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QUEIMADAS PF investiga incêndios criminosos e grilagem de terra no Pantanal Policiais federais cumpre sete mandados de busca e apreensão em Corumbá e Ladário 20 SET 2024 • POR Naiara Camargo • 08h25
Pantanal em chamas   DIVULGAÇÃO/PF-MS

Polícia Federal deflagrou, na manhã desta sexta-feira (20), a "Operação Prometeu", em Corumbá, município localizado a 416 quilômetros de Campo Grande.

A operação visa combater os crimes de incêndio, desmatamento e exploração ilegal no Pantanal.

Policiais federais cumprem sete mandados de busca e apreensão, expedidos pela Justiça Federal de Corumbá, em conjunto com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (IAGRO-MS).

De acordo com investigações realizadas em 2024, a área queimada é alvo de crimes ambientais e grilagem de terra há meses.

Criminosos incendiam campos com o intuito de abrir pastagens para criação de gado. A ocupação da área, de 6.419,72 hectares, é utilizada para exploração econômica ilegal de pecuária. Estima-se que existem, pelo menos, 2.100 cabeças de gado na área da União atualmente.

A exploração resultou em prejuízo de R$ 220 milhões ao meio ambiente, de acordo com perícia realizada pela PF.

Os investigados vão responder pelos crimes de provocar incêndio em mata ou floresta, desmatar e explorar economicamente área de domínio público, falsidade ideológica, grilagem de terras e associação criminosa.

A operação policial foi batizada com o nome Prometeu, pela histórica má utilização do fogo nas pastagens do Pantanal.

Prometeu faz a alusão ao personagem da mitologia grega que é visto como uma divindade que roubou o fogo dos deuses gregos e entregou à humanidade fazendo mau uso deste, e por isso foi castigado por Zeus.

Do alto, é possível ver gado pastando em terra grilada. Foto: divulgação/PF-MS

PANTANAL EM CHAMAS

Incêndios de grandes proporções atingem o Pantanal sul-mato-grossense desde 1º de junho de 2024. 

As queimadas transformaram cenários verdes e cheios de vida em paisagens cinzentas e mortes. O fogo destrói matas, áreas verdes, vegetações, florestas, biodiversidade e espécies nativas (fauna e flora) do Pantanal.

Dados do Laboratório de Aplicação de Satélites Ambientais (Lasa), do departamento de meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apontam que, de 1º de janeiro a 20 de setembro de 2024, 1.450.975 hectares foram devastados pelo fogo, equivalente a área de 14,89% do bioma.

Portanto, isto significa que o incêndio no primeiro semestre de 2024 é pior do que o do mesmo período de 2020.

Corpo de Bombeiros Militar (CBMMS), Polícia Militar Ambiental (PMA), Exército Brasileiro, Marinha do Brasil, Força Nacional, Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Homem Pantaneiro (IHP), SOS Pantanal e brigadas voluntárias tentam controlar o fogo no Pantanal Sul-mato-grossense.

Vez ou outra, chuvas e frio trazem alívio temporário para as queimadas.