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Motivo fútil teria iniciado briga de Jamilzinho em boate

Discussão em casa noturna que supostamente motivou o homicídio de Playboy da Mansão teve início após ele molhar a camisa de Name Filho

18 SET 2024 • POR Judson Marinho • 09h30
Jamil Name Filho durante seu depoimento nesta terça-feira, via chamada de vídeo; já que ele segue no Presídio Federal de Mossoró   Foto: Gerson Oliveira

Durante o interrogatório do réu Jamil Name Filho, o Jamilzinho, acusado de ser o mandante da execução de Marcel Colombo, o Playboy da Mansão, o motivo fútil do desentendimento dos dois foi explicado durante o julgamento.

Segundo a versão traçada por Jamilzinho sobre o ocorrido, o desentendimento dele com Colombo aconteceu em março de 2013.

Com a ideia de “aproveitar a vida” em uma noite em que a Valley Pub estava lotada, Jamilzinho, que estava solteiro, já que tinha separado de sua mulher em dezembro do ano anterior, foi com alguns amigos para a boate onde reservaram uma mesa em frente aos camarotes.

No local, o grupo consumiu energético, cerveja e whisky. Entre 2h e 2h30min, ele se recordou de ter visto Playboy da Mansão adentrar com um amigo no camarote que estava vazio.

“Eu não sabia quem era Marcel Colombo. Nada. E aí, doutor, de repente ele começou a mexer com o balde de gelo e jogar nas meninas”, disse Jamilzinho ao juiz que o interrogava, Aluízio Pereira dos Santos.
Jamilzinho completou dizendo que reparou algo diferente na atitude de Playboy da Mansão: “As meninas riam, eu notei que parecia que ele conhecia elas. Inclusive, até ofereci a ele se gostaria de alguma coisa. Ele falou: ‘Não, não’. Só que ele fazia uns gestos que pareciam que ele estava drogado, que estava possuído”.

O réu salientou que Playboy da Mansão pegou no balde de gelo que estava na mesa de Jamilzinho, pelo menos, em três momentos, até que, com o balanço do objeto, a água dentro do balde vazou e molhou a roupa de Name Filho. 

O réu afirmou que, em resposta, xingou Marcel, que revidou com um soco no nariz dele: “Só que o nariz é altamente vascularizado, e eu estava com uma camiseta branca, começou a sair sangue. Nisso, os seguranças da Valley entraram e tiraram ele e o outro rapaz que acompanhava ele”. 

O PEDIDO DE DESCULPAS

Conforme foi relatado pela testemunha de defesa de Jamil Name Filho, no primeiro dia de julgamento, meses após o desentendimento entre as partes, Colombo foi de encontro com Jamilzinho para pedir desculpas.

Jamilzinho descreveu que esse novo encontro entre os dois ocorreu por acaso no Café Mostarda, em torno de 60 a 70 dias após o episódio na
Valley Pub.

“Eu estava sentado, ele chegou e falou: ‘Jamil, sou o Marcel e queria ver contigo sobre aquele problema na Valley, eu não estava muito bem, não sabia quem era você’”, disse Jamilzinho.

Apesar de relatar o pedido de desculpas, Jamilzinho foi enfático em dizer que mesmo com essa atitude de Playboy da Mansão, não houve aperto de mão entre eles.

“Ele veio e não estendeu a mão hora nenhuma, entendeu? Ele só veio e falou que queria resolver e que não sabia que era eu, que ele estava alterado”, disse.

Por fim, Jamilzinho garantiu que a conversa teria sido encerrada e que teria dito: “Isso se encerra aqui” [com cada um seguindo seu caminho].

Além de Jamilzinho, também foram interrogados os réus Marcelo Rios (ex- guarda metropolitano), Everaldo Monteiro de Asis (Policial Federal) e Rafael Antunes Vieira (ex- guarda metropolitano).

NEGOU ENVOLVIMENTO

Os demais réus citados, assim como Jamilzinho, negaram qualquer envolvimento com o homicídio de Colombo.

Marcelo Rios, segundo as testemunhas da acusação (Jean Carlos e o delegado João Paulo Sartóri), teria falado em conversas informais com os policiais que atuaram na Operação Omertà que Jamilzinho tinha um desentendimento com Colombo. Ao juiz, desmentiu o depoimento das testemunhas.

Entretanto, não negou que conhecia Juanil Miranda Lima, acusado de ser o executor dos tiros que mataram Colombo, mas se limitou a dizer que Lima ofereceu R$ 2 mil para ele cuidar da casa onde foi encontrado o arsenal de armas pesadas – na deflagração da Operação Omertà. Ele assumiu também que sabia do envolvimento de Juanil com venda de armas. 

Rafael Antunes Vieira, acusado de ter ocultado a arma utilizada no crime, em seu interrogatório, também negou envolvimento no caso e questionou a autenticidade do bilhete escrito por um preso de Mossoró (RN), que, de acordo com a investigação, avisou que Jamilzinho e o seu pai falecido, Jamil Name, teriam citado as mortes de Playboy da Mansão.