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ARTIGOS

Caminhos da vida

21 SET 2024 • POR Venildo Trevisan - Frei • 07h30
Caminhos da vida   Arquivo

Diz a sabedoria popular: “Quem não vive para servir não serve para viver”. Nessa maneira de interpretar, será necessária sensibilidade para descobrir o quanto de valor se revela na maneira de comunicar expressões que envolvam força da mente e sintonia com a realidade. Não pode simplesmente jogar palavras.

As palavras, dependendo do momento em que são proferidas, podem revelar conhecimento ou desconhecimento. 

Tudo depende do conteúdo cultivado e das oportunidades oferecidas para emitir opiniões a respeito de algo considerado de valor para o relacionamento. 

Antes de tudo, será preciso saber em que ambiente está, com quem se relaciona e sobre qual realidade analisa. Cada qual possivelmente poderá se manifestar com toda a liberdade. Sempre, porém, respeitando as demais opiniões.

Lembramos, com todo o respeito, a atitude do Mestre dos mestres quando, com seus discípulos, encontrava-se em peregrinação, tentando convencer tanto o povo quanto seus discípulos a respeito 
do Reino a ser implantado.

Enquanto andavam, o grupo, em vez de prestar atenção à proposta, falando baixinho, discutiam para o suposto novo Reino quem seria o administrador, quem assumiria os diversos e mais altos cargos. 

Não davam atenção àquilo que o Mestre tinha a propor. Olhavam e aguardavam o chamado no sentido de ocupar algum cargo privilegiado, bom salários e muitos privilégios. Esse desejo não combinava com o projeto do Mestre.

Não deixou por menos. Parou em um lugar, chamou seus discípulos e fez uma séria admoestação, mostrando claramente que o projeto dele seria totalmente o oposto de qualquer outro reino desse mundo. Mostrou que seria um reino, onde todo aquele que pensasse em ser grande, deveria assumir o cargo de ser o servo de todos. Quem desejasse possuir algo, deveria se fazer o menor, assumindo as tarefas mais humildes.

Esse será o Reino onde todos estariam em contínua atividade de servir, e não de ser servido: curar as feridas, sustentar os órfãos e as viúvas, consolar os que se encontram tristes, apaziguar a quem esteja ofendido. O grande milagre a ser celebrado diariamente será o de colocar seus bens e suas riquezas em comum, aos pés dos apóstolos. Esses distribuiriam segundo a necessidade de cada um. Assim acontecendo, ninguém passaria necessidade.

Talvez seja isso que esteja faltando em nossa sociedade, em nossas famílias e em nossas igrejas. Cada entidade, cada organização, encontra-se ocupada em seu desenvolvimento, em suas normas, e se esquecem – ou fazem questão de se isolar em seus interesses. E tudo o mais é deixado a sua própria sorte.

Mas ainda é tempo de rever a participação nessas realidades. Ainda é tempo de sair do próprio casulo e se colocar a serviço do bem, a serviço da honestidade, a serviço da justiça e a serviço da misericórdia.

Principalmente, fazer da presença nas organizações sociais e políticas de cunho beneficente a coragem e a semeadura da boa semente da caridade, do atendimento solidário. Não olhar a cor, a cultura nem a crença religiosa. Olhar a necessidade a que estejam esperançosas. São todos filhos e filhas de Deus.