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Mesmo com desafios climáticos, MS projeta nova supersafra de soja Estado deve colher 13,9 milhões de toneladas da oleaginosa no ciclo 2024/2025, alta de 13,2% em relação ao anterior 14 SET 2024 • POR Suzan Benites e Evelyn Thamaris • 09h00
Mesmo com desafios climáticos, MS projeta nova supersafra de soja   Gerson Oliveira

Mesmo diante de um cenário climático desafiador, Mato Grosso do Sul projeta mais uma supersafra de soja. Conforme dados divulgados nesta sexta-feira pela Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), a safra 2024/2025 terá um incremento de 13,2% na produção e poderá ser a segunda maior da história, com 13,9 milhões de toneladas. 

O plantio da soja estará liberado a partir do dia 16, e a Aprosoja-MS aponta que a área destinada ao cultivo da oleaginosa será de 4,5 milhões de hectares, aumento de 6,8% em comparação à safra de 2023/2024, quando foram destinados 4,2 milhões de hectares no Estado para o plantio. A produtividade estimada é de 51,7 sacas de soja por hectare, aumento de 5,9% em comparação ao ciclo anterior.

“Serão produzidos em Mato Grosso do Sul 13,9 milhões de toneladas de soja, um aumento de 13,2%. Na safra 2023/2024, foram produzidos 12,3 milhões de toneladas de soja. Teremos muitos desafios pela frente, entre eles, o clima e a organização financeira dos produtores rurais, que amargam perdas significativas das safras anteriores”, pondera o presidente da Aprosoja-MS, Jorge Michelc. 

O volume estimado só será menor que o da safra 2022/2023, quando Mato Grosso do Sul colheu 15 milhões de toneladas da oleaginosa. 

Apesar do cenário otimista, os técnicos da entidade apontam que os produtores rurais enfrentarão muitos desafios durante o ciclo. De acordo com o coordenador técnico da Aprosoja-MS, Gabriel Balta, as últimas duas safras foram desafiadoras para os produtores rurais em função das condições climáticas (precipitação e temperatura), que impactaram significativamente o potencial produtivo.

“O cultivo de soja e milho no estado de Mato Grosso do Sul está se tornando cada vez mais desafiador, e o cenário atual não é para amadores”.

O coordenador ainda explica que a média estimada pela Aprosoja-MS leva em conta a média dos últimos cinco anos, tanto em relação às altas quanto às baixas dos últimos ciclos, e que, estatisticamente, há a possibilidade de alcançar novamente uma supersafra. 

“Se a gente tiver um clima que contribua a partir de novembro, a gente acredita que dá para alcançar, sim, e até passar esses patamares [13,9 milhões de toneladas]. Porque a gente tem de acompanhar o dia a dia, o produtor tem de escalonar a sua safra, e assim é melhor a mitigação de erro dentro da plantação”, explica Balta.

CLIMA

Nas duas últimas safras, o plantio começou mais tarde por causa dos fatores climáticos. Cerca de 70% do plantio está concentrado entre 18 de outubro e 8 de novembro, segundo a média histórica.

Entre setembro e novembro, poderá haver aumento da temperatura do ar, portanto, o trimestre inicial da safra poderá ser mais quente que o normal em MS, com grandes chances de que o cenário se estenda para toda a safra.

A presença do fenômeno La Niña torna o volume de chuva incerto na Região Centro-Oeste do Brasil.

Atualmente, Mato Grosso do Sul está sob influência de um La Niña de intensidade fraca a moderada, em que o clima pode ser afetado por outros fenômenos, como frentes atmosféricas e ciclones tropicais.

O agrometeorologista da Embrapa Agropecuária Oeste, Danilton Flumignan, enfatiza que o clima não tem sido algo fácil de se prever. “A exemplo de 2024, um ano de El Niño, normal de ocorrer calor e chuvas. Ficamos só com o calor desta vez, bem acima do normal por sinal. Por outro lado, fomos castigados com seca, principalmente na safrinha”.

Flumignan reforça que o fenômeno La Niña costuma não preocupar durante a safra de verão. “Se em dezembro e janeiro chover bem distribuído, será sucesso, uma vez que a soja tolera bem os desaforos da fase inicial e consegue compensar isso se chover bem na fase reprodutiva, principalmente no início”, conclui.

PREÇOS

A safra de soja 2024/2025 promete ser uma safra positiva, se comparada à safra de 2023/2024. A demanda internacional deve permanecer em expansão e dependendo da oferta de grãos disponibilizada ao mercado internacional pelos principais países produtores, podendo impactar positivamente o preço da saca de soja. 

“Nas últimas safras, o preço médio ponderado da saca de soja apresentou uma tendência negativa, passando de R$ 168,34, em 2021/2022, para R$ 138,82, na safra 2022/2023, e R$117,14, na safra 2023/2024. A tendência agora é de que, na safra 2024/2025, os preços fiquem entre R$ 120 e R$ 130, caso as condições atuais do mercado internacional se mantenham, iniciando uma tendência de valorização do preço”, explica o analista de Economia da Aprosoja-MS, Mateus Fernandes.

Em relação ao custo de produção, houve uma redução de 3%, conforme a estimativa da associação. O custo total para o ciclo 2024/2025 foi estimado em R$ 5.987,24, o equivalente a 49,89 sacas por hectare, abaixo do valor estimado na safra anterior, de R$ 6.170,61.