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ALERTA Rio Paraguai deve atingir o pior nível de seca do século, projeta Agência de Águas Diagnóstico analisado na sexta-feira ainda mostrou que as chuvas vão ficar abaixo da média histórica até novembro 9 SET 2024 • POR Rodolfo César, de Corumbá • 09h00
Rio Paraguai está com nível baixo e projeção da ANA mostra que situação deve piorar com seca   Foto: Rodolfo César

A seca histórica no Rio Paraguai de 1964, quando o nível alcançou 61 centímetros negativos, está com condições de ser superada neste ano, 60 anos depois. O prognóstico foi observado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), por conta do monitoramento constante que é feito. 

Em evento ordinário da Agência Nacional das Águas (ANA), na quinta reunião da Sala de Crise da Bacia do Alto Paraguai, no Pantanal, realizado na sexta-feira, a gravidade da estiagem está prolongada e sem horizonte de curto prazo para encerrar.

Desde quando a estiagem passou a ser registrada no Pantanal, em 2019, o atual nível do Rio Paraguai é o mais crítico. Na régua de Ladário, administrada pela Marinha do Brasil e uma referência para identificar as condições do rio, indicou, no dia 6, que o nível estava em 25 cm negativos. Nenhum número desse tipo havia sido alcançado nos últimos quatro anos.

Na mesma data, no ano passado, o nível era 3,65 m. Nos demais anos, a situação também variou, mas sem chegar às condições deste ano: 1,56 m em 2022; 0,08 cm em 2021; 0,58 cm em 2020; e 3,18 cm em 2019.

As chuvas estão abaixo da média na região do Pantanal, com isso, os níveis dos rios da Bacia do Rio Paraguai seguem em processo de descida acentuada. 

Além da régua de Ladário, há outras áreas monitoradas. Em todas as estações monitoradas pelo SGB, nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, as cotas estão abaixo do esperado para o período. 

O pesquisador em geociências do SGB, Marcus Suassuna, indicou que os prognósticos geram alerta. 

“Mesmo que até setembro chova a média para o período, o ano hidrológico [outubro de 2023 a setembro de 2024] vai acumular menos chuva do que em 2021, quando aconteceu a segunda pior seca do histórico e o rio chegou na cota de -60 cm. Em 1964, o Rio Paraguai chegou à cota de -61 cm”, disse Suassuna. 

Ao longo do Rio Paraguai, outras regiões seguem com cotas baixas. Na estação do Forte Coimbra, no município de Corumbá, o nível marcou -1,50 m no dia 6 de setembro – a média é de 3,66 m. Nessa região, a navegação é importante, por conta do porto próximo que transporta minério de ferro.

O SGB indicou também que nos municípios de Mato Grosso o cenário é grave. Em Cáceres, região de nascente do Rio Paraguai, o nível identificado foi de 0,38 cm, quando a média é de 1,61 m. 

“É importante ressaltar que as cotas indicadas nos gráficos e tabelas são valores associados a uma referência de nível local e arbitrária, válida para as réguas linimétricas específicas de cada estação”, detalhou nota do órgão federal.

As condições críticas já eram alertadas pelo SGB desde fevereiro. O deficit de chuvas passou a ser observado no começo do ano. Sem chuva e com baixo nível do Rio Paraguai, um dos impactos é em relação ao fornecimento de água para as cidades de Corumbá, Ladário e Porto Murtinho, que dependem integralmente da captação do rio. Para essas regiões, já existe um plano de contingência que está sendo implantando pela concessionária Sanesul.

PREVISÃO E ANOMALIAS

Durante a quinta reunião da Sala de Crise da Bacia do Alto Paraguai, no Pantanal, realizada na sexta-feira, os técnicos indicaram a anomalia de temperatura alta para Mato Grosso do Sul para as próximas semanas.

Nesse cenário, há um aumento da evaporação do rio, além de facilitar a propagação de incêndios florestais. 
Entre o começo deste mês e o dia 4 de outubro, não há indicativo de registro de chuvas para o território. 

Em termos do próximo trimestre, que poderia marcar o início do período de chuva, as previsões não são boas. O diagnóstico feito é de chuva abaixo da média em boa parte do Brasil, incluindo Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Ou seja, a situação crítica pode gravar-se nos próximos meses.

CAMPO GRANDE

Assim como o Rio Paraguai, a capital do Estado, Campo Grande, vive o ano mais seco em décadas.
Dados disponíveis no Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) mostram que, desde 2015, o acumulado de chuvas até agosto deste ano é o menor do período. Em oito meses choveu apenas 418,6 milímetros na Capital.

Por outro lado, dados do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec-MS) mostram que desde 2002 não chovia tão pouco na cidade.

Saiba

Em maio deste ano, a diretoria colegiada da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) aprovou – pela primeira vez na história – a Declaração de Situação Crítica de Escassez Quantitativa dos Recursos Hídricos na Região Hidrográfica do Paraguai.

A resolução vigora até o dia 31 de outubro deste ano, fim do período seco normal na Bacia do Paraguai, a principal do Pantanal. 

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