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Destaque B+: Vitor Rocha reflete sobre cultura, memória e seu novo musical, Donatello

Premiado autor e ator fala sobre sua trajetória, múltiplas funções e o desafio de abordar o Alzheimer nos palcos.

21 SET 2024 • POR Flavia Viana • 17h30
Destaque B+: Vitor Rocha reflete sobre cultura, memória e seu novo musical, Donatello   Foto: Divulgação

O ator, autor e produtor Vitor Rocha, conhecido por valorizar culturas regionais em suas obras e abordar temas sensíveis e atemporais, continua a se destacar na cena artística brasileira.

Com apenas 29 anos, o artista já coleciona prêmios e vem tendo seu trabalho reconhecido tanto no teatro quanto em futuras adaptações para o audiovisual. Atualmente em cartaz com o musical “Donatello”, em São Paulo, Rocha equilibra a atuação com a composição e escrita de suas obras, revelando uma profunda dedicação ao ofício e ao impacto social de suas criações.

Para Vitor, ainda há muito a ser explorado e compreendido sobre as diferentes culturas brasileiras. "Nosso país é enorme e cada cultura é vasta na mesma proporção, daí a importância da pesquisa no nosso trabalho", comenta o artista, ressaltando que, embora algumas regiões e gêneros musicais sejam mais retratados, ainda existe uma necessidade de imersão mais profunda. Ele acredita que todas as culturas no Brasil merecem mais espaço nas narrativas artísticas.

O desafio de equilibrar suas funções como autor, compositor e ator é algo que Vitor encara com paixão. "Eu gosto muito de todas essas funções e só me sinto completo quando me divido entre todas elas", afirma. Ele credita o sucesso dessa jornada ao aprendizado de respeitar o tempo e o processo de cada função. "Aprendi a não querer resolver todas as angústias ou abraçar todas as ideias de uma vez", explica.

O reconhecimento de seu trabalho, através de prêmios e adaptações para diferentes mídias, é algo que Vitor encara com gratidão, mas também com um senso de responsabilidade. "É muito legal quando alguém valida o seu sonho, seu esforço. É revigorante! Mas a responsabilidade que isso traz é enorme", comenta, destacando a pressão que vem com o sucesso. Ainda assim, ele se mantém focado na criação, entendendo que o processo artístico é o mais importante.

Com uma trajetória já repleta de conquistas, Vitor reflete sobre sua carreira. "Sou muito grato e feliz pelos espaços que meu trabalho conseguiu alcançar em tão pouco tempo", diz. Ele considera significativo que a maior parte de seu trabalho tenha sido realizado de forma independente no teatro, o que, no contexto brasileiro, é uma grande conquista. Para o artista, o mais importante é o apoio do público, que acompanha seu crescimento artístico.

Destaque B+: Vitor Rocha reflete sobre cultura, memória e seu novo musical, Donatello - Divulgação

Atualmente, Vitor está focado em prolongar a trajetória de “Donatello”, seu musical mais recente, que está em cartaz no Teatro Commune, em São Paulo, até 10 de outubro. A peça, em sua segunda temporada, lança luz ao Setembro Lilás, mês dedicado à prevenção do Alzheimer, tema central da trama. Segundo o autor, a inspiração para a história veio de diversas fontes, como documentários sobre o funcionamento do cérebro e lembranças. "Foram inspirações que foram se somando e que, depois de eu ter experienciado algo mais íntimo e familiar acerca da memória, se ligaram num clique!", conta.

Embora Vitor não tenha uma relação pessoal direta com o Alzheimer, ele percebeu o aumento dos diagnósticos e quis abordar o tema. "Foi uma escolha trazer esse tema por perceber como ele tem se tornado cada vez mais presente em nossas vidas", explica. A história de Donatello faz um mergulho nas memórias e na vida do protagonista, tratando de questões como o impacto das relações humanas e a importância de se viver intensamente os pequenos momentos.

Estrear seu primeiro solo musical tem sido desafiador para o artista. "Tem me obrigado a ter muito mais disciplina comigo mesmo, estar mais concentrado do que nunca", revela. Vitor espera que Donatello não apenas encante o público, mas também inspire reflexões. "O que mais espero que as pessoas levem do teatro para casa é a beleza e a dimensão das pequenas coisas em nosso caminho", conclui, reforçando a importância de criar memórias a partir de momentos genuínos da vida.

Para o futuro, Vitor promete novidades tanto no teatro quanto no cinema, embora mantenha os detalhes em segredo. Por enquanto, ele segue focado em levar a história de Donatello a mais pessoas, acreditando que há muito a ser contado nessa narrativa emocionante sobre memória, amor e humanidade.