Formar um paradigma é como construir uma jaula invisível, onde as barreiras não são físicas, mas psicológicas, e muitas vezes, imperceptíveis. A fábula dos Macacos e da Escada ilustra de maneira contundente como modelos mentais se estabelecem e perpetuam, mesmo quando as condições iniciais que os criaram já não existem mais.
Como líderes e gestores, é crucial que compreendamos esse fenômeno para evitar que práticas obsoletas continuem a guiar nossas decisões e as de nossas equipes. Eu, Dijan de Barros, vejo isso como um dos grandes desafios na liderança moderna.
A Fábula dos Macacos e da Escada é a seguinte:
Uma experiência científica colocou um grupo de cinco macacos numa jaula e, no meio dela, uma escada e lá em cima um cacho de bananas. Quando um macaco começava a subir na escada para pegar bananas, um jato de água fria era jogado nos que estavam no chão.
Foi então que, depois de certo tempo, quando algum macaco ia subir a escada, os outros o pegavam e batiam nele. Depois de algum tempo, apesar da tentação pelas bananas, nenhum macaco subia mais. É agora que começa o experimento. Os cientistas substituíram um dos macacos por um novo e a primeira atitude desse novo foi subir a escada.
Mas de pronto foi retirado pelos outros macacos, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não mais subia a escada. Fizeram então com um segundo macaco, que foi substituído e, ao tentar subir a escada, foi também surrado pelos demais, inclusive pelo novato que o antecedeu, com o mesmo entusiasmo dos outros.
Trocaram o terceiro e o quarto e o mesmo aconteceu. Até que trocaram todos os macacos e o comportamento deles se manteve o mesmo. Ninguém ousava subir a escada porque era surrado pelos demais, mesmo sem nunca ter tomado um banho de água fria.
Os paradigmas são frequentemente sustentados por tradições e crenças que, em algum momento, foram eficazes, mas que, com o passar do tempo, perdem sua relevância. No entanto, a resistência à mudança pode ser tão forte que, mesmo quando não há mais uma justificativa clara para certos comportamentos, eles continuam sendo seguidos.
Isso acontece em muitas organizações, onde a frase "sempre fizemos assim" se torna uma barreira à inovação e ao progresso. Como Peter Drucker, um dos grandes nomes da administração, afirmou: "A maior ameaça para o sucesso de amanhã é o sucesso de hoje". Para mim, essa citação reflete a importância de não nos acomodarmos com os resultados passados.
Essa história dos macacos nos leva a refletir sobre a importância de questionar o status quo.
Como líderes, nossa responsabilidade não é apenas seguir tradições, mas sim desafiá-las quando necessário. Precisamos criar um ambiente onde a inovação seja incentivada, onde novas ideias possam florescer sem medo de represálias.
Isso exige coragem para quebrar os ciclos viciosos que perpetuam práticas ultrapassadas. Um exemplo claro disso é o conceito de "destruição criativa", popularizado pelo economista Joseph Schumpeter.
Ele argumenta que, para que haja inovação e crescimento, é necessário que certos paradigmas sejam destruídos, mesmo que temporariamente causem desconforto. Em uma empresa, isso pode significar abandonar um produto ou serviço que outrora foi o carro-chefe, mas que já não atende às demandas do mercado atual.
Além disso, técnicas comportamentais, como a Análise Transacional de Eric Berne, nos ensinam a identificar e modificar comportamentos autossabotadores dentro de uma organização. Ao entender os jogos psicológicos que ocorrem em nossas equipes, podemos trabalhar para desmantelar padrões que limitam o potencial de nossos colaboradores.
Assim como os macacos na fábula, muitos de nós somos vítimas de paradigmas que não fazem mais sentido, mas que continuamos a seguir por inércia. Como líderes, é nosso dever identificar esses padrões e trabalhar ativamente para substituí-los por práticas que realmente promovam o crescimento e o sucesso da organização.
Devemos lembrar, como bem disse Albert Einstein, que "insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes". Portanto, se quisermos resultados diferentes e melhores, precisamos estar dispostos a subir a escada, mesmo que isso signifique enfrentar a resistência inicial.
O verdadeiro progresso acontece quando temos a coragem de desafiar os paradigmas e criar novos caminhos para o futuro. E é com essa mentalidade que eu, Dijan de Barros, encorajo todos os líderes a buscar o
novo e a promover a mudança em suas organizações.