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Agronegócio: solução para as mudanças climáticas

24 SET 2024 • POR Michel Constantino • 00h05
MIchel Constantino   Divulgação

O agronegócio desempenha um papel central na economia global, especialmente em um cenário de mudanças climáticas aceleradas e aumento dos preços dos alimentos. À medida que os eventos climáticos extremos se tornam mais frequentes e intensos, a agricultura, por ser altamente dependente das condições ambientais, enfrenta enormes desafios. Esses fenômenos estão comprometendo a produtividade, pressionando os preços e ampliando a vulnerabilidade alimentar em várias partes do mundo.

Ondas de calor, secas prolongadas, enchentes e outros eventos climáticos adversos afetam diretamente a produção agrícola. Culturas básicas como trigo, milho e soja, essenciais para a segurança alimentar global, estão entre as mais impactadas. Essas condições adversas têm forçado os agricultores a repensarem suas práticas de manejo, adotando tecnologias mais resilientes e eficientes para mitigar as perdas.

O uso de tecnologias como a agricultura de precisão, que emprega sensores, drones e análises de dados em tempo real, tem permitido uma gestão mais eficiente dos recursos hídricos e do solo. Contudo, essas soluções, muitas vezes com alto investimento de aquisição, ainda não estão amplamente acessíveis a pequenos produtores, que continuam mais expostos aos impactos das mudanças climáticas.

O impacto na economia: preços dos alimentos

Nos últimos anos, os preços globais dos alimentos têm subido de maneira significativa, impulsionados por uma combinação de fatores climáticos, geopolíticos e logísticos. A guerra na Ucrânia, um dos maiores exportadores de trigo do mundo, por exemplo, resultou em uma crise de abastecimento que reverberou nos mercados internacionais, pressionando ainda mais os custos alimentares.

Esses aumentos de preço afetam principalmente as populações mais vulneráveis, aumentando os níveis de insegurança alimentar e exacerbando desigualdades socioeconômicas. Para os produtores do agronegócio, no entanto, a alta dos preços pode ser uma oportunidade para ampliar os investimentos em tecnologias sustentáveis e expandir o uso de biotecnologia, com o desenvolvimento de culturas mais resistentes a condições climáticas extremas.

Lição econômica: menores ofertas de alimentos são inversamente proporcionais aos preços, aumentando para o consumidor final.

Lição geopolítica: guerras e conflitos aumentam os preços dos insumos, impactando no custo de produção e consequentemente nos preços finais.

Agronegócio e sustentabilidade:

O agronegócio brasileiro, um dos mais competitivos do mundo, tem um papel crucial na busca por soluções que ajudem a equilibrar a produção em larga escala com a sustentabilidade ambiental. O Brasil, sendo um dos maiores exportadores de commodities agrícolas, precisa liderar o desenvolvimento de práticas que aliem a alta produtividade à preservação dos recursos naturais, em especial no bioma amazônico, altamente sensível às mudanças climáticas.

Programas de incentivo à agricultura regenerativa e ao uso de sistemas integrados de lavoura-pecuária-floresta (ILPF) são estratégias promissoras que podem promover uma produção mais resiliente e sustentável. Esses sistemas contribuem para a recuperação de solos degradados, sequestram carbono da atmosfera e aumentam a biodiversidade.

A adaptação às mudanças climáticas e o enfrentamento dos altos preços dos alimentos são desafios que exigem uma ação coordenada entre governos, setor privado e a sociedade. Investimentos em inovação, pesquisa e políticas públicas voltadas para a sustentabilidade serão essenciais para garantir que o agronegócio continue a ser uma força vital na economia mundial, sem comprometer os recursos naturais e a segurança alimentar global.

Agronegócio brasileiro é o mais sustentável do mundo:

Neste contexto, o agronegócio não é apenas um setor que alimenta o mundo, mas também uma chave para a transformação necessária em direção a um futuro mais sustentável e resiliente.