O dólar fechou próximo à estabilidade nesta quinta-feira (10), com leve queda de 0,03%, a R$ 5,584, com investidores repercutindo dados mistos sobre a economia dos Estados Unidos.
O dia foi de alta volatilidade para a moeda americana. Na máxima da sessão, chegou a R$ 5,604 e, na mínima, R$ 5,566.
Já a Bolsa brasileira fechou em alta de 0,30%, aos 130.352 pontos, com força dos papéis da Petrobras.
Principal dado da semana, a inflação americana medida pelo CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês) avançou 0,2% no mês passado, depois de subir na mesma intensidade em agosto.
Nos 12 meses até setembro, o índice acumulou ganhos de 2,4%, leitura mais baixa desde fevereiro de 2021 e na esteira do avanço de 2,5% de agosto. A expectativa de economistas era de alta de 0,1% na base mensal e 2,3% na anual.
O dado indica uma aceleração inesperada nos preços ao consumidor. Da ponta do mercado de trabalho, no entanto, os pedidos de auxílio-desemprego subiram para 258 mil na semana encerrada em 5 de outubro, ante 225 mil na semana anterior. A expectativa era por 230 mil.
Os números de inflação e de emprego têm sido monitorados de perto pelos investidores, que buscam pistas sobre as próximas decisões de juros do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA).
No encontro de setembro, a autarquia iniciou o aguardado ciclo de cortes, tendo como justificativa a gradual convergência da inflação à meta de 2% e a desaceleração dos níveis de emprego. A redução -a primeira em quatro anos- foi de 0,50 ponto percentual, levando a taxa à banda de 4,75% e 5%.
Os dados desta quinta renovaram preocupações com o esfriamento do mercado de trabalho, mas também indicaram que a batalha contra a inflação não está totalmente ganha.
Com isso, o mercado consolidou apostas de que o ritmo dos próximos cortes será mais moderado. "Os números de emprego e inflação mais fortes reforçam o cenário de 0,25 ponto percentual de corte na decisão de novembro", afirma Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas.
Na ferramenta CME FedWatch, a probabilidade de um corte de 0,25 ponto reunia 82,2% dos operadores, enquanto a de manutenção da taxa no atual patamar tinha os 17,8% restantes.
Quanto menores os juros nos Estados Unidos, pior para o dólar, que se torna menos atraente conforme os rendimentos dos títulos ligados ao Tesouro norte-americano, os treasuries, caem. A perspectiva de cortes mais graduais, porém, tem favorecido a moeda em relação às outras divisas, sobretudo o real, que acumula perdas de mais de 2,50% desde o início de outubro.
Para a divisa brasileira, outro fator também entra na conta: a trajetória da taxa básica de juros do país, a Selic.
Aqui, o movimento tem sido o oposto do adotado pelos Estados Unidos. Na reunião de setembro, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) reiniciou o ciclo de apertos na Selic com uma alta de 0,25 ponto percentual, levando-a a 10,75% ao ano.
O comitê deixou os próximos passos em aberto, mas afirmou que as decisões estarão à mercê dos dados econômicos, sobretudo os de inflação.
Na quarta, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) acelerou a 0,44% em setembro, depois de apresentar leve queda (deflação) de 0,02% em agosto.
O resultado veio abaixo das expectativas de analistas consultados pela Bloomberg, que previam alta de 0,46%. Mas, na base anual, a inflação alcançou 4,42% -próximo ao teto da meta de inflação perseguida pelo BC, cujo centro é de 3%. A tolerância é de 1,5 ponto percentual para menos ou para mais, e a Selic é o principal instrumento do BC para controle de preços.
que dentro da banda, o dado indica que a inflação está desancorada do centro da meta. Em declarações recentes, dirigentes do Copom afirmaram que o foco das decisões continuará sendo a perseguição do alvo de 3%, e não das margens de tolerância.
Neste cenário, a expectativa dos investidores é que a Selic suba em 0,50 ponto na próxima reunião de política monetária, marcada para novembro.
"A inflação ainda está desconfortável, transitando em um patamar ao redor de 4,5%, e isso deve continuar mantendo a expectativa de que o BC possa acelerar o ritmo de aperto no próximo encontro", diz Camila Abdelmalack, economista chefe da Veedha Investimentos.
A perspectiva de uma Selic mais alta fez os juros futuros dispararem na véspera, em movimento que continuou de forma mais moderada nesta sessão. O contrato para janeiro de 2026 subiu 0,66%, prevendo a taxa em 12,58%. O de janeiro de 2027 avançou 0,84%, a 12,69%, e o de 2028 teve ganhos de 0,66%, a 12,68%.
*Informações da Folhapress