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CAMPO GRANDE Sobe para 11 número de adolescentes vítimas do 'pai de santo' Robson Faciroli foi preso em flagrante em 30 de agosto, com a Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente pedindo agora que possíveis vítimas e seus responsáveis busquem acolhimento junto à Depca 3 OUT 2024 • POR Leo Ribeiro e Alanis Netto • 12h30
Delegacia busca novas vítimas para que Robson tenha uma "condenação exemplar", diz delegada.   João Gabriel Vilalba/Correio do Estado

Em desdobramento do caso envolvendo prisão de Robson Faciroli, no último 30 de agosto, pela Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) a Polícia Civil busca agora localizar novas vítimas do dito “pai de santo”, sendo que pelo menos 11 adolescentes foram identificados até o momento. 

Informações da Depca repassadas em coletiva na manhã de hoje (03), indicam que cinco dos alvos do pai de santo já foram qualificados e outras seis estão nesse processo, com mais vítimas sendo indicadas pelos próprios adolescentes que se apresentam junto à Delegacia para denunciarem os atos criminosos de Robson. 

“O principal é que as vítimas nos procurem pessoalmente, para passarem por depoimento especial e que a gente possa também providenciar o acolhimento”, expõe a delegada adjunta da Depca, Nelly Gomes dos Santos Macedo. 

Como bem esclarece a delegada, os alvos do “pai de santo”, que possuem faixa etária entre 13 e 17 anos, trazem em comum o padrão da vulnerabilidade social e, com isso, acabavam sendo aliciadas por Robson, que se apresentava para as famílias desses adolescentes como uma “salvação”. 

“O que levantamos até agora é que os pais não tinham conhecimento do que acontecia, porque esses adolescentes tinham medo de contar, e os pais… eles achavam que realmente esse homem estava ajudando. Até pela posição de líder religioso, eles acreditavam que era um bom homem que estaria ajudando os filhos”, cita Nelly. 

Perfil do acusado

Com uma personalidade descrita como violenta, Robson no início se apresentava, segundo as delegadas, com uma convivência harmoniosa. 

Suspeito de 44 anos, o indivíduo se apresenta socialmente como pai de santo, sendo possuidor de um terreiro de candomblé em Campo Grande, que fica no bairro Taquarussu. 

Essa figura de boa pessoa, depois, era substituída depois para um perfil subjugador para com os adolescentes, tanto física como psicologicamente, ameaçando tanto as vítimas e até mesmo alguns familiares. 

"Ele tem várias passagens por crimes violentos, inclusive ele já respondeu por um homicídio e usava disso para coagir as vítimas e dizer que elas não seriam acreditadas caso nos procurasse [Depca]... que ele era um homem violento e que ele faria alguma represália contra as vítimas ou família", complementa a delegada. 

Sendo 11 vítimas até agora identificadas, com os alvos do aliciador sendo tanto meninos como meninas, a polícia pede que familiares que tiveram contato; deixaram os filhos morar ou frequentar o local, que procurem a polícia e denunciem os atos praticados por Robson. 

“Para que a gente possa providenciar tanto o acolhimento e a melhor maneira de conduzir a vida desses adolescentes a partir de agora, porque eles foram sujeitos a todo tipo de violência física, sexual, moral, e também para que a gente possa conseguir uma pena exemplar para esse homem”, afirma a delegada. 

Dos crimes

Robson foi preso em pelo crime de fornecer bebida alcoólica aos adolescentes; confirmado também a oferta de cocaína para os menores de idade; por maus-tratos contra o adolescente denunciante, além de estupro de vulnerável praticado contra o outro, impossibilitado de oferecer resistência.

Além do depoimento da vítima, que passou a madrugada de domingo, junto de outros dois adolescentes, sendo alvo de violências, as situações do local, como restos de bebida espalhados; manchas de sangue pela casa, que ainda por cima tinha cômodos revirados, corroboram para o flagrante. 

Esse jovem de 16 anos foi encontrado desmaiado no chão da casa, com manchas de sangue próximo e marcas de violência, com machucados na região do rosto e lesões espalhadas pelo corpo. 

"Essas vítimas também indicaram que há ainda outras, mas às vezes elas não conseguem dizer nomes, não dão um endereço ou algo, então nós estamos tentando localizá-las. Agora elas podem confiar no trabalho da Depca, em todos os policiais que aqui estão e que nós vamos providenciar que aqui haja uma condenação exemplar", conclui a delegada.

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