugares ainda mais altos.

Priscilla com a filha Manuela Yokoi - Foto: Samsung Galaxy S24 Ultra
Priscilla ao lado da bailarina Luisa Costa vencedora da categoria Jr. do Festival de Dança de Joinville e da amiga e diretora de musicais no Brasil Fernanda Chamma - Foto: Samsung Galaxy S24 Ultra