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JOGOS ELETRÔNICOS

Grupo de rap indígena, Brô MC's emplaca a faixa "Jaraha", em parceria com Alok

Formado por jovens da Aldeia Jaguapiru, de Dourados (MS), grupo de rap indígena emplaca a faixa "Jaraha", parceria com Alok, na nova versão do Fifa, principal game de futebol virtual do mundo

1 OUT 2024 • POR Da Redação • 10h00
"Terras de origem que vamos retomar": em "Jaraha", o Brô MC's mostra que a luta continua, seja nos palcos, no Enem ou nos games   Foto: Divulgação

O grupo de rap indígena Brô MC’s, formado por jovens da Aldeia Jaguapiru, de Dourados (MS), segue rompendo barreiras culturais e sociais. Agora, uma de suas canções faz parte da trilha sonora oficial do jogo “EA Sports FC 25”, um dos games de futebol mais populares do mundo, conhecido pela maioria dos aficionados em jogos eletrônicos como Fifa. 

Trata-se da faixa “Jaraha”. Criado em parceria com o DJ Alok, o tema carrega influências da cultura guarani-kaiowá, mesclando batidas eletrônicas com elementos tradicionais indígenas.

O lançamento mundial do jogo foi realizado na sexta-feira (27), e, ao lado do Brô MC’s, artistas de renome internacional integram o repertório da trilha sonora do game, a exemplo de Billie Eilish, Coldplay, Jack White e J Balvin. Os brasileiros Vintage Culture, com a música “Weak”, e Nonô, com a canção “Vem!”, também fazem parte da trilha. Ao todo, 117 músicas de artistas de 27 países vão animar as partidas de futebol do “EA Sports FC 25”.

A música “Jaraha” expõe a triste realidade dos povos indígenas de Mato Grosso do Sul no passado e no presente e clama para que o canto de batalha pela retomada do tekohá seja ouvido. O termo tekohá faz referência ao lugar físico e sagrado de origem e pertencimento, onde os indígenas podem viver do jeito guarani de ser. Essa é a primeira vez que músicos de Mato Grosso do Sul estão na trilha sonora do famoso game.

CONQUISTA GLOBAL

A faixa está no álbum “The Future Is Ancestral”, de Alok, que o DJ lançou em 19 de abril deste ano – Dia dos Povos Indígenas. Desde sua formação, em 2009, o Brô MC’s tem usado o rap como ferramenta de resistência e ativismo, abordando temas como a preservação da cultura indígena, o combate ao preconceito e a luta por direitos das populações originárias.

Na condição de integrantes do grupo de rap indígena mais antigo do Brasil, Clemerson Batista, Bruno VN, Kelvin Mbaretê e Charlie Peixoto encontram no estilo um espaço para divulgar as lutas e as vivências dos povos indígenas, ao mesmo tempo em que reafirmam sua identidade cultural. A participação em um jogo com visibilidade internacional amplia ainda mais o alcance da mensagem que o Brô MC’s tem transmitido ao longo dos anos.

“A música é uma forma de comunicar ao mundo que os povos indígenas são contemporâneos, estão presentes na sociedade atual e têm muito a contribuir”, destaca Clemerson. “A inclusão em ‘EA Sports FC 25’ não é apenas uma conquista musical, mas também cultural, levando as questões indígenas brasileiras para uma audiência global”, completa o músico.

O grupo Brô MC’s já conquistou espaços importantes, tendo se apresentado em eventos nacionais e internacionais, a exemplo do Rock in Rio, e foi mencionado em questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). 

Suas músicas, muitas vezes compostas em guarani e em português, dialogam com a juventude indígena e urbana, ressaltando a força e a vitalidade das culturas originárias. Com a faixa “Jaraha”, eles seguem impactando novos públicos e reafirmando seu papel como pioneiros no cenário do rap indígena brasileiro.

“Desde que a trilha sonora foi introduzida pela primeira vez na edição do jogo de 1997, ela se tornou um momento cultural no calendário musical e uma plataforma para muitos artistas emergentes cujas carreiras decolaram após a participação na playlist”, escreve a produção do Brô MC’s em comunicado oficial. A banda BaianaSystem, de Salvador (BA), é um dos nomes que foi catapultado ao estrelato graças ao Fifa.

A trilha sonora do jogo “EA Sports FC 25” reflete a diversidade global da música. E a participação dos Brô MC’s reforça a importância da representatividade indígena no cenário artístico. “Essa nova etapa na trajetória do grupo é um testemunho do poder transformador da música, unindo o local e o global e ampliando as vozes indígenas em uma das plataformas de entretenimento mais populares do mundo”, diz o comunicado.

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