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"Lula está acima do bem e do mal", afirma José Serra "Lula está acima do bem e do mal", afirma José Serra 14 MAI 2010 • POR • 07h24

RECIFE

José Serra, pré-candidato do PSDB à Presidência da República, manteve a posição de evitar críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista a uma rádio de Recife ontem. Serra pediu que os jornalistas evitem fazer comparações entre ele e o presidente. “O Lula está acima do bem e do mal. Não me compare a ele”, declarou.
Serra disse que a máquina pública está sendo loteada de forma “exacerbada”, mas apressou-se em eximir o presidente de responsabilidade. “O Lula às vezes tem a posição correta, mas não consegue acionar a solução, não é culpa dele, é o sistema que está aí”, opinou.

“De esquerda”
O tucano definiu-se como um político de esquerda por posicionar-se contra o patamar da taxa de juros. Serra ressaltou que a definição de direita esquerda no Brasil, hoje, é difícil. “A definição de esquerda e direita, no mundo de hoje, é mais difícil de enquadrar. Do ponto de vista convencional eu sou um homem de esquerda, eu acho que isso diz tudo. Você dá ênfase na indústria, no emprego, na agricultura, de repente você é considerado de esquerda”, disse.
Provocado sobre o apoio que recebeu de partidos tidos como de direita, como o DEM, Serra acabou criticando a gestão petista. “Veja também o outro lado”, disse, em referência ao arco de alianças que dá sustentação ao governo Lula. “Eu não faço troca-troca [de cargos]. Nunca fiz, o pessoal nem vinha propor”, completou.
Serra também vem batendo na taxa de juros e chegou a dizer nesta semana que o Banco Central, responsável pela definição da taxa, não é a Santa Sé, questionando a autonomia informal da instituição. “Se você acha a taxa de juros muito alta, você é considerado de esquerda. E tem gente que rapidamente passa a defender juro alto e se diz de esquerda”, comentou.
Na quarta-feira, Lula, que é considerado de esquerda por setores da sociedade, afirmou que o juro pode voltar a subir, se necessário, mesmo durante o período eleitoral.

Popularidade
Serra tentou se vincular ao Nordeste, falando sobre suas origens no bairro da Mooca, em São Paulo. “Lá era o berço da industrialização, o primeiro lugar onde os nordestinos chegavam”, contou. “Eu vim para Recife pela primeira vez em 1963, com 21 anos, a convite de Miguel Arraes”.
Questionado sobre o que pretende fazer para superar a popularidade do presidente Lula em Pernambuco, Serra parafraseou seu próprio slogan de campanha, “O Brasil pode mais”. “A popularidade do Lula aqui é merecida. Mas ele não é candidato”, afirmou, sem mencionar a candidata do presidente, a ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff (PT). “O Brasil tem que olhar para o futuro. Pernambuco pode muito mais. Eu vou tocar tudo isso [obras pendentes]”, garantiu.
O presidenciável defendeu a criação, em todo o País, de estabelecimentos públicos para a realização de exames e agendamento de consultas sob administração de organizações sociais. “O governo federal tem de criar junto com estados e municípios”, afirmou.
O pré-candidato tucano disse ainda que dará continuidade às obras de transposição do Rio São Francisco caso seja eleito. “Eu vou fazer a transposição com a revitalização do rio”, prometeu.