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Desespero

Moradores entram em pânico com incêndio em vegetação

Os moradores, utilizando mangueiras, tentaram ajudar as equipes do Corpo de Bombeiros no combate às chamas, que se intensificaram ao atingir árvores e devido à umidade do ar abaixo de 12%.

4 SET 2024 • POR João Gabriel Vilalba • 14h30
Fogo que inicou em uma área de vetegação, ganhou combustão e atingiu diversos moradores   Reprodução/

Moradores da Rua Biotita, no bairro Coopharadio, em Campo Grande, saíram desesperados de suas residências na tarde de hoje (4), após um incêndio de grandes proporções atingir áreas de vegetação na região. Com o tempo extremamente seco, o fogo se alastrou rapidamente e uma densa fumaça se espalhou pelo bairro.

Em vídeos enviados à redação do Correio do Estado, é possível ver que algumas residências quase foram atingidas pelo fogo.

Moradores, utilizando mangueiras, tentaram ajudar as equipes do Corpo de Bombeiros que lutavam contra as chamas, que se intensificaram ao atingir árvores e devido à umidade do ar abaixo de 12%.

A empresária Luana Cordobá, que mora em frente às áreas atingidas, relatou ter levado um susto ao se deparar com o fogo alto, próximo aos veículos estacionados na via.

“Tenho crianças em casa e levamos um susto com a altura que o fogo atingiu. Tive que sair correndo porque o meu veículo estava estacionado e ficamos apavorados porque o fogo pegou muito rápido e ficou descontrolado”, disse.

Caminhões do Corpo de Bombeiros estiveram no local combatendo as chamas. Até o momento, as causas estão sendo apuradas. Não há registro de feridos ou de outras residências atingidas.

Equipes da Guarda Civil Metropolitana também estão no local, para garantir a segurança dos moradores. 

Segundo o Corpo de Bombeiros, outros bairros também foram atingidos por incêndio nesta tarde. Entre os de maiores proporções estão a Vila Albuquerque, Residencial Betaville, Coopharadio e Rita Vieira.

Cidades de MS com baixa umidade do ar 

Na tarde de ontem (3),  várias cidades de Mato Grosso do Sul registraram índices extremos de umidade relativa do ar, sendo o recorde a cidade de Três Lagoas, onde a umidade chegou a 7%, prejudicial à saúde e com risco de morte. Segundo informações meteorológicas, o calor não dará trégua nos próximos dias, pois o estado de Mato Grosso do Sul está em uma bolha de calor, e a situação deve se agravar.

Segundo dados do meteorologista da Uniderp, Natálio Abrahão, quatro cidades de Mato Grosso do Sul registraram umidade relativa do ar abaixo de 10%, estabelecendo novos recordes.

Três Lagoas- 7%  Água Clara- 8%  Paranaíba- 8%  Chapadão do Sul- 9% 

Outras sete cidades também registraram umidade relativa do ar abaixo de 12%.

Campo Grande-10%
Camapuã-10%
Ribas do Rio Pardo -10%
Sidrolândia -11%
Dourados -12%
Maracaju -12%
Aquidauana-12%

“Estamos em situação de emergência devido à umidade crítica, que representa risco de vida para idosos, gestantes e aviários. Por isso, precisamos ter muito cuidado e nos proteger, pois estamos enfrentando situações de risco extremo para a saúde humana”, relatou o meteorologista.

 
Risco

A baixa umidade relativa do ar pode causar ou agravar algumas doenças e trazer sintomas ao corpo humano.

O sistema respiratório é o mais afetado, pois, segundo médicos especialistas, o ar seco favorece o ressecamento das vias aéreas e a mucosa não consegue proteger o organismo de diversas infecções. Além disso, o período de queimadas deixa o ar com mais agentes particulados e poluição, que também causam alergias.

É comum o desencadeamento de crises de asma, sinusite e rinite.

O ar seco também mantém suspensos vírus e bactérias, que podem causar inflamações na garganta, gripes e resfriados, além de desencadear crises de asma, sinusite

Até pessoas que não tem doenças ou predisposições podem ser afetadas por sintomas como dor de cabeça, cansaço, coriza, sangramento no nariz e pressão na face.

A pele também sofre com ressecamento e podem surgir dermatites, crises de coceira e vermelhidão.

Nos olhos, os sintomas incluem ressecamento, inflamação, coceira, vermelhidão e dor, podendo ocorrer também conjuntivite alérgica.

Quando os índices estão abaixo de 10%, a situação é considerada de emergência, pois há riscos graves para a saúde, podendo levar à morte.

Entre os riscos, está o aumento de casos de acidente vascular cerebral (AVC), já que a falta de umidade deixa os brônquios mais fechados, o que atrapalha o fluxo sanguíneo em direção aos pulmões e força o bombeamento de sangue pelo coração.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, o sangue fica mais espesso e torna mais fácil o entupimento dos vasos sanguíneos, o que pode causar o AVC.

Há também risco para pessoas com problemas cardíacos e hipertensos.

Situação deve piorar 
Segundo dados do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec), a previsão para os próximos dias é de tempo firme e muito sol.

A previsão indica a continuidade do tempo firme em todos os municípios de Mato Grosso do Sul. Essa situação ocorre devido à atuação de um sistema de alta pressão atmosférica, que age como um bloqueio e inibe a formação de nuvens, favorecendo um clima quente e seco no Estado.

Ainda segundo informações meteorológicas, no período da tarde, a umidade relativa do ar deve variar entre 8% e 20%.

Segundo os dados meteorológicos, as condições previstas de tempo quente e seco tornam o ambiente propenso à ocorrência de incêndios florestais. Portanto, recomenda-se que a população não ateie fogo em nenhuma situação. 

Preocupados com a saúde humana, recomenda-se beber bastante líquido e umidificar os ambientes. 

Não praticar exercícios físicos durante as horas mais quentes do dia Evitar exposição ao sol das 9h às 17h Usar protetor solar Beber muita água Usar roupas finas e largas, de cores claras e tecidos leves (de algodão) Não fazer refeições pesadas proteger-se do sol com chapéus e óculos de proteção Manter o ambiente arejado, com umidificador de ar, ventilador, toalhas molhadas, baldes cheios d’água e ar condicionado. 

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