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Campo Grande

Dono de boca de fumo morre em confronto com a PM

Ponto no bairro Nova Campo Grande era monitorado pela Polícia Militar por conter alto fluxo de usuários de droga

3 SET 2024 • POR Alanis Netto • 09h18
Imagem ilustrativa   Arquivo

Na noite da última segunda-feira (2), uma operação da Polícia Militar, que visava desarticular uma boca de fumo, terminou com um traficante morto a tiros.

O homem foi identificado como Gideão Sanabria Lima, apontado por clientes como o "proprietário" do local.

Segundo Boletim de Ocorrência, o ponto de distribuição de entorpecentes era um "barraco", feito com paletes, localizado nas proximidades da indústria JBS, no bairro Nova Campo Grande. O ponto também era conhecido pelos usuários como "boca do Gideão".

Quando as investigações acerca do local tiveram início, foi solicitado monitoramento à Agência Local de Inteligência (ALI) da 5ª Companhia Independente da PM (CIPM), que flagrou uma grande movimentação de usuários de drogas na região.

Um dos indivíduos que estiveram no local foi abordado pela viatura policial próximo ao pontilhão da JBS, carregando um papelote preto, com substância análoga a cocaína. Ele contou ser dependente químico, e que a boca era conhecida como Gideão. Disse ainda que o dono morava no local, mas que havia comprado a droga de uma senhora nesta visita mais recente.

Outro usuário foi abordado, também carregando um papelote preto com substância análoga a cocaína. Ele relatou que foi ao local e efetuou a compra com duas pessoas: uma mulher idosa e um homem, que disse não conhecer.

A Inteligência reportou a movimentação, indicando aos agentes que a venda de drogas era realizada por ao menos três indivíduos: uma mulher e dois homens.

"Confirmada a mercancia de drogas, foi solicitado o apoio à equipe de Força Tática (FT) da 10ª CIPM", diz Boletim de Ocorrência.

Segundo a PM, foi necessário realizar um planejamento da ação, visto que a área possuí córrego e mata de grande extensão, fatores que contribuem para fuga. Por isso, foi armado um cerco no entorno do imóvel.

"As equipes que entraram pelos fundos, especialmente o Sgt. Fabricio, foram recebidas com um disparo de arma de fogo efetuado por um homem, obrigando o sargento a se abrigar e se deitar no chão", descreve ocorrência.

Após o ataque contra o sargento, o autor, Gideão Sanabria Lima, avistou a Força Tática da PM, e passou a atirar na direção da equipe, momento em que os militares teriam atirado de volta.

"Não restou outra opção senão revidar a injusta agressão, utilizando suas armas de fogo para neutralizar e posteriormente desarmar o autor", acrescenta boletim.

Gideão foi socorrido com sinais vitais e encaminhado ao Posto de Saúde Santa Mônica, local onde a equipe médica constatou o óbito.

Na boca de fumo foi encontrada uma mulher, identificada como Gisele Batista, que tentou fugir para uma casa próxima. Ela foi apontada pelos usuários como a pessoa que recolheu o dinheiro no momento de compra dos entorpecentes.

Ela foi encaminhada à delegacia, onde alegou ter entrado no local para comprar água, e que ele pediu que ela entregasse entorpecentes, afirmando que "não dá nada". Gisele revelou que a boca é de Gideão, e que quem sempre trabalha com ele é um homem, de nome David.

Cães encontraram as drogas

Para realizar as buscas e tentar localizar o entorpecente, foi acionada a equipe do canil do Batalhão de Choque. O cão encontrou nas dependências do imóvel algumas porções de drogas: seis porções de substância análoga à cocaína (71 gramas) e 19 porções de substância análoga à maconha (100 gramas).

Ainda havia outras porções de drogas caídas próximas ao local onde ocorreu o confronto com as equipes, além da arma de fogo localizada com o autor dos disparos. Foram apresentados à delegacia:

quantia de R$ 160,00; 42 porções de substância análoga a cocaína, pesando 40 gramas; duas pistolas Beretta que estavam sendo utilizadas por militares; e um revólver Taurus, cal. 38, utilizado por Gideão, com seis munições, dentre elas quatro percutidas e deflagradas e duas intactas. 52ª morte em confronto

Mato Grosso do Sul já soma 52 óbitos por intervenção de agentes do Estado em 2024.

As vítimas fatais eram em maioria homens (44), e 7 das vítimas não tiveram o sexo informado. Quanto à idade, a maioria dos óbitos foram de jovens (27) entre 18 e 29 anos; seguida por adultos (15) de 30 a 59 anos; adolescentes (3) de 12 a 17 anos; e um idoso, de idade superior a 60 anos. Do total de registros, seis não informaram a idade da vítima.

O índice deste ano é 26,7% inferior ao registrado nos primeiros oito meses do ano passado, quando 71 pessoas haviam sido mortas pela polícia.

Vale lembrar que 2023 foi recorde em mortes causadas por agentes de Estado em Mato Grosso do Sul, com 131 mortos de janeiro a dezembro, quantidade 156,8% superior ao registrado em 2022, quando 51 foram mortos.

Em 2023, a maioria dos mortos em confronto com a polícia foram homens (93,8%); com relação a idade, a maioria era jovem (54,9%) de 18 a 29 anos.

Os dados são da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul (Sejusp).

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