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Desabamento do teto de casarão revela abandono do Porto Geral de Corumbá A maioria dos prédios do Casário do Porto não tem manutenção, está em processo de deterioração e não é fiscalizada 9 SET 2024 • POR Silvio Andrade, De corumbá • 09h45
Teto de casarão no Porto Geral, em Corumbá, não resistiu à má conservação e foi abaixo no sábado à tarde, não houve feridos   Foto: Divulgação

A queda da estrutura de madeira de um prédio centenário do Porto Geral de Corumbá, na tarde de sábado, não causou vítimas (apenas danos materiais), porém, expôs uma situação que ocorre já há algum tempo: o abandono de casarões que compõem o conjunto arquitetônico tombado como patrimônio histórico nacional e a orla portuária, que deveria ser o cartão-postal da cidade.

A maioria dos prédios do Casário do Porto não tem manutenção, está em processo de deterioração estrutural e não há fiscalização dos órgãos competentes, como a prefeitura de Corumbá e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que tem sede no local.

O espaço público em frente ao imponente casário também sofre depredações e acumulo de lixo.

Cão sobrevivente

O desabamento do telhado do prédio situado na Rua Manoel Cavassa, nº 19, próximo à Alameda Cunha e Cruz (um dos acessos da parte alta da cidade ao Porto Geral), é um alerta para a gravidade da situação em que se encontra a área tombada, gerando reclamações de comerciantes e turistas.

As únicas edificações preservadas são as ocupadas por agências de turismo, pela Marinha e por uma organização não governamental (ONG).

O prédio em que ocorreu o sinistro, onde também já funcionou uma agência de turismo, era ocupado por uma família que mantinha no local um ateliê de costura.

No momento do desabamento não havia ninguém no seu interior, apenas um pequeno cachorro, que foi encontrado e resgatado com vida pelos bombeiros em meio aos escombros. 

As causas do desabamento ainda estão sendo investigadas pelo Corpo de Bombeiros e pela Defesa Civil Municipal, contudo, a precariedade da estrutura do teto deve ter provocado o incidente.

A fachada do prédio resistiu ao impacto e se manteve de pé, mas com rachaduras que podem comprometer sua estrutura. O imóvel será interditado e passará por avaliação técnica.

Risco iminente

O superintendente municipal de Proteção e Defesa Civil, Isaque do Nascimento, informou que um levantamento preliminar, realizado logo após o sinistro, constatou que o prédio não tem condições mínimas de ocupação por falta de segurança, agravada por ausência de manutenção ao longo dos anos. Constatou-se a fragilidade do teto e das demais instalações internas.

“Vamos verificar no aprofundamento desse levantamento quais eram as condições legais de funcionamento do ateliê montado no prédio. Uma questão é, sendo um comércio, se teria certificação de segurança para uso, que é dado pelo Corpo de Bombeiros”, explica o superintendente, adiantando que o termo de interdição do prédio deverá ser expedido hoje.

A vistoria realizada pela Defesa Civil Municipal, no sábado, confirmou a deterioração de vários prédios do conjunto arquitetônico tombado pelo Iphan em 1993.

Os imóveis situados ao lado do casarão cujo teto ruiu, todos fechados, também se encontram em risco iminente de desabamento por condições precárias, tanto pelo abandono quanto pela falta de manutenção.

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